Muitas vezes tenho criticado o Governo. Também, todavia muito menos do que seria desejável, o tenho elogiado. Agora, face às razões aduzidas, sou dos que concordam com a decisão de avalizar, até 20 mil milhões de euros, operações de empréstimos da Banca Nacional junto de Bancos estrangeiros.
E concordo, porque, face aos elementos conhecidos, e parecendo eles fidedignos, sou dos que pensam que, apesar de alguns grandes desvarios na concessão de crédito ao consumo, do crédito à habitação, do imobiliário ou do industrial, os problemas que se colocam aos Bancos portugueses não são predominantemente de solidez económica, mas apenas de tesouraria. O que, aliás, não é problema menor para um Banco.
Nos últimos anos, o crédito concedido tem vindo a crescer significativamente, e o prazo dos empréstimos tem-se vindo a alargar, por força da natureza dos activos financiados (grandes obras públicas, geradoras de recursos a longo prazo, por exemplo, as SCUTS ou o crédito à habitação), ou por força da concorrência, ou até por alguma menor prudência na escolha do instrumento financeiro adequado (contas correntes a 90 ou 180 dias, que se transformam em verdadeiras operações de médio e longo prazo).
Neste contexto, alguns Bancos terão descurado o equilíbrio de prazos entre os passivos que assumem e os activos que financiam, isto é, têm tomado fundos a um prazo inferior ao prazo pelo qual emprestam esses mesmos fundos. Do que resulta uma óbvia pressão sobre a tesouraria, pressão esta aumentada exponencialmente em tempos de crise. Porque todos os Bancos se resguardam nas operações entre si e porque muitos cidadãos correm a levantar os seus depósitos.
Destinando-se essencialmente, como parece, a resolver um problema de liquidez, a medida tomada pelo Governo afigura-se correcta. Incorrecto seria, nestas circunstâncias, adoptar as medidas propostas pelo PCP e pelo BE, no sentido de o Estado vir a tomar os aumentos de capital necessários para restabelecer o equilíbrio. Por um lado, porque os rácios estruturais não o exigirão; por outro, porque tal incremento da despesa pública seria economicamente injustificada, servindo apenas fins políticos; e ainda, porque a medida implicaria mais impostos.
Uma boa medida, pois, a do Governo. Racional e criteriosa. Esperemos que os mercados a compreendam. O que nem sempre acontece. Talvez, porque, no fundo, acabam sempre por ter razão!...
E concordo, porque, face aos elementos conhecidos, e parecendo eles fidedignos, sou dos que pensam que, apesar de alguns grandes desvarios na concessão de crédito ao consumo, do crédito à habitação, do imobiliário ou do industrial, os problemas que se colocam aos Bancos portugueses não são predominantemente de solidez económica, mas apenas de tesouraria. O que, aliás, não é problema menor para um Banco.
Nos últimos anos, o crédito concedido tem vindo a crescer significativamente, e o prazo dos empréstimos tem-se vindo a alargar, por força da natureza dos activos financiados (grandes obras públicas, geradoras de recursos a longo prazo, por exemplo, as SCUTS ou o crédito à habitação), ou por força da concorrência, ou até por alguma menor prudência na escolha do instrumento financeiro adequado (contas correntes a 90 ou 180 dias, que se transformam em verdadeiras operações de médio e longo prazo).
Neste contexto, alguns Bancos terão descurado o equilíbrio de prazos entre os passivos que assumem e os activos que financiam, isto é, têm tomado fundos a um prazo inferior ao prazo pelo qual emprestam esses mesmos fundos. Do que resulta uma óbvia pressão sobre a tesouraria, pressão esta aumentada exponencialmente em tempos de crise. Porque todos os Bancos se resguardam nas operações entre si e porque muitos cidadãos correm a levantar os seus depósitos.
