segunda-feira, 29 de junho de 2009

Tem a palavra o Dr. Medina Carreira...

1. Em entrevista à SIC Notícias, na última 6ª Feira, Medina Carreira (M. C.) manteve o seu estilo habitual: frontal, denunciando a inconsistência das políticas em vigor, a falta de realismo da classe política, a situação muitíssimo precária em que as finanças do País se encontram, a extrema urgência de medidas de correcção de que a classe política, com escassas excepções, nem quer ouvir falar…
2. Curiosa a caracterização que fez dos debates “frente-a-frente” entre políticos de suposta esquerda e de suposta direita - uns e outros imbuídos de um acentuado nefelibatismo - organizados por aquele canal de TV, assimilando-os a conversas de café ou mesmo de taberna…
3. Quase no final da entrevista, M. C. fez uma comparação de números que fica muito aquém da realidade, para melhor: disse ele que os juros que o País paga ao exterior (Rendimentos) são superiores às receitas (líquidas, presume-se) com o Turismo.
4. O que M.C. disse não deixa de ser verdade…só que os juros líquidos (Rendimentos) que o País paga ao exterior são superiores NÃO SÓ às receitas do Turismo, mas TAMBÉM são superiores às receitas de exportação todos os Serviços (não apenas o Turismo) e AINDA cobrem a totalidade das Remessas dos Emigrantes…
5. Atentando na informação disponível até Abril do corrente ano, as receitas dos Serviços+Remessas dos Emigrantes foram € 1.355 + 703= € 2.058 milhões (dos quais €785 milhões são receitas líquidas de Viagens e Turismo).
6. Por sua vez, os Rendimentos (líquidos) pagos ao exterior ascenderam no mesmo período a € 2.173 milhões ou seja quase 3X as tais receitas do Turismo…
7. Assim, a taxa de cobertura dos Rendimentos pagos ao exterior pela soma das 2 rubricas de receitas (Serviços+Transferências Emigrantes) é já inferior a 100%, ficando-se por 94,7%...
8. Esta situação representa um agravamento significativo em relação ao panorama de 2008 (e de anos anteriores ainda mais) em que as receitas de Serviços+Remessas de Emigrantes no mesmo período totalizaram € 2.502 milhões enquanto que os Rendimentos pagos ao exterior foram de € 2.343 milhões, uma taxa de cobertura de 106,8%…
9. A evolução dos encargos com o endividamento do País é pois uma função de sentido único: sempre a subir, não para mais. Mas ainda há "parodiantes", em altos cargos públicos, capazes de dizer que estar contra as grandes obras públicas é estar contra a modernidade...
10. Estranho conceito de modernidade em que a bancarrota parece ser o ideal perseguido...
11. Aonde é que isto nos leva? Tem a palavra M. C.

12 comentários:

  1. Isso é porque os emigrantes são gente pouco séria, que anda a trabalhar pouco. A estratégia nacional tem que passar por aumentar o seu contingente para aumentar as remessas.

    Se investirmos nas grandes obras públicas e ficarmos sem crédito para o resto, o número de emigrantes vai aumentar, tal como as remessas, dando aos que ficam o privilégio de cobrir o juro da dívida com esses proveitos adicionais resultantes do trabalho dos seus conterrâneos. Esta estratégia de mandar os outros para a rua trabalhar, enquanto ficamos em casa a ganhar, é a assinatura do político português.

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  2. Brilhante, como sempre, caro Tonibler...
    Alguém em tempo alvitrava sabiamente que o excesso de consumo se resolvia melhor reduzindo, se necessário pela força, o número de consumidores!
    Lógicas muito paralelas...

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  3. Felizmente tudo isto está ultrapassado, SEXA o Min Finanças acaba de decretar o fim da crise...

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  4. Nem tanto, ilustre anonimo, nem tanto...o Senhor Ministro, que mede habitualmente bem as palavras que profere em público, disse que "a crise se aproxima do fim"...
    Resta pois saber qual o percurso que falta até ao fim, se é uma auto-estrada SCUT ou se, pelo contrário, temso ainda de penar um bom bocado até dobrar finalmente o Cabo da Crise...
    E de qq modo, a crise se aproxima do fim quer dizer que ela ainda aí está...
    Bem diferente daquele outro ministro, sempre muito inspirado e humorado, que anunciou o fim da crise mal ela estava a começar!

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  5. I Parte

    No seu estilo frontal
    analisando a realidade,
    o descalabro é brutal
    com tanta imbecilidade.

    A situação precária
    da economia nacional,
    causa tamanha urticária
    esta política irracional!

    Neste país “tropical”
    plantado à beira-mar,
    existe uma elite fecal
    que não pára de mamar!

