quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Divórcio sim, casamento (ainda) não

O PS liderou ontem o bloco parlamentar que aprovou uma alteração ao regime do divórcio sem atender no essencial às observações - que bem mereciam outra ponderação - constantes da mensagem presidencial que anunciou e fundamentou o veto ao primeiro decreto.
No mesmo dia, e sem que o tema estivesse em agenda, o PS fez anunciar que era contra o casamento entre pessoas do mesmo género. Argumento: esta medida não está inscrita no programa do governo (!).
Transparece a estratégia. O PS sabe que estes temas alegadamente vanguardistas, federam a esquerda e credibilizam o PS aos olhos de um eleitorado urbano, pouco preocupado com a economia, os problemas sérios da crise, ou das soluções para um Estado social em perda. Sabe ainda que a direita, que sempre receia ser acusada de conservadorismo, dá-se mal com estes temas, reagindo sempre com argumentos que não são carne nem são peixe, para além de não apresentar uma posição a uma só voz. Mas também sabe que não pode esticar muito a corda dos temas que põe a JS a designar orgulhosamente de "fracturantes", na medida em que, para garantir a maioria nas próximas eleições é essencial manter as graças do eleitorado conservador que conquistou nas últimas, eleitorado avesso por natureza a estas alterações nos costumes.
Começam a ficar definidos os contornos da quadratura do círculo que espera o PS neste intenso ano de (quase) todas as eleições.

3 comentários:

  1. "O PS sabe que estes temas alegadamente vanguardistas, federam a esquerda e credibilizam o PS aos olhos de um eleitorado urbano, pouco preocupado com a economia, os problemas sérios da crise, ou das soluções para um Estado social em perda."



    Nem pense Caro Dr !

    Estou o mais possível em desacordo com esta sua afirmação.

    A pressão desta governação já nos esmaga. Impossível de suportar por muito mais tempo.

    A barriguinha dá horas, os sapatos começam a estar rotos, livros escolares a prestações, ... blá ... blá ....


    :-(

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  2. Anónimo11:26

    Pois, mas a cara Pézinhos não faz seguramente parte das franjas do eleitorado a que me referia...

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  3. A sociedade actual vive na actualidade de uma crise de valores.
    Tudo se torna "descartável" e nada se valoriza,isto é inegável.
    O meu dilema é o facto de se querer manter na sociedade (e em alguns casos são os pilares da sociedade)certos valores ; levar a que se diga que é uma opinião errada e que o conservadorismo é que está sempre errado.

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