...pela inegável habilidade com que se serve dos media, transformando não-medidas em rotundas vitórias políticas, sabendo aproveitar a cada vez mais notória predisposição dos órgãos de comunicação social para transmitir como notícia o que lhes chega pelas vias oficiais ou pelas centrais de informação.
Vamos a um exemplo de hoje. Unânime, a comunicação social refere-se nos seguintes termos a um comunicado do MOPTC sobre o tarifário dos transportes públicos: "É a primeira vez em 30 anos que preços não são actualizados" ou "governo impõe congelamento dos preços dos transportes" (vd. por exemplo, o DN). Nada de mais irreal. Quem paga para utilizar os transportes públicos sabe bem que em Julho deste ano as tarifas sofreram um aumento substancial, incluindo os passes sociais, explicado pelo nível que atingiu o preço dos combustíveis. Não consta que nessa altura os títulos fossem "Vamos a meio do ano e é a primeira vez em 30 anos que os preços são já duas vezes aumentados" ou "governo não resiste à pressão das transportadoras". Como as cotações da gasolina e em especial do gasóleo vêm recuando para valores que já não se viam há anos, o que verdadeiramente ocorreu foi uma antecipação do aumento do tarifário, que, contas bem feitas, deveria porventura agora dar lugar a um ajustamento em baixa e não à manutenção das tarifas, proclamada como grande feito.
Porém, não faltará quem veja na coisa mais um acto de grande coragem do governo, ajudado pela reacção da ANTROP que queria mais do que obteve em Julho, e da falta de capacidade crítica ou da cumplicidade dos media.
Há pois que reconhecer o grande mérito do ilusionismo governamental aproveitando a fraca luz do palco mediático, todavia sempre disponível para o espectáculo por mais pífio que seja. Não explica, mas ajuda a compreender o menor desgaste do governo em relação ao esperado por muitos.
Metade da comunicação social é feita nos gabinetes de imagem das empresas e nos gabinetes de propaganda do governo. Outra parte importante é feita dos escândalos e ainda outra é entregue aos "pensadores" do costume.
ResponderEliminarO que resta é pouco, muito pouco, apesar de revelar alguns jornalistas interessantes e alguns novos comentadores com qualidade.
O que é pena, mas dá ideia do estado das coisas.
Tal como já tinha feito referência, os media portugueses andam ás ordens de Sócrates, do Governo e do PS. Mas eles gostam, porque quase todos são dessa "área"...
ResponderEliminarHmmmm... não lhes parece que possa existir um acordo secreto, cuja finalidade seja a de criar os postos de trabalho que o senhor engenheiro tinha prometido?
ResponderEliminarÁs tantas... o governo cria situações para que os média "fabriquem" a notícia, depois... é tudo uma questão de aritmética: mais situações, geram mais notícias, mais notícias requerem mais mão-de-obra. E, nas redacções emprega-se muito material humano... ai não que não!
Depois... como é tudo a reinar...
Caro Drº Ferreira de Almeida:
ResponderEliminarTira o Drº e tiro eu!
Não há dúvia que o engº sócrates tem uma enorme capacidade de gerir os timings de modo a sair-se sempre bem.
Ainda à escassos minutos, dizia ele, enquanto visitava terras de Torga, que todos os funcionários passavam a ter disponível uma ajuda dos serviços sociais da administração pública para os casos urgentes (falecimento de familiares etc.), que poderia chegar a mais ou menos €2.500! Isto em prime time vale ouro!.
Não ouvi nenhum jornalista questionar o porquê de toda esta benevolência, o que significa que o homem está muito bem assessorado...
A ler: Hoje é dia de recordar o que é o populismo
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