    II Parte

    A marcha inexorável
    da economia a atrofiar,
    esta política deplorável
    não é nada de fiar.

    As energias desperdiçadas
    em reformas falhadas,
    são tremendas as maçadas
    de tantas embrulhadas!

    Os calhamaços irrepreensíveis
    escritos em tons rosados,
    tornaram-se incompreensíveis
    e ruinosamente enfezados.

    O tema da assertividade
    e do rigor democrático,
    é o caminho da seriedade
    contra o regime socrático.

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  6. Epílogo

    A riqueza nacional
    não há meio de crescer,
    com esta política irracional
    fazemos por merecer!

    Há quem nos venda ilusões
    nas análises comparativas,
    são miseráveis essas alusões
    por não serem objectivas!

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  7. As minhas desculpas, tem toda a razão.

    O que SEXA o Min. Finanças quis dizer foi:

    A Crise Financeira Internacional aproxima-se do fim.

    Quanto á Crise Económica Nacional... Seguirei o seu exemplo e passo a bola - entenda-se Batata quente! - ao Prof. Medina Carreira!

    :-)

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  8. Caro Manuel Brás,

    Essa poesia de intervenção político-social assinala bem, em plano lírico, o advento da 4ª República...

    Exactamente caro Anónimo, aguardamos o pronunciamento do Dr. Medina Carreira para podermos vislumbrar um pouco melhor, no meio desta densíssima névoa, para onde estamos a ser conduzidos...
    Receio bem que estejamos todos em situação equivalente à dos passageiros de um autocarro sem farois e sem travões, conduzido por um invisual, numa noite de nevoeiro...

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  9. Caro Tavares Moreira

    O Dr Medina Carreira (MC) propõe , se interpreto correctamente o que tem escrito nestes últimos dez anos, um caminho apenas:
    aumentar as exportações, seja recorrendo ao investimento interno, seja ao externo; e
    aumentar o aforro.
    O restante, melhorar a educação, aumentar as qualificações, diminuir a burocracia, melhorar a justiça e outras são , meros instrumentos.
    Podem divergir no "mix" mas no essencial, quem tem responsabilidades e é sério, concorda com aqueles aspectos fundamentais da receita.
    A questão para quem reflecte sobre estes assuntos e tenta avisar é que, quando os acontecimentos vêm dar razão, não se terá gratidão; em Portugal o mensageiro da desgraça é sempre mal visto.

    A maioria do pessoal deixou passar um novidade importante, a Alemanha, aprovou uma reforma constitucional que limita o nível do défice, em 2016, a 0.35%, repito, 0.35% do PIB.
    Não vou glosar as consequênicas que este facto acarreta e que os principais colunistas do FT, se encarregaram de comentar.
    O que quero salientar é que, o nosso (e de outros países do euro) tem uma data marcada para terminar: entre 2011 e 2015.
    Ainda vamos ouvir falar sobre esta reforma constitucional, em especial nos anos de 2010 e 2011.
    O mundo mudou e nós andamos a discutir TGVs e TVIs, como se tivéssemos dinheiro para esses luxos.
    Cumprimentos
    João

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  10. Caro João,

    Respeito seriamente a receita proposta para corrigir os problemas (graves desequilíbrios) económicos e financeiros do País.
    O problema está em saber qual a Farmácia onde se poderá aviar tal receita - eu confesso desconhecer o endereço, mas admito existir quem conheça.
    O que tem acontecido, nomeadamente nos últimos anos (mas não só) é que em nome da proclamação desses mesmos princípios - + produtividade, + exportações, modernização, maior avanço tecnológico - os desequilíbrios têm vindo a agravar-se continuamente.
    Algo de profundamente errado se passa no centro destas políticas...mas quase toda a gente "finge" que não percebe...

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  11. ADENDA

    Caro Tavares Moereira

    Na parte final do meu post, o intervalo de 2011-2015 quer dizer que temos esse período para terminar a senda de endividamento em que estamos.

    Já agora, se fizermos o exercício de aplicar a Portugal as futuras regras da Constituição alemã, o que acha que sucede a:
    TGVs ?
    RTPs ?
    SCUTs ?
    SSocial ?
    Despesa do Estado ?
    Despesa Autárquica ?
    O actual Governo considera-se um portento de gestão conseguir que a dívida seja de +/- 2% do PIB.
    Quando o objectivo fôr 80% menos que o mencionado, quais são as receitas que propõe?
    Cumprimentos
    João

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  12. Magnífica adenda, caro João...
    As perspectivas que coloca deveriam, em boa hermeneutica política, estar AGORA no topo da agenda dos decisores políticos.
    Todavia, o que me parece é que vão continuar adormecidas até que...não seja possível empurrar mais o assunto para diante...

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