O Conselho Nacional da Educação advoga a passagem de ano escolar obrigatória até aos doze anos.
Acho que é pouco. A passagem de ano devia ser obrigatória até ao bacharelato de Bolonha. Isto como medida transitória, até que o mesmo douto Conselho Nacional elabore os estudos que permitam a cada nascituro levantar automaticamente o diploma de Doutor na Loja do Cidadão.
Simplex, um país de doutores e sucesso escolar garantido a 100%.
Mas não se pode exterminá-los?
De facto com decisões destas, apetece usar termos violentos como "exterminação"...
ResponderEliminarParece que é igual à Finlândia, dizem eles. Das duas uma: Ou a Finlândia é um país muito sério e estas coisas funcionam (e deve haver por aí nuances), ou está errada.
ResponderEliminarComo nós não somos um país sério, e estamos sempre errados, o seu post faz todo o sentido, caro Pinho Cardão.
Aí é que bate o ponto, caro CMonteiro!...
ResponderEliminarCaro Dr. Pinho Cardão
ResponderEliminarPara quê fixar exames, para quê fixar avaliações, para quê fixar objectivos, para quê fixar resultados? Não é preciso porque já nascemos ensinados! Portanto, acho que quaisquer “ditaduras” da avaliação do desempenho ao longo da vida devem ser “exterminadas”.
E se os outros países não alinharem com a ausência de exigência, ficaremos sozinhos mas muito contentes com a nossa ignorância. A previsão de toda esta triste história é que acabaremos mal, isto é, pior do que já estamos…
Caro Pinho Cardão.
ResponderEliminarO seu post deu origem a este texto: Diploma automático à nascença, que convido a ler.
Pode verificar a sua sintonia com José Saraiva.
Saudações.
Exterminar é realmente forte... mas demasiado suave para o que uma cavalidade destas merece.
ResponderEliminarO triste disto tudo é que está a deitar-se fora o futuro de gerações e gerações de Portugueses, está a comprometer-se a competitividade e o futuro do país durante décadas!
Não há mesmo limites...
É impossível não ver nisto o dedo de Sócrates. Quanto mais gente obtiver um diploma abardinado, mais facilmente passa o dele despercebido.
ResponderEliminar... Tal como li, ou ouvi em algum lugar e já não consigo recordar-me onde...
ResponderEliminar"A vida vai difícil para os humoristas neste país... as anedotas escrevem-se sózinhas!!!"
Desculpem lá, mas isto faz todo o sentido. Enquanto houver miúdos retidos, existe um problema composto por miúdos que não são educados e serviços públicos que são postos em causa pelo seu insucesso. Assim, resolve-se metade do problema, a última parte.
ResponderEliminarE, tenham dó de mim, mas foi exactamente isto que 90% de nós escolheu, porque quando o Sócrates descer da cadeira, e a Lurdes for para casa coser meias, vai para lá outro aparatchik qualquer a fazer contas aos exames, a encher a boca nos jornais e a promover-se à conta da desgraça alheia que é exactamente o que isto é. Mas o facto é que nos últimos 30 anos, 90% de nós votou nisto!
Também na educação isto bateu mesmo no fundo. Conheço alguns casos de pessoas que aproveitaram as "novas ilusões" (RVCC) para terem direito à habilitação do 12º que apresentaram ao júri autênticos tratados de 200 páginas, quando na realidade não conseguem escrever 3 linhas seguidas...
ResponderEliminarMas que eu saiba esta ideia socrática até é apadrinhada por todos sem excepção!
-Não será melhor garantir um MBA a todos? Nem que seja com as novas oportunidades.
ResponderEliminarCaro Pinho C., boa tarde!
ResponderEliminarRecebes tantos aplausos, que me desafiam a discordar parcialmente de ti.
Não é a primeira vez que abordas este assunto, não é a primeira vez que discordo. Para evitar a repetição de argumentos recorrentes, recordo-te alguns factos para reflexão.
Do tempo em que as Matemáticas Gerais chumbavam à volta de 90% dos candidatos na primeira época e davam saída a mais 10% (vá lá 20%) na segunda, sobra-te algum daqueles teoremas que nos obrigavam a demonstrar de cabo a rabo e que alguns chegavam a ocupar na sebenta do Hernâni & Cª. mais de duas páginas?
Alguma vez te serviram de instrumento de trabalho as páginas da teoria da medida que "ipsis verbis" tínhamos de memorizar?
É incontestável que o raciocínio matemático é disciplinador das ideias mas tenhamos de convir que a exigência para além de certos limites torna-se absurda.
Eu não sei se os actuais examos são fáceis de mais ou eram muito ou medianamente difíceis os outros.
O que sei é que os outros conduziam a resultados anedóticos com estudantes a entrarem em cursos técnicos com negativa a matemática.
Dirás: Bom, o que conta é a comparação das habilitações dos nossos jovens num mundo globalizado com os de outros países da OCDE ou de outros pontos do globo, a China e a Índia, por exemplo.
Mas a verdade é que com exames fáceis ou difíceis estamos muito mal classificados. Não parece que os exames tenham acrescentado alguma competência. Ainda que possam incutir hábitos de trabalho que, pelo vistos, deixaram de existir.
E porquê?
Do meu ponto de vista por falta de exigência dos empregadores.
Se o jovem fica pelo secundário, o mais provável é empregar-se em algum shopping onde conta mais a apresentação física que uma aritmética bem tirada. A maior parte faz as contas pelos dedos. Cuidou o empregador de avaliar as habilitações, do jovem ou da jovem, em contas. Claramente, não.
Outros vão para funcionários públicos, onde a cunha vale bem mais que um muito bom a português. Nem para admissão de professores são prestadas provas.
