quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Reacções “Stilnóxicas”

Dormir é uma das maiores necessidades dos seres humanos. Sabemos as consequências de uma noite mal dormida e, se somos confrontados, no dia seguinte, com tarefas importantes, então, o caso é muito sério. Que o digam os desportistas ou os estudantes nas vésperas de uma competição ou de um exame.
Existem várias técnicas para os que têm dificuldades em adormecer, o copinho de leite morno, a clássica contagem dos cordeirinhos, as técnicas de relaxamento e muitas outras prescritas por psicólogos, além dos pesos-pesados que são o uso de ansiolíticos e de hipnóticos. Quanto aos últimos a sua eficácia está devidamente comprovada e podem ser muito úteis, embora, em muitas circunstâncias, possam estar na origem de abusos e provocar dependência.
Quem diria que um sedativo amplamente conhecido, denominado Stilnox, é muito procurado pelas reacções secundárias que produz. De facto, misturado com efedrina, um estimulante, e “snifado” provoca efeitos estimulantes. Foram jovens norte-americanos que fizeram esta descoberta, “pifando” os comprimidos aos papás.
Muitos desportistas têm vindo a utilizá-lo na forma “recreativa”, se assim lhe podemos chamar, fazendo os possíveis para não adormecer nos primeiros vinte minutos. Depois é uma sucessão de acontecimentos dos quais não se recordam no dia seguinte, porque provoca amnésia anterógrada. O efeito sonambulismo está presente de tal forma, que muitos dos que abusam do Stilnox têm reacções das mais esquisitas desde urinar em táxis, defecar nos halls dos hotéis, andarem a fazer equilíbrio na varandas, ou seja, são capazes das acções mais mirabolantes ao ponto de alguém já as ter classificado como reacções “stilnóxicas”!
Parece que o protagonista de Brokebac Mountain tinha, aquando do seu falecimento, no seu quarto, uma embalagem deste medicamento.
Seja como for, os efeitos secundários, que provocam excitação e euforia, em contraste com a acção principal que é combater a insónia, começam a preocupar as autoridades de saúde e os responsáveis desportistas. Só não se sei é se não deveriam, também, preocupar os responsáveis políticos, até, porque, ultimamente, alguns deles têm vindo a revelar certas atitudes que poderíamos designar de “stilnóxicas-like”. As infelizes declarações sobre o caso Maddie, as denúncias tonitruantes sobre a praga da corrupção em Portugal, que nem daqui a vinte ou a trinta anos estará resolvido, ou melhor em diminuição, já que sendo um fenómeno cultural resiste, infelizmente, à merecida “pancadaria”, as mudanças de decisões do tipo “Ota aqui”, “Ota ali”, as mudanças da letra da ópera do referendo, “Referendo cá! Referendo lá”, os projectos assinados pelo PM, quando jovem, em noites de insónias (só podia ser) ou as assinaturas ministeriais dos despachos numa noite eufórica, poderiam ser enquadrados num eventual efeito tipo “stilnóxico”. Convém recordar que quem estiver sujeito à acção deste produto não deverá ser interrompido nas sete horas seguintes, caso contrário podem manifestar reacções disparatadas das quais não se vão lembrar em seguida.
Declaração de interesses: Não tomei Stilnox quando escrevi este texto. Ou será que tomei?! Tanto faz, como tanto fez, num Portugal tão disparatado o que é conta mais um disparate? Nada…

3 comentários:

  1. Diz o pobõe... "Num ha male que sempre dure, nem bem que num acabe"
    Nas sete horas seguintes à toma?
    Foi isso que escreveu, não é verdade, caro Professor MC?
    Pois vamos lá ver se a "rapaziada" quebra esse período de quarentena, senão, lá vamos assistir às manchetes... ministro "apanhado" a defecar no hall do Meridien, ou então, ministro agredido por taxixta, com uma chave inglesa, por estar a urinar no banco de trás.
    ;)))

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  2. Caro Professor Massano Cardoso:
    Tenho a certeza que não tomou "stilnox". Mas às vezes, face a esta praga de tolos que parece ter invadido este Pais, melhor seria que o tomássemos consecutivamente, para não nos lembrarmos das tolices destes "carentes" de protagonismo televisivo...

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  3. Isso dos efeitos stilnóxicos pode explicar muita coisa, há alturas em que parece uma epidemia contagiosa!

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