Uma notícia do Diário de Notícias de hoje dá conta de um estudo da O.M.S., segundo o qual a Politica Agrícola Comum é acusada de matar milhares de europeus. De facto, a produção de certos produtos, nomeadamente carne e produtos lácteos, ricos em gorduras saturadas, é muito elevada levando à criação de toneladas de excedentes que, pelo menos há algum tempo atrás, eram utilizadas para alimentar as vacas, que acabavam por terem de comer os seus derivados! Obviamente que, a par de uma produção excessiva, frequentemente subsidiada, existe um consumo sem precedentes dos referidos produtos, ricos em gorduras nocivas, que acabam por entupir as canalizações dos cidadãos europeus, mas não dos africanos que passam fome de cão. Estes morrem mais cedo mas ao menos estão “protegidos” das doenças cardiovasculares! Cinismo típico do desenvolvimento económico. Se por um lado contribuem para a morte dos mais ricos, por outro, também, não deixam de “provocar” a morte dos mais pobres, já que as vacas dos primeiros têm mais direitos aos alimentos que os últimos.
As campanhas contra a obesidade e o consumo excessivo de certos produtos não têm tido sucesso e, pessoalmente, não acredito que venham a ter, enquanto não houver uma verdadeira politica educacional e promocional. Veja-se o exemplo simpático de uma campanha televisiva com esse objectivo. Bem ensaiada, melhor teatralizada, com posturas certas, mãos dispostas simetricamente, focando que as pessoas devem comer assim e assado. Comer várias vezes ao dia, privilegiar as verduras e as frutas, escolher produtos naturais, pobres em gordura, fazer exercício e mais alguns lugares comuns, que ninguém contesta, porque é tudo politica, nutricional e socialmente correcto, sempre acompanhado de simpáticos sorrisos e de contributos de "figuras públicas", são algumas das mensagens, através das quais se pretende alterar o curso dos acontecimentos. Mas conseguirão mesmo? Claro que não. No fundo, pode ser considerada como uma mais fonte de informação, óptima para aliviar as consciências dos responsáveis. É pena que não utilizem a campanha - patrocinada por uma grande companhia portuguesa, a Galp, que, com o aumento dos preços dos combustíveis e a estranha “lentidão” em os baixar, já fez mais para perder o peso do que qualquer outra, ao obrigar muitos portugueses a terem de andar a pé -, para denunciar, frontalmente, as campanhas publicitárias que aliciam os portugueses, sobretudo os mais jovens, a comerem alimentos energéticos, a inoperância do governo sobre os conteúdos das máquinas de distribuição automática nos estabelecimentos de ensino, a não prioridade do desporto como disciplina nuclear, as maquinações produzidas ao redor das alterações a certos alimentos transformando-os em nutracêuticos, à obscenidade televisiva das propriedades terapêuticas que vão desde as beringelas, passando, pelos melões, melancias, peras, alhos e cascas de outros frutos, “como podem ler nas páginas tal e tal do livro”, que já vendeu mais de 400.000 exemplares, e se forem os primeiros hoje a comprar ainda recebem um livrinho de receitas saudáveis. Este folclore conta com a conivência de célebres apresentadores de televisão e o inevitável “xotaque” brasileiro, talvez para dar mais crédito às mensagens de saúde dos novos missionários da New Age! No fundo, dinheirinho, bem contado.
Uma campanha contra a obesidade e doenças de origem alimentar tem que ser complementada com a denúncia frontal, nua e crua de muitos responsáveis que vão desde os “fazedores de dinheiro” e respectivos subsidio-dependentes até aos próprios governantes.
Pois! Pois é! E depois? Como é que iam ganhar a vidinha? Afinal, a PAC, além de matar alguns, alimenta a carteira de muitos produtores e é fonte de criatividade para “doces e energéticas” filantropias...
