1. Há cerca de 5 meses, o Gov/BP, em intervenção pública na Associação Comercial de Lisboa, lançou uma onda de tranquilidade sobre o “mercado” dos “opinion-makers” em Portugal quando previu (i) que a subida dos preços no consumidor a que se estava a assistir, na Europa e cá no burgo era um fenómeno muito passageiro e (ii) consequentemente, que estava excluído um cenário de subida de taxas de juro em 2008.
Os Media, com destaque para os mais laboriosos, anunciaram aos 4 ventos a boa nova, incensando, como é seu hábito, aquelas sábias previsões....
Até chegaram a dar como certa uma descida das taxas do BCE no corrente mês...que não aconteceu!
Aqui fizemos referência, mais do que uma vez, a tais previsões, sobre elas emitindo sérias dúvidas.
2. Ontem, 16 de Abril, os mesmos Media anunciavam que os juros do crédito bancário continuam a subir, tanto para os particulares como para as empresas...e que o cenário é de subida, pelo menos quanto se pode prever nesta altura...
As taxas Euribor atingem máximos de Dezembro de 2007, quando a “velhinha” crise do “subprime” estava no auge.
3. No mesmo dia caiu a notícia de que a inflação (homóloga) atingiu 3,6% na zona Euro, em Março, prosseguindo uma trajectória ininterrupta de alta que vem do 3º Trimestre de 2007...atingindo valores “record” de há mais de 10 anos...e não serão de admirar novas subidas face à continuada pressão sobre os preços dos combustíveis e dos bens alimentares (neste último caso, em quase toda a fileira) de uma procura em contínuo crescimento e da prodigiosa política de subsidiação dos biocombustíveis...
4. A já “velhinha” crise do sub-prime vai entretanto fazendo o seu trabalho, tornando mais difícil o acesso dos bancos a fontes de financiamento alternativas – leia-se a securitização das carteiras de crédito - com isso forçando a subida dos juros activos e passivos.
5. Da festejada proibição legal do arredondamento das taxas de juro do crédito à habitação - que foi motivo de enorme emoção há alguns meses, mesmo para alguns habitualmente esclarecidos Comentadores do 4R – já ninguém se recorda e é bom nem dela falar!
6. Admirados pelo crédito mais caro? Quem nos obrigou a acreditar em contos de fadas?
Mas estes estimadíssimos Media vão continuar a acreditar, basta que apareçam novas edições desses contos...revistas e melhoradas...
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ResponderEliminarCaro Paulo,
ResponderEliminarConfesso que não sei, meu Caro...para além de não saber, faz parte do código de conduta deste Blog não emitir opinião sobre investimentos, especialmente sobre valores cotados em bolsa...a não ser para fazer humor se for oportuno por exemplo recomendar ao Pinho Cardão que esta será uma boa ocasião para comprar acções da SAD do SLB!
-Mas agora iremos ter os prazos alargados para a compra de habitação. Conhecendo o mercado imobiliário, os portugueses e os bancos, o resultado será, o preço das casas sobe um pouco, os consumidores optam por comprar uma "casinha um pouco melhor", pois ficam a pagar o mesmo, talvez até um pouco menos, os bancos facilitarão novamente o crédito, pois abrem-se enormes facilidades diante dos "gestores de conta", face aos novos cálculos que certamente já estarão a ser feitos, em matéria de taxa de esforço dos clientes. Claro está que capital em dívida ou possibilidade de nova subida nos juros, serão variáveis fora da equação. Apostam?
ResponderEliminarPERGUNTA PERTINENTE:
ResponderEliminarA propósito do alargamento do prazo para pagar a compra de uma habitação, para quando a possibilidade de transitar os empréstimos dos pais (quando estes baterem a bota) para os filhos? Mmmm?
Se se herdam dívidas, porque não herdar empréstimos? Mmmm?
Era giro.
e o aumento para 50 anos, no crédito, parece-me mais um presente envenenado.
ResponderEliminarestaremos sepultados e ainda a pagar o crédito para a habitação.
neste contexto, talvez seja melhor, incluir a aquisição do jazigo, aquando da assinatura do contrato hipotecário.
Dr. TM, sorry the off-topic, mas o assunto merece-o. Ver aqui:
http://www.naoasportagensnasscuts.com/
os meus cumprimentos.
esqueci-me de dizer:
ResponderEliminaré que Portugal é não só Lisboa, embora às vezes pareça.
