terça-feira, 26 de maio de 2009

Uma nova bolha especulativa?


O El País traz um interessante artigo sobre o crescimento do negócio das energias renováveis. Um relatório do Ministério da Indústria espanhol alerta para o surgimento de nova e perigosa bolha especulativa, insustentável como todas as outras. No país de nuestros hermanos observam-se crescimentos da ordem dos 450%/ano no sector das energias renováveis (por exemplo, no fotovoltaico), sem que isso se reflita no preço da energia ao consumidor. Pelo contrário. Segundo o governo espanhol (que recebeu o apoio de alguns partidos para além do PSOE) "determinadas tecnologías encarecen el recibo de la luz, fomentan la especulación y dificultan la circulación de la energía por la red eléctrica".

6 comentários:

  1. Lá no meu monte, onde já plantaram 5 coizinhas destas, queixam-se os que habitam a aldeia de um zunido que não os deixa descansar durante a noite e os faz andar com a cabeça azamboada durante o dia...
    Eu, que estou a cerca de 3 km dos zingarelhos, não noto qualquer zunido, nem decréscimo no preço da energia electrica.
    Afecta-me ligeiramente a poluição visual que as ventoínhas causam, mas... sei sempre se vai chover ou fazer frio, basta-me olhar para elas e perceber se apontam para sul ou para norte.
    Ha dias, a propósito destas produtoras de energia, em conversa com um vizinho que andava a tratar da horta, disse-lhe com um ar muito sério: Sôr Xico, vai ver que um dia destes, quando olharmos, aquele monte já lá não está.
    Não está ? responde-me ele com um ar inquisidor.
    -Pois, repare, com aquelas ventoínhas todas, um dia, o monte ainda levanta voo.
    Como o meu vizinho não demonstrou ter achado graça e aquela gente por vezes é um tanto sensível, fiquei na dúvida se tinha percebido a graça, ou se pensou que estava a fazer dele parvo.
    - Optei por um infantil: Estáva na brincadeira, sô Xico.
    - Pois, responde-me ele.

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  2. Já me tenho interrogado sobre o preço que a sociedade paga ou virá a pagar pela aposta nas energias renováveis, e não tenho conseguido responder às minhas interrogações. Procurei na net alguma informação sobre o preço de custo das energias renováveis com êxito nulo. Sei que em Portugal a EDP compra electricidade a particulares a preços subsidiados e que estes particulares ainda beneficiam de benefícios fiscais. Mas é uma falácia considerar que a energia solar ou eólica é grátis, pois, mesmo sem pagar a luz do sol nem o vento, os investimentos por vezes vultuosos correspondem a um custo de amortização. Não me admira a notícia do El País em como determinadas energias encarecem o recibo da luz e espanta-me que Bartolomeu se admire de não notar decréscimo no preço da energia eléctrica. Considero acertado, até certo ponto, o investimento em energias renováveis, pois os combustíveis fósseis (e mesmo o urânio) hão-de se esgotar, mas gostaria que alguém me pudesse esclarecer sobre o preço de custo real destas energias.

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  3. Há que distinguir o trigo do joio! Como todos sabemos o investimentos público e privado em energias alternativas são necessários e urgentes dado que os seus benefícios são imensamente grandes em contraponto às energias fósseis. Isto é inquestionável. Agora, o facto de haver especulação e empolamento dos activos das empresas ligadas a este sector, tem mais a ver com os sistemas permissivos, ou não, dos estados.
    Por isso, salvo melhor opinião, há que regulamentar e criar a supervisão necessária de modo a prevenir situações de ganância como aquelas que deram origem a actual crise...

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  4. O Eng. Mira Amaral tem escrito no Expresso sobre o assunto e é muito crítico do facto de só falarem nas vantagens e omitirem os inconvenientes, como o efectivo aumento da factura (ou do défice tarifário) e os custos a montante, na fabricação das torres e pás. Quanto ao impacto visual, acho que realmente é extraordinário que ninguém se preocupe com isso, quem vai por exemplo pela A8 pode ver que os montes parecem um paliteiro, até Torres Vedras pelo menos!Entretanto, os investidores já começaram a fazer saber que não "compensa" continuar a investir se "as condições" não forem garantidas, leia-se, os preços de venda à rede garantidos em determinado montante.

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  5. As energias renováveis, particularmente o eólico e o fotovoltaico, têm custos de exploração praticamente nulos: não consomem qualquer combustível, são instalações abandonadas e a manutenção tem custos muito baixos. Pode-se dizer que o único custo é o relativo ao investimento, através da respectiva amortização.
    Ora o investimento unitário destas instalações (€/kW) é relativamente elevado (mais para o fotovoltaico do que para o eólico) fazendo com que a energia eléctrica por elas produzida não seja competitiva face à produzida por centrais de ciclo combinado a gás natural ou centrais a carvão.
    O que o governo fez foi fixar administrativamente (por portaria) o preço a que a energia produzida nessas instalações será comprada. Desse modo esses investimentos não competitivos são bons negócios pois a produção está sempre vendida e a um preço fixado previamente. Claro que tudo isso se reflecte no preço da energia eléctrica ao consumidor.
    Mas os custos do eólico não são só os referidos. Como a potência depende da intensidade do vento, é necessário haver outras centrais só para compensar a baixa de produção das eólicas quando não há vento e alguém tem que pagar os custos associados a essas outras centrais (o consumidor, claro).

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  6. Sobre a questão dos preços há abundante bibliografia, sobre o défice tarifário que resulta do Governo não permitir a subida do preço da electricidade também (deu aliás origem á demissão do anterior presidente da ERSE) e ainda sobre os impactos visuais também.
    Por exemplo, mais uma vez fazendo propaganda do blog onde escrevo, podem ler-se nesse blog duas posições diferentes sobre o assunto:
    http://ambio.blogspot.com/2005/01/elicas-paisagem-e-impacto-ambiental.html
    e, para outro ponto de vista:
    http://ambio.blogspot.com/2007/03/para-uma-crtica-da-paisagem.html
    Independentemente disto a questão central é a de saber se há razão para apoiar este tipo de produções.
    E, dentro de limites razoáveis, há.
    Os impactos negativos das produções clássicas de energia e do consumo de combustiveis fósseis não estão internalizados no preço do petróleo.
    Para além disso o preço do petróleo é muitíssimo volátil (e chamaria a atenção para o facto de no meio desta profunda crise, que evidentemente diminui a procura, o preço ainda andar pelos 6o dólares) e ninguém sabe a como estará daqui a meia dúzia de anos, pelo que é necessário preparar a economia para situações de elevado preço dos combustiveis fósseis.
    Isto deverá ser feito com bom senso, transparência e sem demagogia, para evitar a tarifa absurda das centrais de biomassa, muito mais altas que as da eólica e sem grande interesse social.
    Quanto aos comentários de Mira Amaral parece-me que são mais ou menos ao nível da consideração do eucalipto como o petróleo verde do país: demasiado simplistas.
    henrique pereira dos santos

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