As campanhas contra a obesidade e o consumo excessivo de certos produtos não têm tido sucesso e, pessoalmente, não acredito que venham a ter, enquanto não houver uma verdadeira politica educacional e promocional. Veja-se o exemplo simpático de uma campanha televisiva com esse objectivo. Bem ensaiada, melhor teatralizada, com posturas certas, mãos dispostas simetricamente, focando que as pessoas devem comer assim e assado. Comer várias vezes ao dia, privilegiar as verduras e as frutas, escolher produtos naturais, pobres em gordura, fazer exercício e mais alguns lugares comuns, que ninguém contesta, porque é tudo politica, nutricional e socialmente correcto, sempre acompanhado de simpáticos sorrisos e de contributos de "figuras públicas", são algumas das mensagens, através das quais se pretende alterar o curso dos acontecimentos. Mas conseguirão mesmo? Claro que não. No fundo, pode ser considerada como uma mais fonte de informação, óptima para aliviar as consciências dos responsáveis. É pena que não utilizem a campanha - patrocinada por uma grande companhia portuguesa, a Galp, que, com o aumento dos preços dos combustíveis e a estranha “lentidão” em os baixar, já fez mais para perder o peso do que qualquer outra, ao obrigar muitos portugueses a terem de andar a pé -, para denunciar, frontalmente, as campanhas publicitárias que aliciam os portugueses, sobretudo os mais jovens, a comerem alimentos energéticos, a inoperância do governo sobre os conteúdos das máquinas de distribuição automática nos estabelecimentos de ensino, a não prioridade do desporto como disciplina nuclear, as maquinações produzidas ao redor das alterações a certos alimentos transformando-os em nutracêuticos, à obscenidade televisiva das propriedades terapêuticas que vão desde as beringelas, passando, pelos melões, melancias, peras, alhos e cascas de outros frutos, “como podem ler nas páginas tal e tal do livro”, que já vendeu mais de 400.000 exemplares, e se forem os primeiros hoje a comprar ainda recebem um livrinho de receitas saudáveis. Este folclore conta com a conivência de célebres apresentadores de televisão e o inevitável “xotaque” brasileiro, talvez para dar mais crédito às mensagens de saúde dos novos missionários da New Age! No fundo, dinheirinho, bem contado.
Uma campanha contra a obesidade e doenças de origem alimentar tem que ser complementada com a denúncia frontal, nua e crua de muitos responsáveis que vão desde os “fazedores de dinheiro” e respectivos subsidio-dependentes até aos próprios governantes.
Pois! Pois é! E depois? Como é que iam ganhar a vidinha? Afinal, a PAC, além de matar alguns, alimenta a carteira de muitos produtores e é fonte de criatividade para “doces e energéticas” filantropias...
"Uma notícia do Diário de Notícias de hoje dá conta de um estudo da O.M.S., segundo o qual a Politica Agrícola Comum é acusada de matar milhares de europeus."
ResponderEliminarMas será que esta notícia é inocente?
Vamos lá ver se percebo. A PAC é então responsável por encher as prateleiras dos hiper de produtos de tal forma baratos que o pessoal se empaturra, com os riscos que daí resultam.
Curioso. Nunca vi associação nenhuma de consumidores defender o aumento dos preços dos produtos alimentares para óbviar a tais riscos para a saúde. Muito pelo contrário. O que vejo é que perante a ameaça de qualquer subida dos comestíveis aqui-del-rei que não se aguenta o custo de vida.
Notícias de ontem dão como certo o aumento da produção de cereais em 16% na CEE. Ou seja, perante um hipotético(não mais do que isso) cenário de penúria alimentar, os agricultores europeus (o que resta deles) reage de imediato produzindo mais e provocando a queda dos preços.
Seria tal possível sem a PAC? Seguramente que não. Sem a PAC a agricultura europeia seria perigosamente residual e condenada dentro de uma ou duas gerações. Só a PAC foi capaz de manter um número mínimo de agricultores nos campos e manter o conhecimento que permite reactivar a produção de um momento para o outro.
A "cultura" urbana (especialmente a portuguesa) não entenderá nunca a diferença entre um campo e uma fábrica. Esta, fecha-se na hora e reabre-se na hora. O campo uma vez fechado não tem quem o reabra.
A violência com que a Pac é atacada, especialmente nas elites intelectuais dos países que abdicaram da agricultura, é sintomática do desenraizamento cultural de certos meios.
Imagine-se este desgraçado país sem agricultura. Seria um autêntico paiol de pólvora prestes a explodir no Verão. Mesmo aos sediados nas urbes chegaria a imensa nuvem de fumo. Como é possível defender um desenvolvimento harmonioso de um território sem agricultura suficientemente rentável para manter um mínimo de ocupantes nos campos?
É óbvio, que esta "cultura" foi estimulada pelos nossos políticos. Enquanto se desviam as atenções para os miseráveis subsídios agrícolas que os nossos agricultores recebem (comparativamente com os colegas europeus) os fundos sociais europeus encheram e enchem os bolsos a uma cáfila de parasitas rotulados de empresários de sucesso. Hoje, alguns, até são donos de petrolíferas, e parceiros estratégicos de governos.
Pobre país, em que um merceeiro licenciado, de uma zona a norte do norte de áfrica, vendeu a agricultura do seu país a troco de uns miseráveis 100 milhões de contos.
E o crime compensou, ou vai compensando...
Caro Professor Massano Cardoso
ResponderEliminarSendo a obesidade um problema de saúde pública, não se compreende que o SNS, segundo li há uns dias, não pague tratamentos de obesidade.
Esta abordagem ao problema da obesidade contrasta com as preocupações de alguns países. Li que em França está em preparação uma proposta que visa aumentar os impostos sobre bebidas que contêm açúcar e alguns alimentos exageradamente gordurosos ou salgados para combater a obesidade. A proposta irá a debate público em Setembro e será depois encaminhada para apreciação dos deputados.
