sexta-feira, 14 de março de 2008

A educação nacional!...

Brilhante e lapidar o texto de Francisco José Viegas em A Origem das Espécies, intitulado A guerra das escolas.
"...avaliem o trabalho do Ministério nos últimos vinte anos...dos verdadeiros donos do ME, uma classe de experimentalistas que elaboraram programas, preâmbulos a programas, ordens burocráticas e documentos sobre procedimentos burocráticos, escalas de reuniões e curricula absurdos (e que, inclusive, autorizou curricula ainda mais absurdos para valorização «profissional» de professores hábeis, muito hábeis), ausência de razoabilidade em processos disciplinares, reformas e contra-reformas curriculares ao sabor de pantomineirices (como a TLEBS, a imbecilização no ensino da Matemática, da História e da Ciência) que favoreceram a falta de cultura científica e de hábitos de trabalho dos estudantes. Esses são os verdadeiros responsáveis. .."
"...Coisas simples: o que defende o ME sobre a utilização de calculadoras no ensino básico?; o que diz o ME sobre o programa de ensino de Português?; por que razão entrega de mão beijada o ensino da Literatura e da Filosofia?..."
Lapidar!...

8 comentários:

  1. Caro Dr. Pinho Cardão
    Está de parabéns Francisco José Viegas Pela excelente visão expressa no "ponto de situação".
    Há muito que nos questionamos sobre as coisas básicas do nosso sistema de ensino, essenciais na formação das crianças e jovens. É o caso por exemplo do ensino da matemática. Continuamos a ter um desempenho péssimo na matemática. Não somos capazes de ganhar o gosto dos alunos pela matemática. A matemática não é apenas para matemáticos. Assim como o português, a matemática é essencial para a vida. Continua a ser um quebra-cabeças. Não há estatísticas que melhorem.
    Seria normal que o ministério da educação se preocupasse com este flagelo e investisse numa reforma do ensino da matemática atendendo às elevadas taxas de insucesso escolar neste domínio e, mais do que isso, à impreparação para a vida que daí decorre.
    Francisco José Viegas pergunta bem: "o que defende o ME sobre a utilização de calculadoras no ensino básico?"
    Ora aqui está a resposta deixada num post que aqui escrevi em Outubro de 2007 e que ilustra bem o nível de preocupações que paira nas cabeças dos “verdadeiros donos do ME":

    “O Ministério da Educação colocou em consulta pública, que entretanto terminou, um documento para Reajustamento do Programa de Matemática do Ensino Básico. Este documento suscitou várias críticas, designadamente da Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM), entidade que para espanto meu não foi consultada na elaboração do documento.
    De entre as críticas apontadas, retive a questão, justamente, do uso das calculadoras matemáticas. Com efeito, especialistas apontam que o uso da calculadora nos primeiros anos de escolaridade "ameaça a destreza mental e a capacidade de cálculo dos alunos".
    Muitos países acabaram por abandonar o uso da calculadora logo na primária porque descobriram que as crianças deixaram de ter a percepção dos números, deixaram de pensar numericamente, deixaram de assimilar o básico – adição, subtracção, multiplicação e divisão.
    A SPM "tem defendido que a calculadora pode e deve desempenhar algum papel no ensino, embora apenas muito ocasionalmente nos primeiros anos do Ensino Básico. E tem sublinhado que a calculadora não deve estar à disposição do aluno para seu uso indiscriminado. Ela pode ter um papel quando o professor assim o entender. Mas é importantíssimo sublinhar que enquanto se está a aprender a tabuada e as operações elementares o recurso à calculadora deve ser impedido".
    Ora, o documento do Ministério da Educação para o reajustamento do programa da disciplina da matemática estipula que "ao longo de todos os ciclos, os alunos devem usar calculadoras e computadores na realização de cálculos, na representação de informação e na representação de objectivos geométricos". A calculadora matemática continua, pois, assim parece, a desempenhar um papel central na aprendizagem da matemática, apesar dos especialistas alertarem para os efeitos perversos.
    Fico sem saber o que leva o Ministério da Educação a persistir nesta via?"

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  2. Todos concordamos na negativa, de que o ministério da Educação é um entrave ao desenvolvimento. Aquilo em que não se encontra um consenso é na positiva, naquilo que se deve fazer para ultrapassar.

    Mesmo que se consultassem os professores sobre qualquer mudança ou alteração, haveriam 150 mil opiniões diferentes e 149 999 protestantes à alteração que resultasse da opinião de um.
    Na minha modestíssima opinião, os professores seriam os últimos a quem se perguntaria o que quer que seja. Afinal, o ministério da Educação é uma carrada de professores que conseguiram fugir da escola, já se experimentou de tudo e o facto é que os professores falharam globalmente em TODAS as alternativas experimentadas (em média foram mal sucedidos). Não vamos agora fingir que os professores não são parte do problema que começa em nós, eleitores, e na nossa enorme capacidade de só escolher porcaria.