Destinando-se essencialmente, como parece, a resolver um problema de liquidez, a medida tomada pelo Governo afigura-se correcta. Incorrecto seria, nestas circunstâncias, adoptar as medidas propostas pelo PCP e pelo BE, no sentido de o Estado vir a tomar os aumentos de capital necessários para restabelecer o equilíbrio. Por um lado, porque os rácios estruturais não o exigirão; por outro, porque tal incremento da despesa pública seria economicamente injustificada, servindo apenas fins políticos; e ainda, porque a medida implicaria mais impostos.
Uma boa medida, pois, a do Governo. Racional e criteriosa. Esperemos que os mercados a compreendam. O que nem sempre acontece. Talvez, porque, no fundo, acabam sempre por ter razão!...
Só cortinas de fumo.
ResponderEliminar.
Se os bancos não confiam uns nos outros alguma coisa se passa.
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E como bem refere Tavares Moreira, o défice das contas correntes, vai cobrar a sua dívida.
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Se não há poupança...
Pinho Cardão,
ResponderEliminarou eu muito me engano, ou estes 20 mil milhões são uma maneira encapotada de financiar o grande plano de obras públicas que este governo tem em mente, e vão financia-lo á custa de emissão de divida publica, o que me faz perder a conta as vezes que vamos financiar estas obras que o País Real não precisa, Desgraçada da minha geração!!!
Do ponto de vista do estado, a operação deve dar zero, uma vez que deve estar a garantir quem lhe dá crédito e, net exposure, vai parar a zero. Mas concordo que há uma grande diferença em garantir ou não garantir e, no fundo, se não é para isto que temos estado, é para o quê?
ResponderEliminarNo resto, crédito só é imprudente se não tiver spreads adequados ao risco da carteira em que estão incluídos. Mas, também, isso era o que diziam os sujeitos que empacotavam os subprimes...:)
Dr. Pinho Cardão
ResponderEliminarsubscrevo a opinião de Daniel Geraldes. "A Garantia" não é como penso,o problema. O problema é o destino que lhe vamos dar. Exactamente! é bem verdade que vai abrir a possibilidade da banca nacional fique capaz de ceder crédito mas deixe lá o tempo passar - dois anos - e veremos então quantas centenas de milhões direccionaram para a economia real e quantos milhares de milhões foram para suportar os grandes empreendimentos. Para já deixou de haver - como acontecia há duas semanas - razões e ouvir alguns lastimarem não conseguirem condições para apresentarem propostas aos concursos(das grandes obras públicas).
Os melhores cumprimentos
Caro CCZ:
ResponderEliminarAvalio a situação face aos elementos disponíveis e que parecem fidedignos. Se há algo escondido, então o mercado, na sua sabedoria, o revelará...
Caro Daniel Geraldes:
Também não tenho dúvida de que o plano engendrado não vai apenas permitir renegociar prazos da dívida interbancária, mas vai permitir obter nova dívida para financiar a economia. E aí se incluirão os grandes e pequenos projectos de obras públicas.
Alguns serão perfeitamente justificáveis. Outros, nem tanto, ou são mesmo injustificados. De qualquer forma, o recurso futuro à dívida pública ou ao aumento de impostos não decorre necessariamente dos avales prestados. Tal só acontecerá se os Bancos não tiverem meios para honrar as operações.
Por outro lado, cada Projecto tem a sua "economia" própria. E, claro, nalguns casos não dispensará o aval específico do Estado para o seu financiamento.
Caro Tonibler:
Diz que " crédito só é imprudente se não tiver spreads adequados ao risco da carteira em que estão incluídos. Mas, também, isso era o que diziam os sujeitos que empacotavam os subprimes..."
Tenho dúvidas se era isso o que diziam os tais sujeitos que empacotavam os subprimes de todas as naturezas que por aí andavam e andam. Mas a culpa e a fraude não morreu aí. A fraude também é dos "distribuidores", que vendiam a mercadoria como produto estruturado de grande confiança. E das empresas de rating, que não olhavam para os produtos. E das Auditorias, que só olhavam para as contabilidades e esqueciam o que era contabilizado.