E eu sou da Lisboa Metroplitana.
:-)
Caro Tavares Moreira,
ResponderEliminarNão era minha intenção quebrar qualquer código de conduta, aqui ficam as minhas desculpas.
Tenho uma dúvida que ando para pôr aos economistas do 4R. Queria ler um bom livro de economia. Folheei o Samuelson, mas pensava que ia ter uma bela dose de equações e gráficos, confesso que me desapontou tanta verborreia. É inevitável? ou haverá algum livro mais interessante?
Cumprimentos,
Paulo
A mim faz-me uma certa confusão esta fúria de calculos de juros dos media. Se sobe é porque sobe e ai jesus que um crédito à habitação de 100 mil euros vai pagar mais x, se desce é a incentivo ao consumo ai jesus que a poupança está a baixar, a inflação vai subir e ninguém controla o crédito fácil.
ResponderEliminarProblemático é o caso das empresas que deixaram de ter acesso ao crédito. Esse é problemático. Agora que os spread subam uns bps é peanuts, porque os juros caiem nos preços e os preços na inflação (noutros países menos desenvolvidos) e vai dar tudo ao mesmo.
Afinal subiu o quê?
Crédito a 50 anos!!
ResponderEliminarLá estamos nós a empurrar o assunto com a barriga
O seguro de vida aos 80 anos deve ser bonito
E depois são os bancos os culpados.
Caros Comentadores,
ResponderEliminarMal este post foi editado, um novo Conto de Fadas ecoava pelos nossos media: a história do prazo de 50 anos para os empréstimos à habitação (bonificados)!!!
Respondendo às questões por vários levantadas, duas breves nótulas sobre esta história dos 50 anos:
1ª)Quanto à vacuidade da medida. Trata-se, segundo a notícia reza, dos empréstimos BONIFICADOS pelo Tesouro.
Ora estes empréstimos terminaram em 2002, por iniciativa política de Manuela Ferreira Leite (mais do que justificada, refira-se), tendo essa decisão poupado ao Orçamento do Estado, ao longo dos 5 anos que já se seguiram, algumas centenas de milhões de Euros em encargos, através da rubrica "Subsídios" do Orçamento corrente.
Portanto o saldo dos empréstimos bonificados começou a baixar em 2003, encontrando-se em redução progressiva até à sua extinção dentro de alguns anos - agora mais alguns, para quem conseguir acordar com o banco o alongamento do prazo.
A medida tem, pois, um alcance limitadíssimo, é de um vazio assinalável, é essencialmente "fogo de vista"!
2ª) Do ponto de vista da política económica, a medida é profundamente errada, pois convida a uma atitude laxista perante um dos mais graves problemas da nossa sociedade, o sobreendividamento.
"Não se preocupem com o vosso endividamento! Até se podem endividar mais, deixem as dívidas para os vossos filhos e netos" - é esta a brilhante mensagem que a medida encerra...
E quanto poderá valer daqui a 44 anos uma casa adquirida há meia duzia de anos? E como vão ser financiadas as inevitáveis obras de melhoramento/renovação/recuperação que uma habitação carece ao longo de tanto tempo?
Essas questões são menores, não interessam, interessa apenas alimentar hábitos mais laxistas, oferecendo-se a noção de que, por mais endividados que estejamos, aparecerá sempre uma medida a empurrar o problema para diante...na esperança de que aparecerá alguém, num futuro distante, para resolver os problemas que se forem acumulando...
Perante este triste cenário, mais uma vez os media se mostram deslumbrados com a novidade! Que havemos de fazer?
Antes de mais aproveito, na qualidade de simples comentador, de referir ao senhor Paulo que vinha um artigo na economist desta semana, na qual entrevistaram várias pessoas especializadas em private banking, era consensual a ideia de que é cedo de+ para comprar. Quanto a livros de economia aconselho um pouco ao lado, economist e financial times.
