Perante uma plateia de empresários, o ministro Pinho acaba de anunciar que o mundo da prosperidade finou. E disse mais. Disse que ele, Pinho, já sabia que ia ser assim. Citando o profeta "o facto de se exportar mais para a Suíça do que para a China, bem como o alta do preço do petróleo, dava a entender que vinha aí a actual crise financeira".
Também eu tenho de há muito uma suspeita. Suspeitava que somos dirigidos por uma espécie de Pitonisas que governam não em função de necessidades e possibilidades reais, mas em razão de previsões. E como são voláteis estas Pitonisas e as suas previsões! Se não, recordemos.
Há precisamente um ano, por alturas da apresentação do OE para 2008, o PM e o ministro Pinho eram a personalização do otimismo. Aos que pediam para que se atentasse nos sinais evidentes de degradação do clima financeiro mundial, respondiam que Portugal respirava com saúde, aliás como o mundo. Colocaram o agente económico Estado a agir em conformidade com este otimismo.
Há seis meses, já não podendo ignorar a crise instalada, dizia o PM e repetia o ministro Pinho, que Portugal escaparia porque estava melhor preparado para resistir e que os resultados do crescimento económico (umas décimas de ponto acima das perspectivas) eram a prova irrefutável de que o País com este governo estava aí para o que desse e viesse.
Agora, Pinho, lançando da Horta Seca o seu olhar reflexivo sobre o que se vendeu para a Suiça e o que a China não comprou, revelou o que a sua aguda percepção sempre lhe indicou mas que guardou para si: era inevitável, acabou-se o que era doce!
Para os que de há muito alertam para a imoderação do otimismo governamental, o ministro Pinho não é o profeta da desgraça. É a corporização da extrema leveza deste governo. O governo que nesta conjuntura lança o programão das obras públicas. Estimula o consumo. Prefere a propaganda ao fomento efectivo das actividades produtivas. Que continua a aumentar a carga fiscal e a diminuir a capacidade de reacção das empresas. Que desvia a pequena poupança de instrumentos seguros (como eram os certificados de aforro) para produtos de alto risco.
E no meio de tudo isto, ouvindo o discurso de Pinho, o que pensará a grande maioria dos portugueses que nunca sentiu os tempos de prosperidade cujo final acaba de ser decretado pelo nosso ministro da economia?
"É a corporização da extrema leveza deste governo"
ResponderEliminar.
Atrevo-me a corrigir. Leveza não, leviandade.
Caro F Almeida
ResponderEliminarA presciência de SEXA Pinho é tão grande, que se esqueçeu de inciar, atempadamente, a diversificação das nossas exportações, seja através da actividade de agente de vendas, tão bem desempenhada por este governo ( as palavras não são minhas, mas de um ministro), seja apoiando activamente, as empresas na busca de novos mercados e de clientes alternativos.
Com a entrada em recessão dos 4 principais parceiros comerciais, cerca de 80% do nosso comércio externo fica comprometido, sem que tenhamos, ainda, alternativas.
Por isso, não percebo, como é que vamos passar a crise sem problemas.
Admitindo que um PM não deve dramtizar, considero, no minímo estranho, que, face às declarações dos 4 PM nossos principais parceiros, o nosso PM, mantenha o mesmo discurso. Hoje existe TVCabo e INTERNET.
Cumprimentos
João
Caro Ferreira de Almeida:
ResponderEliminarOs ditos do Ministro Pinho são uma verdadeira dádiva do céu, pelo que nos divertem nestes tempos de incerteza. O Ministro Pinho é um verdadeiro bem público!...
Caro João:
Diz bem: hoje existe TV Cabo e Internet, que ajudam a contrabalançar a propaganda.
E, há uns anos, a TV por satélite foi um dos mais poderosos instrumentos para a queda dos regimes comunistas, pelo que ajudaram a estabelecer comparações com os regimes democráticos.