Foram hoje tornadas públicas as estatísticas que revelam ter havido em 2007 uma diminuição no número de "chumbos" e nas cifras do abandono escolar nos diversos ciclos do ensino não superior.
Júbilo do Governo, acesas críticas dos sindicatos.
Tenho alguma dificuldade em entender que boa razão pode justificar cada uma destas atitudes.
Do lado do Governo, o secretário de estado explica que está muito satisfeito porque recuperámos uns pontos nas estatísitcas europeias nas quais ocupávamos uma posição que, segundo ele, nos envergonhava.
Infelizmente o senhor secretário de estado confirma por palavras o que se receava: que está mais preocupado em comparar-nos com os nossos parceiros europeus do que em saber se esta melhoria que as estatisticas revelam, tem alguma tradução na qualidade do ensino e da aprendizagem. Em 2007 adquiriram os nossos jovens mais e melhores conhecimentos? Ou os números são a consequência - natural, de resto - de um menor nível de exigência nas avaliações? Eis o que importaria saber e não se sabe, mas que o júbilo dos responsáveis políticos do ME faz suspeitar.
Do lado dos sindicatos e de alguns agentes políticos também não se percebe a crítica cerrada aos resultados agora conhecidos. Se quanto aos números dos que ficam retidos a "melhoria" coloca dúvidas, já a diminuição dos que abandonam prematuramente o sistema de ensino, é motivo para nos congratularmos e, porque não, para louvar este governo, mas também todos os que antes dele fizeram desse objectivo uma prioridade.
As declarações críticas de alguns dirigentes sindicais é tanto mais incompreensível quanto é certo que a atitude inteligente - está na cara! - seria a de reclamar para a classe dos professores a parte de leão deste sucesso, apesar dos maus tratos que o governo lhe tem inflingido.
Mas como inteligência sindical é coisa que por estes dias também não abunda...
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Adenda: Eis porque o Primeiro-Ministro é mestre na arte de bem aproveitar as fragilidades dos adversários. O que não dizem os sindicatos di-lo o Engº Sócrates que vê aqui a oportunidade de inverter a imagem do governo junto dos professores. Os créditos do sucesso estatístico (chama-lhe "resultados encorajadores") são dos docentes, diz, magnânime, o nosso PM. Pois...cheira a eleições.
Mas isso acontece com os professores, como acontece com os advogados, com os juízes, com os polícias,...Tudo quanto trabalha para o contribuinte acha que a sua relação laboral lhe dá legitimidade para criticar ou dar opiniões sobre o objecto do seu trabalho, como se fosse ele quem paga o serviço. Então a justiça é avaliada pelo sindicato dos juízes, pela ordem dos advogados, pelo sindicato independente dos oficiais, pelo...Se for saúde, é a ordem dos porteiros dos hospitais, dos enfermeiros, dos....
ResponderEliminarQuanto a esse secretário de estado não tenho nada para dizer que não seja profundamente ofensivo da sua pessoa, ascendentes próximos ou afastados, pelo que não vou dizer.
Faz bem em nada dizer contra o homem, Tonibler. Não diga nada até porque os parentes, mesmo os mais próximos, não terão nenhuma responsabilidade directa ;)
ResponderEliminarMeus caros, a redução do abandono escolar deve-se ao novo estatuto do "aluno", apenas e só! Agora, os "alunos" não podem ser retidos por faltas...!
ResponderEliminarInfelizmente, os socialistas estão como sempre estiveram, convencidos que nas escolas há uma guerra entre duas classes sociais: os "professores" como classe opressora e os "alunos" como a classe oprimida. Os socialistas sempre consideraram que era absolutamente (como eles adoram esta palavra) fundamental retirar todo e qualquer poder dos "professores" para combater estas desigualdades sociais :)
Portanto, só se admira quem não sabe nem quer saber nada daquilo que é hoje a "escola" pública! A "escola" está completamente minada com as ideologias marxistas e leninistas e está há muito tempo. Este governo apenas reforçou e obrigou todos os professores a comungarem destas patetices ideológicas.
Mas o espantoso é o facto do Primeiro Ministro da "República" ter a arrogância de colocar a "escola" ao serviço da doutrina socialista, tal como no tempo do Dr. Oliveira Salazar quando colocou a escola ao serviço da doutrina dominante na altura. Mas mais espantoso ainda é o silêncio ensurdecedor do PSD e do Ex.mo Senhor Presidente da "República". Como é possível que ambos tenham permitido todo o populismo típico de Hugo Rafael Chávez Frías em Portugal?
Outro aspecto que me espanta é o facto de toda a gente perceber que os socialistas estão a tentar renovar a sua maioria através do populismo na "escola" pública e o PSD nada faz!
Será que o PSD não percebe que o ataque aos professores, a oferta do poder da gestão das escolas aos pais, a retirada de poder dos professores na classificação dos alunos através de um emaranhado legislativo, a oferta de cheques para a aquisição de livros, a oferta de electrodomésticos (tal como para a CM de Gondomar), a oferta de cheques para a aquisição de outro material "escolar", a guarda e entretenimento de crianças e jovens, a alimentação gratuita dentro do espaço "escolar", a redução dos passes "escolares", a oferta de "certificações", etc, etc. é do populismo mais primário (e típico da América latina) mas extremamente eficaz em Portugal devido à nossa cultura ou à falta dela? Será que não vê que os socialistas querem vencer as eleições através da "escola"?
"Ou os números são a consequência - natural, de resto - de um menor nível de exigência nas avaliações? Eis o que importaria saber e não se sabe, mas que o júbilo dos responsáveis políticos do ME faz suspeitar."
ResponderEliminarnão se sabe?sabe-se pois...de-se ao trabalho de ler os exames do 9º ano a portugues e matematica e fica logo a saber..o meu filho de 3 anos ainda tirava uns pontinhos ali..mas mais 2 anitos e fazia-os na boa. so uma curiosidade: na minha escola houve 4 alunos a meterem recurso por terem chumbado de ano. o que tinham em comum?chumbaram todos com 6 negativas..ora que esta, atao se a sra ministra diz que os putos tem direito ao sucesso porque raio estes não haveriam de ter...