Quanto aos que se encaminham para as Universidades a questão é idêntica. Queixam-se as Universidades que os alunos lhes chegam mal preparados. Ora há sofisma nisto. Se lhes chegam mal preparados não os admitam. Ou se são obrigados a admiti-los obriguem-nos a trabalhar e a demonstrarem o que valem.
Há dias o bastonário da ordem dos engenheiros lamentava-se da falta de qualidade de alguns cursos.Culpa do ensino secundário? Os engenheiros formam-se na universidade ou na escola C+S? Por outro lado, eu nunca ouvi referir uma apreciação pública (ranking) da preferência dos empregadores por parte dos cursos universitários em Portugal.
Porque é que há rankings dos exames do ensino básico e não do ensino universitário?
As pessoas respondem a incentivos. Se a exigência não vai além do exame e no dia seguinte tudo pode ser esquecido porque bulas se têm de interessar os jovens por matérias que nunca mais ninguém lhe pede contas?
O Rui Fonseca tem alguma razão no raciocínio que expende.
ResponderEliminarSuscita a questão da relevância das aprendizagens e da sua utilidade em contexto sociolaboral.
Porém, para além deste problema, importa reflectir sobre: i) as motivações dos aprendentes versus as necessidades pessoais e sociais; ii) o treino cognitivo (métodos e técnicas) versus a eficácia do processo de ensino-aprendizagem; iii) o custo/investimento na educação versus o retorno em termos de produtividade e competitividade.
E, já agora, interessa também avaliar o impacte dos diferentes percursos educativos no projecto de vida das pessoas, incluindo na sua realização pessoal e na sua alegria de viver.
A mensagem que passa do actual Governo, mesmo que não seja essa a intenção, é a de que o sucesso educativo é mais uma variável institucional, estatística, do que um investimento pessoal.
Esta abordagem está errada e estimula a propensão marginal para a preguiça.
O sucesso educativo não pode ser um direito sem o correspectivo dever, consubstanciado no esforço, no trabalho e no mérito. Este é o ponto! O contrário é ilusório e efémero. Mais cedo ou mais tarde, iremos pagar caro a extrapolação do conceito de “fast-food” para os processos de aprendizagem.
Nota final: os empregadores podem ser pouco exigentes, às vezes, mas este problema só se coloca numa sociedade em que as pessoas são pouco empreendedoras. Não se devem confundir as consequências com as causas. E, uma das causas determinantes da falta de exigência, estou em crer, é o facto da Escola ser mais uma obrigação, um frete, do que um desafio.
Por isso, o alerta do Dr. Pinho Cardão faz todo o sentido. Há mezinhas que contribuem mais para o agravamento da doença do que para o início da cura.
Caríssimos:
ResponderEliminarObrigado pela atenção que deram ao post.
Os latinos tinham uma expressão que dizia: "ridendo, castigant mores", o que quer dizer, "a rir... a rir se corrigem os costumes...".
A situação está tão má em matéria educativa que já duvido que até esse possa ser o remédio. Quando os que deveriam ser elites, como o CNE, dizem o que disseram, significa que estamos em vertiginosa corrida para um profundo buraco negro. E cada vez fico mais preocupado com aqueles que não têm alternativa senão o ensini público. Esse ensino, tal como está a ser concebido, em vez de ser integrador, vai cavar ainda maior distância entre os alunos que a ele se sujeitam e os que podem escolher outra vias, nas escolas privadas. Se o que interessa é apresentar taxas de sucesso, diz bem o AAlmeida, por que não entregar um MBA a todos?
Msas os impreparados têm lugar no mercado de trabalho?
Registo o regresso do Félix Esménio, que saúdo e a quem também agradeço a contribuição.
Quanto ao meu amigo Rui, sabemos quanto batalhámos com a demonstração de alguns teoremas que ocupava 16 páginas da sebenta.
Claro que nos parecia isso um absurdo. Acontece que actualmente já não penso bem assim.
Essas demonstrações obrigavam a pensar e a disciplinar o raciocínio e incitavam ao pensamento abstracto. Isso, na minha opinião, foi mais importante do que a sua utilidade ou inutilidade prática no dia a dia.
Mas dou-te razão na demissão de muita gente , nomeadamente das Universidades, perante o panorama negro. Queixar não basta. E se as Universidades podem agir, não aceitando alunos impreparados, pois que o façam.
Acontece que o sistema montado não permite que isso aconteça. Recebem à peça, por aluno, de modo que não podem desperdiçar nenhum!...
Por acaso pensava que os MBA eram entregues a todos....
ResponderEliminarA tese do Rui Fonseca está obviamente errada por uma razão. Não haver exames ou retenções significa que os serviços já são bem sucedidos antes de fazerem o serviço. Mais vale entregar tudo aos provados de vez.
Caro Pinho Cardão,
ResponderEliminarO raciocínio matemático é essencial por muitas razõers; O que eu referi foi a desproporcionalidade da exigência que leva a um elevado número de chumbos e a displicência com que os empregadores têm em conta os conhecimentos de quem recrutam.
É por demais evidente que se o estudo não é contínuo e a exigência também, a maior parte do que aprendes hoje esqueces amanhã ou está ultrapassado.
Caro Tonibler,
Eu não sou contra os exames; acho mesmo que grande parte da responsabilidade pelo insucesso escolar está na quase extinção a que foram votados; o que eu não compreendo é a existência de exames cujos resultados refletem um desfasamento completo entre o que é ensinado e o que é exigido no exame.
Os exames não acrescentam conhecimentos, avaliam-nos. E se dessa avaliação resultam resultados muito maus, reavaliem-se os processos,os programas, os professores, os pais, além dos alunos. Se apenas se insistir em exames que acabam em resultados desastrosos nada se melhora.