sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Depois da Freddie e da Fannie - agora o Lehman Brothers? Por cá tudo bem, felizmente

A 18 de Agosto, Kenneth Rogoff, ex-economista chefe do FMI e actualmente professor em Harvard declarava, numa conferência em Singapura, entre outras perversidades, (i) que a crise financeira internacional se encontrava ainda a meio caminho, (ii) que o pior da crise estava ainda para vir e que (iii) a curto prazo iríamos assistir à falência de um grande banco americano, comercial ou de investimento…
Apesar do enorme prestígio internacional do orador e da grande divulgação que estas declarações mereceram – o Financial Times por exemplo dedicou-lhes grande espaço – a verdade é que o mercado não pareceu dar muito crédito a tais declarações, tendo reagido com um encolher de ombros…
Temos agora, menos de um mês depois de tal profecia, a iminente derrocada do Lehman Brothers, um dos 4 maiores bancos de investimento americanos, com 158 anos de existência e activos de mais de USD 600 mil milhões, depois de frustradas tentativas para encontrar parceiros externos que reforçassem os seus capitais.
Perante uma enorme vaga especulativa que provocou uma quebra na cotação das acções de 70% nos últimos 3 ou 4 dias, o Lehman viu-se forçado a divulgar na 4ª Feira, antecipadamente, os resultados (esperados) do 3º trimestre, os quais apontam para um prejuízo de apenas…USD 4 mil milhões (estamos a falar de um trimestre…).
Neste dramático contexto, com 25 mil empregados à beira de um ataque de nervos, em ansiedade máxima, lá temos o muito competente mas claramente infeliz Secretário do Tesouro, Hank Paulson, envergando fato de bombeiro – que provavelmente não despirá até ao fim da Administração Bush – e a tentar arranjar uma solução para o Lehman durante o fim-de-semana…
Vamos ter muito que acompanhar durante a próxima semana, se bem me parece…
Mas por cá podemos continuar tranquilos que nada de grave se passa nem poderá passar: até recebemos hoje a garantia de que a inflação vai baixar em 2009.
E podemos estar certos de que assim vai ser pois quem o diz é a mesma pessoa que em Novembro do ano passado nos assegurava que a subida dos preços a que estávamos a assistir era um fenómeno muito passageiro e que se poderiam excluir quaisquer subidas de taxas de juro em 2008…
Poucos meses depois a mesma individualidade garantia que o crescimento económico em Portugal iria ser em 2008 ao da zona Euro pelo menos…provavelmente superior!
Somos mesmo um País cheio de sorte!

6 comentários:

  1. No dia 5 de Julho de 2007, neste mesmo local, deixei um comentário e aguardo um abraço logo que for lançada a primeira pedra do novo Aeroporto. Entretanto, no mesmo local, previ a queda do gigante BCP. Ainda não aconteceu "totalmente".
    Enfim, agora, com a dita crise, venho propor outro local e outra assinatura que tem a ver com o seu título.
    E por este meio convidá-lo(a) a visitar um novo espaço onde se falará de Lisboa.
    Como a mudança é uma constante da vida, tal como o sonho, Vendo Lisboa ainda terá pouco para ver, mas anseia pela motivação decorrente da sua visita.
    Obrigado

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  2. Temos agora, menos de um mês depois de tal profecia, a iminente derrocada do Lehman Brothers, um dos 4 maiores bancos de investimento americanos

    -Numa América socialista, a receita é simples, premeia-se a gestão incompetente com a nacionalização dos prejuízos, enviando um sinal a outras instituições financeiras, que podem e devem correr riscos até ao limite da irresponsabilidade, a possibilidade do sucesso, ainda que remota, existe, a certeza duma falência mais que certa, está coberta por uma apólice de seguro com o selo de garantia governamental!

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  3. Caro António de Almeida,

    Peço desculpa pela minha frontalidade, mas esse seu comentário, não me admiraria se proferido por Louça ou Jerónimo de Sousa. Lembro que caso a Fannie Mae e/ou a Freddie Mac declarassem falência, as consequências seriam muito mais graves. Como sabe, nos dias que hoje correm, as empresas dependem umas das outras, e essas falências iriam alastra-se a outras empresas, e seria difícil calcular a bola de neve de falências.

    Caro Tavares Moreira,

    Penso que esse brilhante "comentador desportivo" (economista nas horas vagas), mais uma vez, volta a falhar redondamente nas horas vagas. eu pergunto-me se esse senhor lê imprensa internacional? Eu, via economist, tomei conhecimento em 19 de Agosto de 2007 da turbulência nos mercados financeiros. Certamente que esse senhor teria informação privilegiada, para atempadamente, preparar os portugueses para a crise que se avizinhava. Mas não, preferiu caminhar alegremente para o abismo! E, assim sendo, só em Maio os portugueses tiveram conhecimento da crise, e o choque foi tremendo. Resultado? Ele está À vista. Pela primeira vez em muitos anos, os portugueses foram de férias de carteira vazias, e voltaram com elas rotas, e à espera de mais uma subida na taxa de juro....

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  4. -Caro André

    -Julgo que sabe, os referidos fundos nunca foram verdadeiramente privados, a questão que se coloca é, será que algum dia foram mesmo necessários? Julgo que entendeu a minha "provocação", a questão que coloco é real, vale a pena segurar o risco? Tal não significará enviar um sinal a permitir que responsáveis por instituições, tomem decisões arriscadas, sem que o risco de falência esteja presente? Francisco Louçã e Jerónimo de Sousa serão capazes de vislumbrar nesta medida a necessidade de nacionalizções, extrapolando a partir daqui.

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  5. Caro Frederico Maia,

    Dei já uma saltada a seu blog, onde é possível encontrar excelentes oportunidades de investimento - não quer meu Amigo por a leilão algumas acções representativas do capital da Lehman?

    Caros António de Almeida e André,

    Permito-me discordar, com todo o respeito, da vossa douta opinião: não repararam que tanto J. Sousa como F. Louçã (mais este) adoram, idolatram, a socialização de prejuízos?
    Para estes respeitáveis ideólogos do Povo, o modelo ideal de organização económica compreenderia, para além de uma imensa expansão dos serviços públicos em grande parte são já redundantes, uma estrutura empresarial em que a participação mínima do Estado no capital das empresas com mais de 5 trabalhadores seria 99%...e com a obrigatoriedade estatutária de não gerar lucros...

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  6. As boas oportunidades de investimento talvez apareçam no meu espaço. Tudo depende da qualidade dos interessados em trocar bens, incluíndo informação. Por curiosidade, posso referir que há já algum tempo que os bancos se tornaram pouco atraentes para o meu investimento, no entanto continuo a ver acérrimos defensores do maior banco privado português pensarem que têm um futuro sólido pela frente.
    Temos casos assim, continuam a dizer que não têm medo de ninguém...

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