Caro Professor Massano Cardoso:
ResponderEliminarJá estive vai que não vai para comprar o tal livrinho das receitas milagrosas…mas vem-me sempre à cabeça uma história que o meu pai contava, e que vou partilhar:
-Quando ele ia às feiras (lá no Norte, há muitos anos), sempre que os vendedores insistiam com ele para “mercar”alguma coisa nova e ele achava que a coisa não era assim tão boa, dizia-lhes assim:- Olhe eu até comprava…mas o dinheiro que tenho na carteira é exactamente o que pede…o que meto depois na carteira?.
Dizia ele que resultava sempre!
Os consumidores compulsivos é que se calhar não acham piada nenhuma...
Caro Prof. excelente este seu indignado post! Subcrevo inteiramente, este tema da nutrição é uma espécie de carrocel, andamos sempre aos trambolhões à procura de encontrar o equilíbrio e zut!lá dá ele mais uma volta, uma vez são as batatas e o arroz, malditos sejam, logo a seguir afinal eram as ervilhas e o azeite, fora! fora! mas o quê? então e a margarina assassina?, vá mas é ao nutricionista, uma maçã, quatro bolachas, coma mas é de tudo mas muitas vezes, não, nem pensar, corte o açúcar, coma chocolate, tire o chocolate, pouca carne, muito peixe, erro,só alface, comida mediterrânica, sanduiches inglesas, massas italians, suchi, sim, muitas algas...Vá lá, esta da PAC é que é uma novidade, pelo menos ficamos a saber que contra a PAC é mesmo impossível lutar!!
ResponderEliminarEste comentário foi removido pelo autor.
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ResponderEliminar(Lamento já ter anulado duas tentativas de colocação de um comentário, mas há problemas no sistema e os acentos e cedilhas não têm saído. Vou tentar terceira vez)
ResponderEliminarHá um aspecto neste seu post que gostaria de comentar: A denúncia
pública de mensagens que fomentam comportamentos individuais
perigosos.
A televisão do Estado deveria, no cumprimento dos seus compromissos de
serviço público, denunciar essas mensagens e promover o conhecimento
daquilo que, cientificamente comprovado, pode e deve ser levado de
forma acessível ao conhecimento dos receptores de mensagens
rejeitáveis.
Mas não o faz, fundamentalmente por duas ordens de razões que, não
sendo anuladas, persistirão como obstáculo a uma política de
verdadeiro serviço público.
Por um lado, dependendo da publicidade que transmite, a RTP é obrigada
a conviver amigavelmente com os anunciantes.
Por outro, se vivêssemos num país rico, sem constrangimentos
orçamentais, e a RTP dispensasse a publicidade e transmitisse
programas de qualidade, muito provavelmente as suas audiências seriam
tão reduzidas que o serviço público veria os seus objectivos
completamente frustrados.
Recentemente, o senhor ministro da tutela da comunicação social
defendia o pagamento de 16 milhões de euros pela transmissão de jogos
da Liga porque o futebol é ""um factor de identidade portuguesa, de
generalizado interesse público, com repercussão na cultura e
mentalidade dos portugueses, idêntico a Fátima e ao 25 de Abril".Um
serviço público, portanto, segundo o ministro.
.
Um serviço público destes, contudo, não seria enjeitado, sem custos
para os contribuintes, pelas televisões privadas.
.
Decorre daqui que a RTP, na procura de rentabilidade que complemente
os favores do Estado, transmita aquilo que as outras estações,
privadas, transmitem e tem sistematicamente não cumprido os objectivos
de serviço público a que se comprometeu. E porquê Pois muito
claramente porque não pode perder audiências nem rendimentos e as
transmissões de serviço público não lhe garantem nem uma coisa nem
outra.
.
Alternativa: Privatizar a RTP garantindo o Estado espaço nas estações
privadas para emissões de programas de serviço público.
Deste modo o serviço público tinha espaço garantido, e independente
dos interesses publicitários, e produtores de conteúdos interessados.
E seria, seguramente, menos dispendioso para o OGE.
Quem não deve estar interessado é este e os governos que virão porque
deixariam de ter mão na promoção da sua própria imagem.
É isso que, a respeito das responsabilidades da RTP neste e em muitos outros assuntos, me parece, deve começar por ser denunciado.
Caro Professor
ResponderEliminarPermita-me que a talhe de foice comente aqui uma proibição feita esta semana por uma capitania do Algarve: distribuição de maçãs nas praias.
Parece-me que esta seria uma publicidade muito positiva. Durante muitos anos na praia da Areia Branca (Lourinhã) não havia venda de bolos nem de gelados, mas havia um senhor que vendia fruta prontinha a comer.
Que bem nos sabia um cacho de uvas fresquinhas, uma pêra rocha, uma maçã ou um pêssego!
Esta proibição, que não tem o menor sentido, poderia ser o início de um hábito saudável. É uma pena que atitudes destas não sejam divulgadas, criticadas e anuladas!
Com os meus cumprimentos