ResponderEliminarCaro Tavares Moreira,
Penso ser no mínimo patético o clima de confiança que se vive em Portugal. Desde Agosto, altura em que rebentou a crise do subprime, era geral o clima de grande desconfiança e mal-estar. Era certo que viriam tempos difíceis, com repercussões sérios na economia mundial. Mas Portugal não. Decidiu ter uma atitude autista. Não reviu as previsões económicas em baixa, teimou num futuro risonho e reforçou a ideia de que a inflação alta jamais atingiria Portugal. O resultado está À vista. O custo de vida tem vindo a aumentar, a OCDE adverte, o FMI berra, mas Sócrates confia alegremente nas previsões utópicas do BdeP.
Assim sendo, vamos ver como acaba esta sopa do Cozinheiro-Chefe. A ver vamos, a quem calha a Pedra.
Saudações Republicanas
Caro Paulo,
ResponderEliminarMil desculpas, não respondi ainda à sua questão...continuo a pensar que Economics de Samuelson é uma obra fundamental para introdução à economia - esse ramo do saber que em Portugal é torturado diariamente.
É natural que numa obra de introdução a parte de texto seja dominante...é preciso explicar e desenvolver os conceitos básicos e isso não se faz só com f´rmulas matemáticas ou com gráficos...
Em plano mais doméstico, se conseguir encontrar na Universidede Nova as lições de Economia do saudoso Professor Alfredo de Sousa, recomendo vivamente.
Caro André,
ResponderEliminarMais uma magnífica prosa de comentário a creditar ao meu Amigo!
Quanto a saber a quem vai "sair" a pedra, permita-me que discorde...a pedra já saiu, é um montão delas, caem-nos na cabeça todos os dias sob a forma de aumentos de preços, se agravamento da carga tributária...pelo andar da carruagem, estes "cavalheiros" só se darão por satisfeitos quando a classe média voltar à condição de proletariado!
Já faltou mais, o ritmo de aumento da concentração do rendimento nacional é avassalador!
E assim seremos primeiro nos rankings de plutonomia!
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ResponderEliminarExactamente, André!
ResponderEliminarÉ hoje já visível - só não se apercebe quem tem uma noção literária do comportamento da economia o que sucede aliás com a generalidade dos comentadores de serviço - que as medidas de contenção da procura deixaram de produzir efeito...
O fosso entre a produção e a despesa está a alargar-se, apesar das tão apregoadas medidas de contenção...
A explicação só pode estar no comportamento típico de plutonomia: castigam-se os pobres mas o efeito desse castigo sobre a procura é despiciendo...o aumento das despesas dos cidadãos de (muito) mais altos rendimentos mais do que compensa esse castigo implacável dos mais pobres...
E chama-se a isto socialismo...meu Deus!!!
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ResponderEliminarMagnífica sugestão, Paulo, constato que meu Amigo acompanha o progresso deste País com grande atenção e entusiasmo, tal como nós...nesta janela do 4R...
ResponderEliminarTambém se poderá sugerir, para as próximas campanhas de publicidade das instituições de crédito, ideias do tipo "Aproveite os momentos felizes da vida - esqueça suas dívidas,morra tranquilo, trataremos disso com seus filhos e netos".
Permita-me uma sugestão: leia Samuelson com muita, mas muita atenção...volte atrás quantas vezes forem necessárias, até entrar bem nos conceitos...verá que, a partir de certa altura, começará a entender tudo muito bem...
Caro Paulo,
ResponderEliminarVinha do grandioso estádio do dragão e apercebi-em que o país está numa crise de confiança que nem Sócrates consegue recuperar. Se uma pessoa for do Benfica e do PSD que vontade tem de lutar neste momento? hehehe
Os empréstimos habitaç\ao a 50 anos não me preocupam. O que me preocupa a sério, é os empréstimos a 5 e 10 anos para pagar carros de alta cilindrada e férias. Isso sim, é um caso grave. Um imóvel não desvaloriza tanto como esse tipo de bens.
Saudaçoes Republicanas
Caro Paulo,
ResponderEliminarVinha do grandioso estádio do dragão e apercebi-em que o país está numa crise de confiança que nem Sócrates consegue recuperar. Se uma pessoa for do Benfica e do PSD que vontade tem de lutar neste momento? hehehe
Os empréstimos habitaç\ao a 50 anos não me preocupam. O que me preocupa a sério, é os empréstimos a 5 e 10 anos para pagar carros de alta cilindrada e férias. Isso sim, é um caso grave. Um imóvel não desvaloriza tanto como esse tipo de bens.
Saudaçoes Republicanas