Tornou-se norma: cada vez que são divulgados dados estatísticos sobre a actividade/inactividade económica em Portugal, estamos condenados a ouvir/ler/ver o espectáculo indecoroso de uma colectânea de despautérios provenientes das diferentes formações políticas, Governo e Oposições.
A semana que agora termina terá sido das mais férteis nesta matéria:
- Desde as histriónicas declarações do PM, já devidamente assinaladas na muito bem elaborada exegese de Pinho Cardão;
- Às obtusas considerações de um porta-voz da maioria que não se percebe porque motivo é escalado para tão humilhante tarefa;
- Até ao exuberante cortejo de mal-dizer dos vários – todos - representantes altamente qualificados dos Partidos com assento parlamentar, cada qual levando ao limite da sua imaginação o uso de palavras diferentes para dizerem todos a mesma coisa.
Estavam em causa:
- O magnífico crescimento de 1,9% do PIB (ninguém na Oposição se lembrou de referir como variou o PNB, curiosamente…), que ainda nem é dado final, estando sujeito a correcções;
- E a subida para uns, descida para outros, da taxa de desemprego em 2008, celebrada pelo Governo como sinal positivo (com 8% estamos acima da EU e da Zona Euro, pelo menos neste indicador, nem tudo é mau…) e desancada por outros, os da Oposição, acusando o Governo por não fazer mais…certamente acham que ainda é pouco…
Ninguém se lembrou – provavelmente estariam exaustos, depois do esforço oratório da véspera – de comentar a subida da inflação hoje divulgada, que em Janeiro atingiu 2,9%, valor totalmente incompreensível face aos prometidos, garantidos e inexoráveis 2,1% para o registo de 2008.
Mas seria importante que suas Excelências se pronunciassem sobre esta pungente novidade das estatísticas nacionais, até porque se atrevem a por em causa um objectivo que adquiriu contornos dogmáticos, para nossa felicidade colectiva.
É bem provável que os aparelhos de medida dos preços tenham de ser substituídos face a este inaceitável desvio da mais sã ortodoxia anti-inflacionista assumida em Portugal.
Mas talvez até seja melhor não dizerem mais nada…o Coro dos Disparates de ontem já foi suficiente!
Caro Dr. Tavares Moreira, isto não são mais do que sucessivos elementos que nos servem para comprovar que vivemos num manicómio à escala de um país. Tanto do lado do governo como das oposições cada vez mais me parece que se vive numa esquizofrenia total em que os protagonistas criam uma realidade artificial, vivem nela e não conseguem, de forma alguma, sair dessa espiral.
ResponderEliminarE, claro, quando se apercebem, naqueles raros momentos de lucidez, que afinal a realidade real não corresponde à realidade ilusória em que vivem, nada mais fácil do que forçar a realidade real a adaptar-se. Como? Por decreto, evidentemente!
Muito bem observado, caro Zuricher!
ResponderEliminarMais que um manicómio, como diz o Zuricher, isto parece a aldeia dos macacos. Só que em vez de amendoins, atiram-lhes percentagens. Estará por explicar porque é que os macacos desatam todos aos berros quando vêm os amendoins, provavelmente nem lhes vão tocar, mas fartam-se de berrar.
ResponderEliminarTem graça a observação, Tonibler, os políticos da nossa praça entram em quase histeria quando lhes atiram percentagens/dados económicos...
ResponderEliminarSerá que Pavlov, com sua teoria do reflexo condicionado, consegue explicar este fenómeno de histeria colectiva?
E o problema é que temos de os aturar, com ou sem Pavlov...
Enfim...
ResponderEliminarNem sei que dizer... Ocorre-me apenas uma sugestão?
Porque não sugerimos à bet and win que comece a introduzir um novo jogo. eu vez de estar em causa o resultado de um jogo de futebol, apostar a percentagem do crescimento do PIb, desemprego, ...
Se a Bwin não aceitar a minha oferta, vendo a patente ao 4R. hehe
Caro André, a ideia até me parece boa, mas sugiro que este jogo seja organizado pela Santa Casa da Misericordia da Póvoa de Varzim, atento o extraordinário potencial que apresenta e os méritos da Instituição em causa!
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