Caro David Oliveira:
De acordo consigo. Quanto às aplicações dos fundos assim obtidos, também tenho algum pessimismo.
Qualquer medida, por muito boa que seja, tem alguns inconvenientes.
O estado serve de fiador dos bancos.
ResponderEliminar.
E quem vai servir de fiador do estado?
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Será que é agora que vamos sair do euro?
Parece-me que os méritos desta medida não devem ser dados a este governo mas aos "decisores" de Bruxelas.
ResponderEliminarO governo não fez mais do que aplicar o que foi decidido na União Europeia, adequando o aval às possibilidades do país.
Esta medida alegra-me pelo facto de a Europa ter dado, nesta matéria, uma lição aos Estados Unidos e resto do mundo.
Até agora foi a única medida capaz de devolver alguma esperança ao sector financeiro.
Desculpem colocar estar questão mas gostaria de ver esclarecido a redução do Iva nas cadeiras para bebé.
Comparando esta medida com a redução do Iva nas fraldas, vinha lembrar que a UE obrigou Portugal a repor a taxa máxima.
Não corremos o risco de estar a cair numa situação análoga?
Os Factos:
ResponderEliminarO "fundo de garantia" foi criado pelos governos com a principal finalidade de avalizar as transacções interbancárias, repondo o normal funcionamento do Mercado que será necessariamente suportado por dinheiros públicos. O Referido aval será suportado por dinheiros públicos, tendo cmo consequência directa uma diminuição do custo do dinheiro para mercado interbancário.
Quem responde?
Que mecanismos existem para garantir que a redução do preço do dinheiro para a Banca se vai reflectir no consumidor final?
Continuará a Banca a premiar com avultados prémios, indemnizações e salários os seus administradores?
O que sucederá com a distribuição de dividendos na Banca?
Quem medidas serão tomadas contra os eventuais responsáveis pela gestão danosa de uma instituição que tenha de se servir do referido fundo para garantir os depósitos e evitar a falência?
Caro Pinho Cardão
ResponderEliminarO problema dos prazos que refere tem a ver, como sabe, com a imunização do Capital Próprio do banco, o que tem a ver, por sua vez, com a “Duração” dos activos de um lado e doutro do Balanço.
Não me digam que o Banco de Portugal não acompanha a evolução da “leverage ratio” do banco e as Durações dos activos e passivos, exigindo ao banco a apresentação de documentos em que sejam evidenciados os perfis de risco da “Equity”, tendo em conta sobretudo as variações das taxas de juro…
Os bancos centrais nunca se aperceberam de nada ? Ou seremos forçados a pensar que as administrações dos bancos centrais eram (são) constituídas por amigos dos banqueiros?
Caro Planetas-Bruno:
ResponderEliminarDiz que "o aval será suportado por dinheiros públicos, tendo cmo consequência directa uma diminuição do custo do dinheiro para mercado interbancário".
Não é correcto: só o será se os Bancos entrarem em incumprimento.
Quanto ao resto, apenas digo e reafirmo que as fraudes devem ser punidas.
Caro Jorge Oliveira:
Claro que as "durations" (não gosto de utilizar estes palavrões...)deveriam requerer atenção especial dos Bancos, dos Reguladores, das Entidades de Supervisão, das Auditorias e dos accionistas. E não só a atenção, mas também a obrigação de "casar" os prazos dos activos e dos passivos.
Pelos vistos, houve alguma distracção!...
O problema não é de falta de regulação, mas do modo como é exercida.
Caro Jorge Oliveira:
ResponderEliminar...casar prazos e "pricings"!...
Os sistemas de remuneração variável [dos gestores] criaram efeitos perversos na sociedade Portuguese.
ResponderEliminarBom Senso é o que se pede