Li hoje o relato de uma drama vivido por um controlador aéreo português e um piloto solitário que acabou por sucumbir no oceano Atlântico. A última hora e meia de vida de um amante da poesia que sabia não poder chegar a terra. Ambos sabiam o que ia acontecer. O português conseguiu, naquelas dramáticas circunstâncias, encetar um diálogo. Um diálogo de poesia, já que era também poeta e recitou poemas de autores portugueses e da sua própria autoria. O piloto levava como companhia um livro de poemas. Uma hora e meia de poesia.
Vou guardar o relato do açoriano que tem vivido um pesadelo. Ivo, de sua graça, desabafa à jornalista que: “Acho que não voltarei a falar sobre isto. Quando recordo o sucedido dou comigo numa espécie de labirinto do qual não consigo sair”. A jornalista encerra a história afirmando: “Quer libertar-se da voz que o acompanha. Quer deixar morrer a história de morte que lhe marca a vida”.
Vou guardar o relato do açoriano que tem vivido um pesadelo. Ivo, de sua graça, desabafa à jornalista que: “Acho que não voltarei a falar sobre isto. Quando recordo o sucedido dou comigo numa espécie de labirinto do qual não consigo sair”. A jornalista encerra a história afirmando: “Quer libertar-se da voz que o acompanha. Quer deixar morrer a história de morte que lhe marca a vida”.
Teixeira de Pascoaes escreveu um dia o seguinte verso:
O homem, ao morrer, apaga com o último suspiro,
o mundo em que viveu.
Caro Professor Massano Cardoso
ResponderEliminarPerante um drama é sempre possível encontrar algo de "belo". Nesta história eu encontrei...
São histórias que creio nunca morrem durante a vida. Que marcam profundamente e acompanham a vida até à sua morte.
Também é assim que leio e sinto o verso de Teixeira de Pascoaes.
Espero que esse controlador aéreo venha ler o 4r para poder ler este seu post e, sobretudo, a citação que escolheu para que ele se liberte do pesadelo. O mundo apagou-se para quem morreu, acabou-se, não existe. Quantas vezes temos que nos lembrar disso quando pensamos no que gostaríamos de poder ter feito para salvar da morte dos que amávamos?
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