quinta-feira, 2 de outubro de 2008

A Família Romanov e os bolcheviques...

O Supremo Tribunal russo reconheceu ontem, numa sentença histórica, há muito esperada, que Nicolau II, último czar da Rússia, a sua mulher e os seus cinco filhos foram vítimas do regime político bolchevique. Com esta decisão a justiça russa reabilitou Nicolau II e a sua família.
No regime da União Soviética Nicolau II foi considerado um tirano, personificava tudo o que os comunistas tentaram destruir com a revolução.
Nicolau II e a sua família são hoje em dia venerados pela Rússia, tidos como mártires da revolução bolchevique que levaria Estaline ao poder em 1924.
Os Romanov foram brutalmente assassinados em 1918 por um comando revolucionário bolchevique, sumariamente fuzilados.
O partido comunista russo recusou o veredicto da justiça russa. É espantosa e tenebrosa a reacção dos comunistas:
Dizer que os nossos antepassados estavam errados é, no mínimo, falta de respeito. Não foram os bolcheviques que mataram o czar e a sua família, mas todo o povo trabalhador ”.
A história acaba algumas vezes por fazer justiça aos Homens. Quando assim acontece a Humanidade fica mais rica, mais serena, mais reconciliada. Mas os homens nem sempre reconhecem a História. São fracos, fazê-lo seria superior às suas forças!

9 comentários:

  1. Cara Drª Margarida Aguiar
    O assassínio dos Romanov foi uma operação pensada. Matar o líder deposto ou o símbolo das forças contrárias é um método ancestral. Provavelmente eficaz...
    Não está provado que o Imperador não fosse um tirano, aliás muito "à moda" da época, e que a sua entourage não fosse corrupta. Mas isso pouca importância tem face à barbárie que se seguiu. A liquidação de toda a família poderá ter tido como origem a necessidade de apagar todos os símbolos de retorno. A reorganização de forças contrárias torna-se difícil quando se extinguem os seus símbolos (neste caso a Realeza, a Tradição, e a História). Não se fez justiça. Deu-se um sinal, fez-se um claro aviso, e dizimaram-se todas as ligações com o passado. As famílias nobres que não foram mortas tiveram que fugir, os símbolos culturais foram desprezados (agora sabe-se que muitos foram vendidos ou destruidos). O novo Poder, muito pouco organizado, soube aproveitar a falta de senso das turbas devidamente incendiadas, e depois reorganizou-se como bem sabia fazer: através da repressão selectiva e implacável, a que soube juntar "operações" inteligentes cujos efeitos ainda perduram. Um dos quais foi a movimentação de populações. Ainda hoje existem, como vemos, territórios não russos em que os russos são predominantes. E outros territórios russos em que minorias de 3ª geração estão segregadas e encurraladas.

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  2. Caro Manuel
    Obrigada pela sua excelente descrição e reflexão sobre a revolução comunista. Acrescentaria que à brutal liquidação sumária dos Romanov, seguiu-se a exterminação sem dó nem piedade de milhões de pessoas e outras tantas foram deslocalizadas à força. Um regime terrível que para se impor cometeu crimes hediondos.

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  3. Cara Margarida
    Também eu não tenho dúvidas que o assassinato da família do Czar, para lá de erradicar defitivamente qualquer hipótese de contra-revolução,visou essencialmente destruir a cultura russa na sua ligação aos conceitos de família e de disciplina,bases fundamentais daquela sociedade. Independentemente do governo da época, à boa maneira tradicional russa, exercer um poder descricionário, ignominioso e déspota, a figura do Czar era o garante da tradição russa, dos seus costumes e da sua cultura. Tidos como travões para o avanço da revolução bolchevique,é simples compreender o assassinato da família real, de resto já sem poder nesta altura. É por isso mesmo que se trata de um crime hediondo, finalmente reconhecido como tal.

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  4. Cara Margarida,

    O acto em si foi de facto um assassinato. O que importa é reflectir porque o foi... e porque é que esse acontecimento se encontra inserido em algo que a que a História decidiu chamar de "Revolução".

    Em relação ao seu comentário sobre "crimes hediondos" eles são os mesmos que aconteceram na "nobre" Revolução Francesa, aquela que fez do mundo o que conhecemos hoje. Pode ter tido menos mortos, mas tal como dizia Estaline, uma morte é uma desgraça, mil são uma estatística.

    Nestas coisas não me parece que se perceba muito bem onde acaba o preto e começa o branco. Antes, vejo um enorme cinzento nestes julgamentos da História...

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  5. Caro cmonteiro
    A História está cheia de revoluções políticas que para se imporem deitaram mão da destruição de populações inteiras, erradicação de costumes e tradições e proibição de liberdades fundamentais, num clima de despotismo e repressão implacável para acabar com as ligações ao regime a aniquilar. A campanha de repressão política de Estaline custou a vida de milhões de pessoas. Foram milhões de “desgraças” cometidas. No final a “estatística” somou milhões de vítimas.
    É inevitável que a Humanidade julgue a História dos homens!
    Mas a justiça russa não julgou a revolução bolchevique, mas sim a barbárie cometida pelos bolcheviques contra o czar e a sua família.
    Caro cmonteiro não se tratou de mais um assassinato, de mais uma "estatística". Foi isso mesmo que a justiça russa sentenciou ao fazer a reabilitação dos Romanov.

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  6. Cara Margarida,

    Nem a minha estimada amiga consegue deixar de fazer o julgamento dos bolcheviques, mas no entanto pede-me para para isolar o acto do assassinato dos Romanov dos motivos que levaram à revolução de 1917. É um tendência natural não é?

    Quantos milhões enviaram os Romanov para a morte na I Guerra Mundial?

    Continuamos nas estatísticas?...

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  7. Caro cmonteiro
    Os julgamentos de revoluções e guerras não se podem fazer pela mesma bitola.
    No meu entendimento não há compatibilização de critérios para a análise de revoluções políticas ou ideológicas e guerras entre países num cenário em que a neutralidade não é possível ou aconselhável.
    Penso que estamos de acordo, meu Caro cmonteiro, que em todas essas situações há evidentemente sofrimento, vítimas e desgaste. E penso que estaremos também de acordo que desse sofrimento não rezam as estatísticas!

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  8. Cara Margrida,

    Perante os seus sábios e acertados comentários, sou levado a reforçar a minha ideia de que um julgamento para aferir a culpabilidade de quem assassinou os Romanov, tem todas as intenções menos aferir sobre a culpabilidade de quem assassinou os Romanov...

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  9. Cara Margarida
    Considero que um comentador não pode, até por princíos éticos, analisar factos históricos à luz das suas ideologias políticas. Daí que esteja cem por cento de acordo com o desempenho da justiça russa.

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