domingo, 1 de fevereiro de 2009

"Achismo" e patetice

Acentuou-se nestes dias. Leio e ouço os nossos comentadores e analistas "achar" sem limite. E já adivinho que, quando se exercitam nas técnicas do Direito começam por dizer "bem, eu não sou jurista, mas acho que...", invariavelmente sai disparate do grosso!
É ténue a fronteira entre o "achismo" institucionalizado e a patetice. Quem se importa quando um e outra vendem jornais e publicidade nas TV e rádios, ou são representações das inúmeras telenovelas que o povão adora e constituem o abono de família de muitos órgãos de comunicação social?

12 comentários:

  1. Divagando um pouco, caro Ferreira de Almeida.
    Acontece que profissionais do direito, mestres e catedráticos, também todos os dias acham coisas diferentes na mesmíssima matéria. Porventura mui doutamente e mui criteriosamente.
    Claro que muitas vezes se trata de um achismo bem pago, que isto de achar tem que se lhe diga!...
    Ao fim e ao cabo, todos vamos achando. Os Engenheiros acham de economia, os economistas acham de direito, e os juristas normalmente acham de tudo.
    Na obediência ao aforismo, que levamos ao limite, de que as há coisas demasiado importantes para serem deixadas aos especialistas...

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  2. ...especialistas e generalistas que, de facto, têm campo fértil na comunicação social. Numa estratégia win, win, em que ganham todos. Todos? Mas o que lhes interessa a informação, desde que vendam opinião de cordel?

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  3. Anónimo21:13

    Meu caro Pinho Cardão, tem o meu Amigo inteira razão quanto ao "achismo" colectivo a que não escapam os juristas, bem pelo contrário.
    Mas a minha nota não significa qualquer censura à manifestação de opiniões, livre e ampla. Nem me referia no post às saudáveis divergências de opinião jurídica, mas à facilidade com que se disserta sobre o que diz a lei ou o que decorre do nosso sistema jurídico, quando é patente que não leram a lei sobre que dissertam nem fazem a mais pequena ideia dos fundamentos do sistema!
    Já aqui, no 4R, manifestei a minha convicção de que a lei é feita para todas as pessoas, não só para os juristas. Só assim, de resto, se pode entender que a responsabilidade pelo incumprimento da lei recaia também sobre aquele que a não conhece, porque existe a obrigação de a conhecer.
    A questão não é, porém, esta.
    Neste fim de semana li dois textos de doutos comentadores sobre os poderes dos governos de gestão. Aposto com o meu Amigo que nenhum dos dois leu o que diz a norma da Constituição.
    Acabei momentos antes de escrever o post de ler um comentário acerca do segredo de justiça. Uma montanha de dislates só explicável pela lata com que, desconhecendo-se a lei, não existe qualquer rebuço de se falar do que se não sabe, com o unico intuito de engrossar a mainstream.
    Opinar com seriedade, como o meu Amigo bem sabe, pressupõe um mínimo de conhecimento. Opinar sem conhecimento minimo é cair, com facilidade, na patetice.

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  4. Caro Ferreira de Almeida:
    A minha mulher estava a chamar-me para o jantar, pelo que a pressão de não chegar tarde à mesa impediu-me, miseravelmente, o tom certo, de que me tentei aproximar no segundo comentário. Claro que estou totalmente de acordo consigo. E o que se vê e ouve é completa patetice, pareceres de cordel, como lhe chamei.
    Mas lamentavelmente servem para vender, imagem para uns, tiragem para outros.
    O que interessa é encher chouriços!...

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  5. EU ACHO que o meu Amigo ainda levou um ralhete por estar tanto tempo a blogar e a comida a arrefecer...

    :)

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  6. E acha muito bem!...
    E, ainda por cima, acho que a culpa é toda do Ferreira de Almeida!...

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  7. Escrevi sobre isso no blog(tendo Moita Flores como exemplo):
    http://aoutravarinhamagica.blogspot.com/

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  8. Anónimo10:44

    Meu caro Pinho Cardão, estou habituado a lidar com a culpa. Por isso, se for necessário confirmar, para efeitos domésticos, que fui eu que o desviei do jantar, cá estou eu para assumir essa responsabilidade.

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  9. Caro Ferreira de Almeida:
    Desta vez, a coisa passou com danos controlados...Mas, para a próxima, usarei da sua nunca desmentida benevolência e boa vontade!...

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  10. eu acho que o meu amigo não explicou bem o que o detinha, por isso a admoestação. Há causas importantes, o achismo nacional e o modo como se vai espraiando por todo o lado, ao ponto de já não parecer achismo mas achiência, assume foros dramáticos. QUalquer dia já é possível enganar toda a gente o tempo todo (o que era considerado científicamente impossível!)

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  11. Os tempos evoluem, cara Suzana!...

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  12. Anónimo22:23

    Achiência! Eis um excelente neologismo, Suzana. Anotei.
    Nós por cá vamos fazendo por continuar com os olhos abertos e por ajudar a abrir alguns, contrariando essa tendência para a aldrabice, que tende a ser universal e permanente.

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