Ao longo da vida presenciei muitas situações de choro. Lágrimas a deslizar em sofrimento, lágrimas a espirrar alegria e lágrimas de fogo em desertos de esperanças.
O choro emocional é uma característica essencialmente humana, partilhado, ao que parece, também, pelos gorilas e os elefantes. Quanto aos crocodilos de água salgada as suas lágrimas são, apenas, uma forma expedita de eliminar sal. O seu equivalente humano poderá servir para muitos objectivos mas não deverá conseguir eliminar o excesso de sal que é ingerido. Se assim fosse talvez não houvesse tantos hipertensos!
Quanto à origem e função do choro, muito havia a dizer. Alguns investigadores consideram tratar-se de uma resposta fisiológica face à cremação dos entes queridos nos tempos pré-históricos, em que à emoção se juntaria o fumo! Será que se tivessem usado madeiras bem secas ou outras formas de dar destino aos corpos se estabeleceria o “reflexo” entre a morte e as lágrimas?
No poema de António Gedeão, “Lágrima Preta”, podemos ler a propósito da lágrima: “... Ensaiei a frio, experimentei ao lume, de todas as vezes deu-me o que é costume: nem sinais de negro, nem vestígios de ódio. Água (quase tudo) e cloreto de sódio.”
Quanto a “água e cloreto de sódio” é realmente a composição das lágrimas ditas basais, que permitem evitar a secura dos olhos e das lágrimas que surgem quando os olhos são agredidos, caso do fumo, da cebola, de poeiras e outros factores. Mas as mais peculiares, as mais humanas são as lágrimas das emoções. Nestas, a composição não é só água e cloreto sódio. Têm muitas mais coisas. E que coisas! As substâncias químicas produzidas no organismo devido ao stress, são eliminadas através desta via. Foram detectadas prolactina e outras hormonas. A presença de endorfinas, que têm um papel no alivio da dor, é uma constante nas lágrimas do sofrimento. Deste modo, as frases segundo as quais, “chorar faz bem”, “chorar alivia”, adquire uma explicação fisiológica.
Chorar também é uma forma de alerta, como acontece nas crianças, quando necessitam satisfazer as suas necessidades. Depois, à medida que crescem, acaba por se transformar numa forma de comunicação e até de manipulação. Esta última faceta, segundo alguns autores é mais comum no sexo feminino, podendo continuar ao longo da vida, e, desta forma, ser utilizada para obter muitas coisas desde o “perdão, até ao anel de diamantes”!
As diferenças hormonais explicam a razão porque as mulheres choram quatro vezes mais do que os homens. Depois com a idade, a redução da testosterona nos homens e dos estrogénios nas mulheres, levam os dois sexos a “aproximarem-se” mais um pouco no que respeita a estes dois grupos de hormonas, o que faz com que os homens comecem a chorar mais e as mulheres menos.
Chorar é um sinal de sofrimento e, ao mesmo tempo, uma forma de limpar o corpo de “toxinas relacionadas com o stress”. Sendo assim, quem contrariar a expressão emocional mais humana corre riscos de saúde nada desprezíveis.
Quantas lágrimas não são vertidas diariamente e quantos não desejariam libertar-se do sofrimento, pelo menos um pouco, através de pingentes cristalinos, essência da alma, que se vai desfazendo aos poucos? Muitos deverão ter perdido a alma, porque só conseguem chorar lágrimas secas. E lágrimas secas não aliviam a dor...
O choro emocional é uma característica essencialmente humana, partilhado, ao que parece, também, pelos gorilas e os elefantes. Quanto aos crocodilos de água salgada as suas lágrimas são, apenas, uma forma expedita de eliminar sal. O seu equivalente humano poderá servir para muitos objectivos mas não deverá conseguir eliminar o excesso de sal que é ingerido. Se assim fosse talvez não houvesse tantos hipertensos!
Quanto à origem e função do choro, muito havia a dizer. Alguns investigadores consideram tratar-se de uma resposta fisiológica face à cremação dos entes queridos nos tempos pré-históricos, em que à emoção se juntaria o fumo! Será que se tivessem usado madeiras bem secas ou outras formas de dar destino aos corpos se estabeleceria o “reflexo” entre a morte e as lágrimas?
