1. A imprensa conferiu ontem largo destaque a declarações de um conhecido economista recomendando (i) o congelamento de salários bem como (ii) um forte aumento da tributação do rendimento pessoal para escalões de rendimento mais elevados, como uma das soluções “mágicas” para resolver o problema dos graves desequilíbrios que enegrecem o futuro da economia portuguesa.
2. A essa solução mágica acrescentou a salvadora ideia da maioria absoluta como condição “sine qua non” para assegurar a “governabilidade” do País.
3. Duas ideias que para mim são fundamentalmente erradas, mesmo perversas, mas duas ideias que visivelmente encantaram muita gente se bem percebi...
4. Numa brevíssima análise e começando pela primeira – congelamento dos salários e agravamento da tributação – devo confessar que não percebo nem uma coisa nem outra.
5. Então numa altura em que a precariedade do emprego é aquilo que se vê, em que se perspectiva um fortíssimo aumento do desemprego, em que a capacidade reivindicativa das pessoas que trabalham nos sectores privados é praticamente nula – a solução é o congelamento de salários?
6. A proposta em causa não teve o cuidado de distinguir, como seria fundamental que fizesse, entre sectores protegidos da economia e sectores expostos à concorrência, sendo que são estes últimos, como se sabe, que têm vindo a suportar o grande impacto da crise que nos afecta.
7. Se existe justificação para congelamento de salários – e muito mais do que isso, aliás - essa vai inteirinha para os sectores protegidos da economia – com o Sector Público Administrativo à cabeça – que continuam a viver e a gastar como se nada se passasse, enquanto as empresas mais dinâmicas e expostas à concorrência suportam todos os efeitos da crise...
8. O problema dos sectores expostos à concorrência são em 1º lugar a quebra da procura – assunto que o congelamento de salários nunca resolverá – e em 2º o peso extraordinário dos sectores protegidos, traduzido em impostos excessivamente elevados, taxas absurdas, burocracia paralisante, factores de produção mais caros do que se justificaria.
9. Acresce que a proposta em causa não teve uma única palavra para o excesso de despesa pública, corrente e de “investimento” – essa sim o verdadeiro cancro da economia portuguesa – que enquanto não for seriamente combatido nunca permitirá que se corrijam os desequilíbrios fundamentais da economia...
10. Supõe-se pois que na visão do autor (?) toda essa despesa será necessária e boa - e até poderá aumentar com o aumento da tributação recomendado para os escalões mais elevados, uma vez que o nível de tributação em Portugal é como se sabe ainda muito baixo...
11. Uma última palavra, nesta curtíssima análise, para a propalada teoria da “necessidade da maioria absoluta” como condição da tal “governabilidade”.
12. A diferença fundamental que me parece poder colocar-se, neste momento, entre uma maioria absoluta e uma maioria relativa é de que com a primeira podemos estar certos de continuar a ser mal governados...e na segunda haverá naturais dúvidas, poderemos ser melhor ou pior governados.
13. Congelamento de salários + maioria absoluta? NÃO, NÃO e NÃO!!!
O Sócras dos outlets ou a velhota do PSD quando se apanharem no poleiro vão, quase de certeza, despedir muitos funcionários e congelar os salários dos que ficarem. É a crise. Dirão eles.
ResponderEliminarCoitado do Senhor. O melhor é ignorar as suas opiniões. A idade não perdoa...
ResponderEliminarOu então, está a satisfazer uma encomenda prévia.
Se assim for, ainda está pior do que eu imaginava. Está completamente ché-ché...
Coitado do Senhor. O melhor é ignorar as suas opiniões. A idade não perdoa...
ResponderEliminarOu então, está a satisfazer uma encomenda prévia.
Se assim for, ainda está pior do que eu imaginava. Está completamente ché-ché...
São os remédios do costume! Tudo igual para quase todos, tal como na antiga URSS! Mas, estas medidas populistas terão um grande apoio de vastas franjas da população portuguesa, basta lembrar o apoio que a estalinista Ministra da Educação teve e tem em muito sectores ditos de direita depois da mesma ter garantido que um educador de infância continuará a ter o mesmo salário que um professor do 1º Ciclo, ou um professor de Física-Química do 12º ano!
ResponderEliminarE assim vamos quase todos empobrecendo alegremente desde que o Primeiro Ministro e seus acólitos demonstrem coragem e determinação a enfrentar nem sem bem o quê!
Caro Fartinho da Silva, basta comparar o grau de dificuldade de um curso de educador de infância, onde têm, entre outras coisas, de saber...hmmmm... bem, seja lá o que eles "aprendem" naquela meia-dúzia de semestres, com o currículo de um curso de Físico-Química, para ver logo que estão ao mesmo nível. É que lidar com aquelas pestezinhas é comparável a resolver uma função de onda de Schrödinger!
