Todos os anos, no decurso de uma das disciplinas de que estou encarregado, ministro alguns conceitos de investigação comunitária. Por este motivo tenho que focar alguns aspectos relacionados com a ética e com os códigos de conduta, entretanto aprovados, e que orientam as nossas actividades científicas. Utilizo vários exemplos e descrevo a importância do Código de Nuremberga, fruto de um dos julgamentos, o dos médicos nazis.
Sempre me fascinou, pela negativa, os procedimentos praticados por médicos durante aquele período. Tenho lido, bastante, confesso, sobre esta matéria. Não só por curiosidade, mas, sobretudo por tentar compreender as razões subjacentes a crimes hediondos praticados por seres humanos, entre os quais se destacam médicos que, por definição, deveriam ser o garante da vida e da dignidade humanas. Falo das experiências nazis, e dos seus intérpretes, de uma forma detalhada, aparentemente excessiva, mas não me canso, ao ponto de chegar a descrever os nomes e as punições a que foram sujeitos. Pens que faço bem. Recentemente, adquiri mais um livro, “Os médicos malditos” de Christian Bernadac. O livro foi escrito em 1967 e tem a seguinte dedicatória: “Este livro é dedicado a meu pai, Robert Bernadac que conheceu o inferno da deportação sem nunca me ensinar o ódio”. No prefácio, o autor explica o porquê desta obra. Diz o autor que “O tempo apaga o passado com um tal rigor que muitos se perguntarão mesmo se esses horríveis crimes, que vêm sendo minuciosamente descritos há mais de vinte anos, foram na verdade cometidos...”. uma frase de Bernadac explicou a razão da minha posição quanto à atenção “excessiva” que dou a este tema e legitimou-a: “Em princípios de 1967 conheci mais de cinquenta estudantes da Faculdade de Medicina de Paris e fiquei surpreendido por constatar que não conheciam as experiências levadas a cabo nos campos de concentração e que cerca de metade deles admitia, “dentro de certas condições”, as experiências em seres humanos. Outros consideravam mesmo as “experiências obrigatórias” uma vez que podiam levar à cura de milhares de pessoas”. Esta foi a razão desta obra. Li esta parte aos alunos e aconselhei-os a lerem com muita atenção o mesmo. Quarenta anos depois, o efeito do apagamento da memória é ainda mais acentuado e bastante perigoso.
Recordei-me deste assunto ao ler que Aribert Heim, um médico maldito, está prestes a ser capturado, aos 94 anos de idade. Fiquei surpreendido, porque julgava que tinha sido detido há três anos na Costa Brava. Afinal conseguiu escapar novamente. Um criminoso que fez coisas impensáveis. Estabelecia com um cronómetro o tempo que demoravam a morrer centenas de prisioneiros nos quais injectava no coração vários líquidos, incluindo gasolina, fenol e água com diferentes tipos de venenos. Praticava amputações sem anestesia para saber o nível de dor que um ser humano podia resistir antes de morrer. Removia órgãos em doentes conscientes, como foi o caso da ablação do fígado, do baço e dos intestinos. Chegou a decapitar, depois de ter castrado e feito a ablação dos rins, um jovem de 18 anos, utilizando a caveira como pisa-papéis na sua secretária. Muito mais fez este criminoso que documentava por escrito tudo o que fazia.
Está no Chile. É imperioso que seja julgado e condenado, nem que viva uma hora após o mesmo. Há quem argumente que é uma pessoa de idade avançada, mas a idade não pode ser tomada em linha de conta. A idade não pode legitimar crimes contra a humanidade. É preciso não esquecer. Maldito médico...
Sempre me fascinou, pela negativa, os procedimentos praticados por médicos durante aquele período. Tenho lido, bastante, confesso, sobre esta matéria. Não só por curiosidade, mas, sobretudo por tentar compreender as razões subjacentes a crimes hediondos praticados por seres humanos, entre os quais se destacam médicos que, por definição, deveriam ser o garante da vida e da dignidade humanas. Falo das experiências nazis, e dos seus intérpretes, de uma forma detalhada, aparentemente excessiva, mas não me canso, ao ponto de chegar a descrever os nomes e as punições a que foram sujeitos. Pens que faço bem. Recentemente, adquiri mais um livro, “Os médicos malditos” de Christian Bernadac. O livro foi escrito em 1967 e tem a seguinte dedicatória: “Este livro é dedicado a meu pai, Robert Bernadac que conheceu o inferno da deportação sem nunca me ensinar o ódio”. No prefácio, o autor explica o porquê desta obra. Diz o autor que “O tempo apaga o passado com um tal rigor que muitos se perguntarão mesmo se esses horríveis crimes, que vêm sendo minuciosamente descritos há mais de vinte anos, foram na verdade cometidos...”. uma frase de Bernadac explicou a razão da minha posição quanto à atenção “excessiva” que dou a este tema e legitimou-a: “Em princípios de 1967 conheci mais de cinquenta estudantes da Faculdade de Medicina de Paris e fiquei surpreendido por constatar que não conheciam as experiências levadas a cabo nos campos de concentração e que cerca de metade deles admitia, “dentro de certas condições”, as experiências em seres humanos. Outros consideravam mesmo as “experiências obrigatórias” uma vez que podiam levar à cura de milhares de pessoas”. Esta foi a razão desta obra. Li esta parte aos alunos e aconselhei-os a lerem com muita atenção o mesmo. Quarenta anos depois, o efeito do apagamento da memória é ainda mais acentuado e bastante perigoso.
Recordei-me deste assunto ao ler que Aribert Heim, um médico maldito, está prestes a ser capturado, aos 94 anos de idade. Fiquei surpreendido, porque julgava que tinha sido detido há três anos na Costa Brava. Afinal conseguiu escapar novamente. Um criminoso que fez coisas impensáveis. Estabelecia com um cronómetro o tempo que demoravam a morrer centenas de prisioneiros nos quais injectava no coração vários líquidos, incluindo gasolina, fenol e água com diferentes tipos de venenos. Praticava amputações sem anestesia para saber o nível de dor que um ser humano podia resistir antes de morrer. Removia órgãos em doentes conscientes, como foi o caso da ablação do fígado, do baço e dos intestinos. Chegou a decapitar, depois de ter castrado e feito a ablação dos rins, um jovem de 18 anos, utilizando a caveira como pisa-papéis na sua secretária. Muito mais fez este criminoso que documentava por escrito tudo o que fazia.
Está no Chile. É imperioso que seja julgado e condenado, nem que viva uma hora após o mesmo. Há quem argumente que é uma pessoa de idade avançada, mas a idade não pode ser tomada em linha de conta. A idade não pode legitimar crimes contra a humanidade. É preciso não esquecer. Maldito médico...
É um carniceiro, dos mais monstruosos...
ResponderEliminarÉ sem dúvida o livro mais repugnante que já li, mas ao mesmo tempo um relato dos horrores que um povo passou aos mãos de um lunático, ou vários lunáticos... Infelizmente "perdeu-se" na mudança de casa, gostava de o adquirir, alguém sabe informar onde? em papel ou online? Obrigado
ResponderEliminarLuisa