No poema de António Gedeão, “Lágrima Preta”, podemos ler a propósito da lágrima: “... Ensaiei a frio, experimentei ao lume, de todas as vezes deu-me o que é costume: nem sinais de negro, nem vestígios de ódio. Água (quase tudo) e cloreto de sódio.”
Quanto a “água e cloreto de sódio” é realmente a composição das lágrimas ditas basais, que permitem evitar a secura dos olhos e das lágrimas que surgem quando os olhos são agredidos, caso do fumo, da cebola, de poeiras e outros factores. Mas as mais peculiares, as mais humanas são as lágrimas das emoções. Nestas, a composição não é só água e cloreto sódio. Têm muitas mais coisas. E que coisas! As substâncias químicas produzidas no organismo devido ao stress, são eliminadas através desta via. Foram detectadas prolactina e outras hormonas. A presença de endorfinas, que têm um papel no alivio da dor, é uma constante nas lágrimas do sofrimento. Deste modo, as frases segundo as quais, “chorar faz bem”, “chorar alivia”, adquire uma explicação fisiológica.
Chorar também é uma forma de alerta, como acontece nas crianças, quando necessitam satisfazer as suas necessidades. Depois, à medida que crescem, acaba por se transformar numa forma de comunicação e até de manipulação. Esta última faceta, segundo alguns autores é mais comum no sexo feminino, podendo continuar ao longo da vida, e, desta forma, ser utilizada para obter muitas coisas desde o “perdão, até ao anel de diamantes”!
As diferenças hormonais explicam a razão porque as mulheres choram quatro vezes mais do que os homens. Depois com a idade, a redução da testosterona nos homens e dos estrogénios nas mulheres, levam os dois sexos a “aproximarem-se” mais um pouco no que respeita a estes dois grupos de hormonas, o que faz com que os homens comecem a chorar mais e as mulheres menos.
Chorar é um sinal de sofrimento e, ao mesmo tempo, uma forma de limpar o corpo de “toxinas relacionadas com o stress”. Sendo assim, quem contrariar a expressão emocional mais humana corre riscos de saúde nada desprezíveis.
Quantas lágrimas não são vertidas diariamente e quantos não desejariam libertar-se do sofrimento, pelo menos um pouco, através de pingentes cristalinos, essência da alma, que se vai desfazendo aos poucos? Muitos deverão ter perdido a alma, porque só conseguem chorar lágrimas secas. E lágrimas secas não aliviam a dor...
De António Gedeão:
ResponderEliminar"Lágrima de preta"
Encontrei uma preta
que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.
Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.
Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.
Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.
Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:
nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.
Não sei era preta porque fosse mais uma vítima de violência doméstica, ou se era a sua cor natural (tinhas de dizer uma palermice Bartolomeu, está-te no sangue, irra!)
Caro Professor Massano Cardoso
ResponderEliminarMuito interessante o seu texto.
Fiquei preocupada com as diferenças de lágrimas entre mulheres e homens. Se as mulheres choram quatro vezes mais que os homens é porque sofrem quatro vezes mais do que os homens! Não é justo que assim seja. Mesmo que com a idade os homens comecem a chorar mais, o que é certo é que não choram quando são mais novos e quem paga as "favas" são as mulheres!
Caro Professor,
ResponderEliminarFaço-o já há dois anos: para treinar os meus alunos e incentivá-los a outras leituras, para além dos jornais desportivos e dos conteúdos programáticos, apresento-lhes semanalmente alguns dos seus textos.
Espero que não se aborreça com este meu atrevimento.
Nunca o referi, mas sinto necessidade agora de lhe agradecer os textos que produz, onde todas as dimensões do ser humano surgem ponderadas e se respira humanidade.
Bem-haja
Cara emn
ResponderEliminarAborrecer? Muito pelo contrário. Saber que posso ser útil a alguém é uma distinção que muito me agrada.
Obrigado.