    Há objectivos, há escolas, há dinheiro. Isso é o que nós temos. Pois peguemos nos objectivos, no dinheiro e nas escolas, mandemos o ME às urtigas e deixemos que cada escola faça o que entende melhor para atingir os objectivos e paguemos pelos atingidos. Se quiserem charmar ME a quem paga às escolas, porreiro.

    Aquilo que é manifestamente errado é termos professores, chefes do professores, professores chefes, professores que se queixam, professores que não se queixam, quadros de professores, professores de quadros e não termos educação.

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  3. Enquanto Pai de uma filha de 17 anos com resultados medíocres em Matemática, este é, realmente, um problema preocupante. Tal como li num prefácio escrito por Huxley, "rebolar na lama não será o melhor processo de nos lavarmos", e por isso continuo a questionar acerca das soluções. Será que o remédio passa pela utilização de explicadores? Não é justo ter generalizada uma solução que deveria ser excepcional. Mas é o que acontece em demasiada quantidade. Outra questão que me aflige é a da aversão à leitura. A leitura simples, que apaixonava mais a minha geração que a actual. E que, sem dor, nos permitia aperfeiçoar o discurso, conceptualizar as ideias, usar de alguma fluência. Ainda hoje me delicio ao ouvir um discurso fluente, nesta bela língua que é a nossa.
    Que fazer? Receio que de conflito em conflito tudo acabe na mesma, isto é, pior.

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  4. Caro Pinho Cardão,

    Francisco José Viegas tem razão, tem até muitíssima razão, com a vantagem de dizer o que muita gente anda a dizer há muito tempo.

    O que Francisco Viegas não diz é que os professores nunca fizeram manifestações públicas contra o irracionalismo das directivas que lhe chegavam,

    salvo quando

    lhes disseram que as promoções automáticas iam acabar e, a partir de agora, havia avaliação de desempenho sujeito a quotas.

    Meu caro Pinho Cardão: Andamos sempre a queixar-nos, e com razão, que o país não anda porque não há reformas estruturais.

    Mal ou bem, elas têm aparecido, e logo aparecem todos os partidos da oposição a bater. Claro, que a partir daí, o governo que não quer perder as próximas eleições, vai- se ficando, em muitos casos pelas semi-reformas.

    Esta da educação é paradigmática: a generalidade está de acordo que haja avaliação
    mas (muito gostamos nós do mas!)
    não pode ser assim, e/ou,
    sobretudo não pode ser tão à pressa.

    Já agora, ouvi esta manhã na rádio, uma manifestante pública dizer, com grande contentamento, que "a greve de hoje está a ser uma boa greve, e os doentes vão certamente ver que assim é".

    Um primo meu, veio do centro do país para Lisboa anteontem para ser internado no Curry Cabral, tinha hoje um exame a realizar, preparatório de uma intervenção que tem de ser realizada com urgência. Está neste momento no combóio, de volta a casa, porque não havia técnico para realizar o exame e não sabe quando pode agora ser operado.

    Por causa de uma greve em nome de quê? De um conjunto de regras que pretendem equiparar a função pública aos utentes da segurança social privada e as formas de avaliação do seu desempenho ao que se passa na generalidade das empresas.

    Que faz a oposição mais representativa? Muda de cor.

    Não há pachorra.

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  5. Caro Rui:
    Pois que faz a Oposição?
    Muda de cor, pois claro!...
    Estou contigo: não há pachorra!...
    Por mim, ainda não percebi o que querem os professores, não percebi o que querem os funcionários públicos, não percebi se o governo suspende, adia ou anula,não percebi o que quer a Oposição...isto é, não percebo nada.
    Há uns tempos, o PS opunha-se a todas as medidas do governo PSD/PP; se as tivesse apoiado tinha agora a vida facilitada. Agora, o PSD contraria todas as medidas do governo. Também não se lembra de que muitas dessas medidas lhe facilitavam a vida, quando voltar a ser governo.
    Não há mesmo pachorra!...

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  6. http://rd3.videos.sapo.pt/play?file=http://rd3.videos.sapo.pt/9diMHEOSHnkLa1ztrDBg/mov/1

    É para rir, embora o tema seja trágico.
    :-)

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  7. o título do video:

    Cursos para todos. ("Gandas Oportunidades")

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  8. O Tonibler é um espanto!!! Deve ser igual ao "bretão".

    Vê-se bem que é defensor do ensino privado.

    No Ensino Público há, de facto, muitas categorias de professores. Não são é todos, nem sequer a maioria, tão "burros" como o senhor pensa.

    Nem todos os Professores pertencem ao Bloco Central que governa o nosso País há 30 anos.

    Eu até gostava que as Escolas entrassem em autogestão, que os Professores perdessem o medo, recuperassem a auto-estima que lhes roubaram e mostrassem quem percebe de Educação.

    Fui Professora muitos anos e não reconheço a pessoas como o senhor o direito de insultar os Professores.

    Só concordo com a sua parte final:

    o problema "começa em nós, eleitores, e na nossa enorme capacidade de só escolher porcaria."

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