O Primeiro-Ministro José Sócrates, anunciou hoje, no Parlamento, no debate quinzenal, dedicado ao tema das políticas de saúde, uma redução em 50% do valor de todas as taxas moderadoras na saúde para os utentes com mais de 65 anos.
Acontece que, segundo o mesmo Primeiro-Ministro, mais de 80% destes utentes já se encontram isentos… Portanto, José Sócrates foi anunciar, com pompa e circunstância, uma medida que incidirá sobre menos de 20% dos idosos de Portugal… aqueles que menos precisam (e que por isso não estão isentos)!... O que será isto senão propaganda no seu máximo – mas pior – esplendor?!...
Mas há mais: de acordo com José Sócrates, esta medida "de elementar justiça" só agora pôde ser anunciada em virtude da "boa gestão financeira do Serviço Nacional de Saúde" e porque o actual Governo conseguiu vencer a crise orçamental e reduziu o défice para menos de 3% do PIB.
Questionado sobre quanto custará ao erário público esta medida, o Primeiro-Ministro respondeu: cerca de 5 milhões de euros.
Ora, o leitor sabe a que percentagem da despesa no Serviço Nacional de Saúde, na despesa pública e no PIB corresponde 5 milhões de euros? Não? Pois aqui vai: corresponde a 0.07%, a 0.006% e a 0.003%!!! Ui, mas que grande impacto que esta medida terá no défice, não é?!... E claro, só porque o défice foi reduzido para menos de 3% do PIB é que o anúncio pôde ser feito!...
Ouve-se, lê-se, e nem se acredita.
E por isso, para evitar comentários adicionais e não utilizar termos mais fortes (mas talvez mais adequados…) na caracterização desta encenação, convido o leitor do Quarta República a fazê-lo…
Aposto que vão gastar 50 milhões de euros na certificação da isenção de 50% que vale 5 milhões.
ResponderEliminarEle é um must a "baralhar"! E vejam... até sabia que eram 5M!
ResponderEliminarGostei principalmente quando o Sr. Sousa na sua habitual boa educação disse a outro deputado para não se excitar.
ResponderEliminarSerá que alguém estaria a pôr a mão no bolso?
É que o Pinóquio é especialista em ir ao bolso do povo.
Logo...
Tiago Soares Carneiro
http://democraciaemportugal.blogspot.com
Desculpem lá qualquer coisinha, mas tudo o que seja não dar dinheiro ao Estado é bom!...
ResponderEliminarA explicação utilizada é que pode ser convincente ou não. Não foi.
Mas entre um fim bom e uma explicação má, prefiro o primeiro!...
Muito bem metida...
ResponderEliminar:)))))))))
-Subscrevo ali o dr Pinho Cardão, e acrescento, as taxas moderadoras não deveriam pura e simplesmente existir, porque já financiamos de forma diferenciada o SNS, proporcional ao nivel de rendimentos de cada cidadão, para um serviço que diz a constituição, "é tendencialmente gratuito". Em qualquer caso não defendo um SNS gratuito, mas isso é outra questão, a manter o que existe, se taxam de forma diferenciada os financiadores, ou seja nós, não faz sentido algum diferenciar na prestação, salvo eventualmente moderar algo, por exemplo o acesso á urgência.
ResponderEliminarEu só pasmo como é que, com as baboseiras todas que este engenheiro sintético debita na A.R.ele não é completa e imediatamente arrasado por aqueles senhores que para lá mandámos, quando foi das últimas eleições! Estão todos a dormir? Todos???
ResponderEliminarÉ propaganda, é verdade, mas a mensagem passou como "grande conquista"! Quem não acompanhou o debate e apenas ouviu os "flashes" das rádios ficou com a nítida sensação de que, mais uma vez, o Eng. ganhou em toda a linha...
ResponderEliminarCaro Dr. Miguel Frasquilho: ou a oposição começa a repensar seriamente a sua estratégia e métodos de comunicação, ou o Eng. passeará a sobranceria que o caracteriza mias uma legislatura!
