Significantes as reacções dos restantes partidos ao entendimento do PSD sobre a data das próximas autárquicas e legislativas. Indisfarçavel o embaraço com que se responde às razões para que as eleições tenham lugar no mesmo dia (plena capacidade de discernimento dos eleitores, reforço da participação e economia no procedimento eleitoral). Não se atrevem a dizer que o Povo é estúpido e que não consegue distinguir as urnas, embora esteja convencido que essa falta de atrevimento é calculista. Respondem à vantagem óbvia de uma maior participação com o argumento chocho de que aumentar a participação é separar com nitidez as campanhas para fazer passar a mensagem. Viu-se nas anteriores eleições como uma campanha viva e autónoma consegue mobilizar os eleitores...
Mas a mensagem mais significativa, que excede a questão em si mesma, é a resposta dada à razão da maior poupança de meios financeiros. PS, BE e PCP (não conheço as razões do PP) dizem que uns escassos milhões não têm relevância, um preço modesto a pagar pela democracia, ouvi.
Diga-se em primeiro lugar que é uma clara patetice dizer-se que se gasta mais mas reforça-se a democracia. Realizar as eleições nacionais e locais no mesmo dia nunca foi considerado, em parte alguma do mundo, atentatório ou diminuitivo da democracia, mas antes uma prática democrática normal e racional.
Mas o manifestado desprezo pelos 4 ou 5 milhões a mais, é também o sinal de que, para a autodenominada esquerda, a redução do gasto público, ainda que de pequena monta, não tem qualquer significado sequer como sinal dado em tempos de crise para a necessidade imperiosa de mobilizar todos os meios (e são poucos) para ultrapassar o melhor possível esta fase. Esperava-se que os partidos assumissem a atitude responsável de, mesmo através de gestos simbólicos, obrigar o Estado ao rigor no gasto. Em vez disso confirmam o espírito com que aprovaram (com ressalva para o assumido arrependimento de alguns, valha a verdade) o reforço do financiamento partidário; ou se insiste na oportunidade de "investimentos" públicos quando o mais elementar bom senso levaria a repensá-los face às actuais circunstâncias.
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Pelo voo se conhecem as aves. Espera-se que o Povo se vá lembrando de um provérbio que é seu.
É verdade, caro Ferreira de Almeida. E estas aves voam muito rasteiras. Mais não vêem do que o seu próprio interesse imediato.
ResponderEliminarQuanto aos custos,que aliás não contam pagar, que importância tem para elas, se daí depende a esperança de sobrevivência?