ResponderEliminarAgora mais a sério, porque razão continuamos a ser bombardeados com as soluções/recomendações/devaneios (riscar a que não interessa) destes senhores? Mais realismo e menos populismo, sff. E já se aproximam as eleições e o seu rol de parvoíces a metro.
Caro Tavares Moreira,
ResponderEliminarQuanto ao congelamento de salários seria pertinente na Administração Pública para tentar aclamar o frenesim gastador do Estado. Por outro lado, congelar os salários é no mínimo ridículo, tendo em conta que a actual conjuntura acontece também por falta de procura. Congelar os salários, não me parece que venha resolver...
Julgo que com o aproximar das eleições assistiremos a mais medidas populistas que pouco mais farão do que conquistar votos!
Caro Tavares Moreira,
ResponderEliminarEntão já descobri quem é que ainda ouve economistas...Eu agora exijo algum rigor científico, como nos astrólogos e tarologistas. A verdade é que o prof Karamba é bem mais certeiro que os professores de economia que todos os dias aparecem na televisão e sabe de economia o mesmo que eles.
Caro Tavares Moreira
ResponderEliminarNão vou entrar na discussão do mérito da medida. Estes actos tocam no nosso imaginário judaico-cristão e na subliminaridade igualitária glosada pela educação marxista.
É muito complicado e de difícil desmontagem, a nossa cultura actual coloniza o pensamento e a comunicação com um conjunto de ideias feitas: magreza= a beleza; juventude= a sucesso e capacidade; males do mundo= aquecimento global, desigualdades e outros.
Posto isto, um pequeno comentário
Sabe, certamente sabe, que o ganho líquido com o aumento em dois pontos percentuais da taxa dos dois escalões máximos do IRS representa +/- € 40 M a 50M adicionais.
Ora é próximo do que a Administração Central previu +/- € 38/40M para pareceres e consultoria externa, ou seja para realizarem externamente o trabalho que pode (e deve direi eu), ser elaborado sem custo.
Dá para pensar, parafraseando os momentos ZEN da RFM.
Cumprimentos
joão
Caro Kruzes Kanhoto,
ResponderEliminarMas que comentário mais pessimista...cruzes, canhoto!
Caro ASG,
Nunca faço comentários de tipo pessoal, apenas critico, quando entendo criticar - como neste caso e com toda a veemência - ideias ou políticas das quais discordo - como neste caso, de forma radical.
Caro Fartinho da Silva,
É bem capaz de encerrar alguma virtude este seu comentário...a teimosia, mesmo quando de base acéfala, se bem vendida até convence muitos incautos da sua excelência...
Caro Prof Karamba, perdão Tonibler,
Sua invocação do famoso astrólogo deixa-me emocionado, pois é personalidade a quem desde há muitos anos tributo grande admiração!
Comparar o ilustre Prof. Karamba aos nossos economistas do regime é que me parece um exercício quase heróico, meu Caro, o Professor não comete deslizes destes...e nos raros casos em que os comete a culpa é dos astros que não dele...
Caro André,
No caso da Administração Pública - Central, Regional e Local - e do Sector Empresarial do Estado, das Regiões e dos Municípios (estamos a falar de bem mais de 1.000 empresas quase todas deficitárias) o simples congelamento de salários pouco resolve, a cirurgia tem de ser muito mais profunda!!!
Caro João,
A tributação extra não dá para pagar aos consultores externos...meu Amigo só entrou com os que estão visíveis na despesa corrente - mas teria de acrescentar os muitos mais que se escondem nas despesas de "investimento",sendo englobados nos custos dos projectos...
E as despesas com as agências de comunicação e imagem, que são directa e indirectamente suportadas pelo Estado, já imaginou quanto é que isso (nos) custa?!!!
Faz-me imensa pena as opinioes expressas serem da responsabilidade da pessoa em causa, que, quer queiramos, quer não, foi alguém neste país, sempre alinhado a uma esquerda moderada que teve um desempenho importante após o aparecimento desta democracia avançada em que vivemos, ou vegetamos, já não sei. A não ser que a pessoa em questão já esteja também cloroformizado, como tantos outros.
ResponderEliminarCaro antoniodosanzois,
ResponderEliminarNão coloquemos a questão neSses termos, se me permite...Não me parece útil encarar esta questão sob um prisma pessoal mas de discordância, absoluta e fundamentada, das ideias/políticas.
Maioria absoluta? Absolutamente não!