Caro Miguel Frasquilho,
ResponderEliminarNa linha de alguns comentários.
Os portugueses são inteligentes e percebem esta permanente preocupação em liderar e controlar a passagem de mensagens supostamente virtuosas para a opinião pública.
É pouco!!
Mas com Santana Lopes…..
Pois eu penso que o excesso do governo colocado na promoção de uma medida com impacto social reduzido é equivalente ao excesso com que o líder da bancada do PSD
ResponderEliminarcontestou a medida. Equivalente ainda à cena das amêndoas do presidente do PP.
Porque ninguém saiu das guerras do alecrim e propôs a discussão de causas mais ambiciosas.
Não, caro deputado Miguel Frasquilho, não se engane. Não é por este andar que os portugueses poderão ver no PSD uma alternativa de governo.
Enquanto se entretiver ou nos quiser entreter com discussões de trocos.
Cá vai. Nas próximas eleições, ou vai branco ou em nenhum dos partidos com assento parlamentar. Abstenção, nunca. PS, "jamais", "jamais". E quem não consegue desmontar quinzenalmente as patetices que este primeiro ministro e os seus acólitos vão polvilhando, não vai merecer o voto do povo! Porque se resignam à sua sorte e não correspondem ao que o povo exige que façam. Oposição.
ResponderEliminarAcho que realmente se estão a esquecer do fundamental: o SNS deveria ser gratuito e não há razão para se pagar duas vezes, através dos impostos e depois das taxas moderadoras, um serviço como este.
ResponderEliminarNeste momento posso deixar-vos o meu testemunho, de alguem que está a estudar em Londres há 8 meses depois de trabalhar 5 anos em Portugal. Mete impressão a eficiência do sistema em termos de marcações e disponibilidade das pessoas. Várias vezes recorri aos serviços tanto do meu centro de saúde como de um serviço de urgências (virtude de me ter magoado no joelho a praticar desporto). Nunca, mas nunca paguei e toda a gente está interessada em me proporcionar um serviço de qualidade. É verdade que os custos, para o erário publico, foram enormes nos ultimos 5 anos mas ao menos as coisas funcionam. Curiosamente os ingleses têm, estranhamente, o mesmo hábito de dizer mal de tudo.
Vamos tentar mudar alguma coisa em Portugal e vamos deixar a politiquice mesquinha. Apresentam soluções, não discussões.
obrigado
Miguel, discordo frontalmente do título. 3 anos depois, DÁ PARA ACREDITAR!
ResponderEliminarDr. Frasquilho
ResponderEliminarEntre nada e alguma coisa eu prefiro a segunda hipótese. Atreva-se o seu grupo parlamentar a dar sugestões que ofusquem completamente o que o Sr. chama de propaganda.
Sr. quintad'arnes,
ResponderEliminarEntre nada ou asneira. Nada! Fazer por fazer não leva a lado nenhum. E se quiser tenho muito gosto em avivar-lhe a memória:
1- Que é feito das promessas de investimento público de empresas estrangeiras que iam gerar enorme crescimento da economia portuguesa e criar postos de trabalhos? Lembra-se daquelas duas frenéticas semanas em que Portugal bateu o recorde de "promessas" de investimento. Onde estão elas?
2- O Primeiro- Ministro anunciou a segunda etapa do choque tecnológico. Não se importa de me explicar qual foi a primeira?
Se quiser mais exemplos terei todo gosto em avivar-lhe a memória.
Dr. Miguel Frasquilho,
Quanto ao problema da saúde antevejo a mesma resolução que a da Segurança Social. Quando os custos se tornarem incorporáveis, entrar-se-á finalmente para um sistema misto.
Vai desculpar-me, mas não dá para acreditar é no nível do debate parlamentar (perto de zero), no sentido crítico das elites (que vai do bajulatório ao encomiástico) e na qualidade da Imprensa (rasteirinha).
ResponderEliminarAssim, nem é preciso fazer propaganda!