Num programa de televisão ontem (RTP?) os repórteres foram ao terreno perguntar aos cidadãos se sabiam da obrigação legal de registar os poços, noras, furos, minas, barragens, açudes ou descargas de águas residuais até ao fim de Maio (agora passou para 2010). Que não, não sabiam, diziam as pessoas das localidades rurais, esse país profundo aqui tão perto. Ou então que sim, tinham ouvido falar na aldeia mas que não sabiam mais nada, ninguém os tinha informado.
- E sabe que a multa pode ser de 25 000 euros até mais de 30 000? – dizia o repórter
O homem ficou parado, a avaliar a dimensão do dinheiro e depois encolheu os ombros, a desistir.
- Sei lá, capazes disso são eles, a gente já está habituada a tudo, mas aqui ninguém sabe de nada, quando é para multar é que aparecem, para ajudar ninguém vem.
Mais à frente, o repórter interroga uma senhora de cabelos todos brancos e ar tranquilo, pouco disposta a preocupar-se com os disparates que vê todos os dias.
- Ai é preciso? Eu não sei, tenho poço, sim senhor, mas isso de registar não sei, falam para aí qualquer coisa mas não sei ao certo.
- E sabe o que é preciso fazer? – o repórter tira um maço de papéis, vários impressos com perguntas e quadradinhos para registar todos os detalhes exigidos. – Tem que preencher e entregar isto.
A mulher deita uma olhada divertida à papelada.
- Ai sim?, Olhe, eu nem sei ler, o pouco que aprendi já esqueci e agora vejo mal, assino o nome com dificuldade, se é preciso preencher isso tudo não sei.
E por aí fora.
Hoje falei com um proprietário de uma herdade que tinha vários poços, a Câmara mandou construir um aterro nas proximidades, do outro lado da estrada, e a água está inquinada, teve que fechar os poços, mas mesmo assim não sabe se terá que os registar.
Se havia dúvidas sobre o abismo que há entre mundo dos que legislam, teorizam e apontam coimas e os cidadãos a quem as leis se destinam, ficámos esclarecidos, há casos em que a insensatez é mais funda que um poço.
- E sabe que a multa pode ser de 25 000 euros até mais de 30 000? – dizia o repórter
O homem ficou parado, a avaliar a dimensão do dinheiro e depois encolheu os ombros, a desistir.
- Sei lá, capazes disso são eles, a gente já está habituada a tudo, mas aqui ninguém sabe de nada, quando é para multar é que aparecem, para ajudar ninguém vem.
Mais à frente, o repórter interroga uma senhora de cabelos todos brancos e ar tranquilo, pouco disposta a preocupar-se com os disparates que vê todos os dias.
- Ai é preciso? Eu não sei, tenho poço, sim senhor, mas isso de registar não sei, falam para aí qualquer coisa mas não sei ao certo.
- E sabe o que é preciso fazer? – o repórter tira um maço de papéis, vários impressos com perguntas e quadradinhos para registar todos os detalhes exigidos. – Tem que preencher e entregar isto.
A mulher deita uma olhada divertida à papelada.
- Ai sim?, Olhe, eu nem sei ler, o pouco que aprendi já esqueci e agora vejo mal, assino o nome com dificuldade, se é preciso preencher isso tudo não sei.
E por aí fora.
Hoje falei com um proprietário de uma herdade que tinha vários poços, a Câmara mandou construir um aterro nas proximidades, do outro lado da estrada, e a água está inquinada, teve que fechar os poços, mas mesmo assim não sabe se terá que os registar.
Se havia dúvidas sobre o abismo que há entre mundo dos que legislam, teorizam e apontam coimas e os cidadãos a quem as leis se destinam, ficámos esclarecidos, há casos em que a insensatez é mais funda que um poço.
deviam informar onde se pode registar os poços ????
ResponderEliminarCara Suzana,
ResponderEliminarDeve ser porque "os que legislam, teorizam e apontam coimas" ganham pouco...:)
Se calhar o seu amigo ainda vai ter que cavar muito a desaterrar os poços, registá-los, pedir autorização para aterrá-los, alterar as plantas topográficas (os poços constam do cadastro) e só depois destas voltinhas todas é que a coisa deve estar regularizada. Pelas minhas contas isto vai dar até aos herdeiros…
ResponderEliminar:)
Registarei os meus poços quando o Governo registar os buracos criados ao longo desta legislatura. É simplex!
ResponderEliminarSerá pedir demais?