A história das transplantações é relativamente recente, apesar de inúmeras tentativas ao longo dos tempos.
O primeiro transplante com sucesso ocorreu em 1905 utilizando a córnea. Depois, a partir de meados da década de cinquenta, iniciaram-se vários tipos de transplantes com sucesso, primeiro com rins, depois pâncreas, fígado, coração, pulmão, mãos, face, pénis, braços, ovários e, mais recentemente, traqueia restaurada com as células estaminais da doente.
No início levantaram-se inúmeras polémicas, como é óbvio. Com o tempo acabaram por ser aceites ao ponto de muitos tipos de transplantes caírem numa rotina.
A necessidade de órgãos é cada vez maior e, apesar de todos os esforços legislativos, não se consegue dar resposta, até porque os mais novos, os potenciais dadores, morrem cada vez menos e os mais velhos necessitam cada vez mais.
O investimento em células estaminais é uma solução, mas, agora, os cientistas estão a voltar-se para os xenotransplantes. Inicialmente temeu-se o risco de despertar vírus dos animais, falando dos porcos, que poderiam provocar graves problemas. Com o tempo, e os novos conhecimentos entretanto adquiridos, perspectivam-se esperanças para que no futuro – não muito longínquo – se consiga enveredar por esta técnica, graças à possibilidade de introduzir genes humanos nos animais, alterar a sua estrutura antigénica, modificar o riscos de coagulação e muitos outros fenómenos, nomeadamente relacionados com a incompatibilidade imunológica. Os xenotransplantes estão em tal desenvolvimento que já começaram a ser utilizadas células de porco para tratar a diabetes e com sucesso.
Recentemente, realizou-se na China –local curioso para tratar destes assuntos!-, um encontro sob o patrocínio da O.M.S. para tratar à escala mundial a xenotransplantação. Foi emitida uma declaração, Comunicado Changsha, que vai constituir o guia para regular esta actividade.
Abre-se a perspectiva de na próxima década muitos seres humanos começarem a utilizar corações, pulmões, fígados e rins de porco. Sendo assim, poderemos satisfazer as necessidades de centenas de milhares de doentes, evitar tráficos e negócios menos confessados relativamente a órgãos humanos. Mas é claro que se irão levantar problemas éticos. Como encarar alguém que vive com um coração de porco? Será que se perde um pouco da nossa humanidade? E os que vêem os porcos como animais impuros? Caso dos judeus e muçulmanos? Se não comem a carne nem pensar utilizar os seus órgãos! Será mesmo? Os que querem viver às tantas até são capazes de renegar a fé a troco de um coração, de um rim ou de um fígado de porco! E os que se deleitam com as chouriças, febras, iscas e outros derivados porcinos? Bom, para estes o mínimo que poderão fazer, caso sejam portadores de um órgão desta espécie é absterem-se de “o” comer. Enfim, é muito chato bombear sangue cheio de produtos porcinos com um generoso coração de porco. “Porcinofagia”, não!
O primeiro transplante com sucesso ocorreu em 1905 utilizando a córnea. Depois, a partir de meados da década de cinquenta, iniciaram-se vários tipos de transplantes com sucesso, primeiro com rins, depois pâncreas, fígado, coração, pulmão, mãos, face, pénis, braços, ovários e, mais recentemente, traqueia restaurada com as células estaminais da doente.
No início levantaram-se inúmeras polémicas, como é óbvio. Com o tempo acabaram por ser aceites ao ponto de muitos tipos de transplantes caírem numa rotina.
A necessidade de órgãos é cada vez maior e, apesar de todos os esforços legislativos, não se consegue dar resposta, até porque os mais novos, os potenciais dadores, morrem cada vez menos e os mais velhos necessitam cada vez mais.
O investimento em células estaminais é uma solução, mas, agora, os cientistas estão a voltar-se para os xenotransplantes. Inicialmente temeu-se o risco de despertar vírus dos animais, falando dos porcos, que poderiam provocar graves problemas. Com o tempo, e os novos conhecimentos entretanto adquiridos, perspectivam-se esperanças para que no futuro – não muito longínquo – se consiga enveredar por esta técnica, graças à possibilidade de introduzir genes humanos nos animais, alterar a sua estrutura antigénica, modificar o riscos de coagulação e muitos outros fenómenos, nomeadamente relacionados com a incompatibilidade imunológica. Os xenotransplantes estão em tal desenvolvimento que já começaram a ser utilizadas células de porco para tratar a diabetes e com sucesso.
Recentemente, realizou-se na China –local curioso para tratar destes assuntos!-, um encontro sob o patrocínio da O.M.S. para tratar à escala mundial a xenotransplantação. Foi emitida uma declaração, Comunicado Changsha, que vai constituir o guia para regular esta actividade.
Abre-se a perspectiva de na próxima década muitos seres humanos começarem a utilizar corações, pulmões, fígados e rins de porco. Sendo assim, poderemos satisfazer as necessidades de centenas de milhares de doentes, evitar tráficos e negócios menos confessados relativamente a órgãos humanos. Mas é claro que se irão levantar problemas éticos. Como encarar alguém que vive com um coração de porco? Será que se perde um pouco da nossa humanidade? E os que vêem os porcos como animais impuros? Caso dos judeus e muçulmanos? Se não comem a carne nem pensar utilizar os seus órgãos! Será mesmo? Os que querem viver às tantas até são capazes de renegar a fé a troco de um coração, de um rim ou de um fígado de porco! E os que se deleitam com as chouriças, febras, iscas e outros derivados porcinos? Bom, para estes o mínimo que poderão fazer, caso sejam portadores de um órgão desta espécie é absterem-se de “o” comer. Enfim, é muito chato bombear sangue cheio de produtos porcinos com um generoso coração de porco. “Porcinofagia”, não!
Como lhe é característico,um texto sério e simultâneamente bem humorado, caro Professor.
ResponderEliminarEfectivamente, o problema de falta de orgãos para transplante, condiciona muitíssimo a qualidade de vida das pessoas que se encontram nessa situação. Talvez a xenotransplantação seja a solução do futuro e tal como o Sr. Professor "adianta", haja quem renegue os princípios religiosos, pela salvação da vida. Afinal, não deixa de ser um pouco... fazer justiça por mãos próprias (hehehe).
Este avanço da ciência, irá ainda abrir novos espaços nas relações sociais, laborais e privadas. Não é difícil imaginarmos a secretária assediada pelo patrão, chamar-lhe com alguma propriedade: "O senhor é um porco!" e o patrão ripostar em sua defesa " só em parte menina Efigénia, só em parte".
;))