1. Em entrevista à SIC Notícias, na última 6ª Feira, Medina Carreira (M. C.) manteve o seu estilo habitual: frontal, denunciando a inconsistência das políticas em vigor, a falta de realismo da classe política, a situação muitíssimo precária em que as finanças do País se encontram, a extrema urgência de medidas de correcção de que a classe política, com escassas excepções, nem quer ouvir falar…
2. Curiosa a caracterização que fez dos debates “frente-a-frente” entre políticos de suposta esquerda e de suposta direita - uns e outros imbuídos de um acentuado nefelibatismo - organizados por aquele canal de TV, assimilando-os a conversas de café ou mesmo de taberna…
3. Quase no final da entrevista, M. C. fez uma comparação de números que fica muito aquém da realidade, para melhor: disse ele que os juros que o País paga ao exterior (Rendimentos) são superiores às receitas (líquidas, presume-se) com o Turismo.
4. O que M.C. disse não deixa de ser verdade…só que os juros líquidos (Rendimentos) que o País paga ao exterior são superiores NÃO SÓ às receitas do Turismo, mas TAMBÉM são superiores às receitas de exportação todos os Serviços (não apenas o Turismo) e AINDA cobrem a totalidade das Remessas dos Emigrantes…
5. Atentando na informação disponível até Abril do corrente ano, as receitas dos Serviços+Remessas dos Emigrantes foram € 1.355 + 703= € 2.058 milhões (dos quais €785 milhões são receitas líquidas de Viagens e Turismo).
6. Por sua vez, os Rendimentos (líquidos) pagos ao exterior ascenderam no mesmo período a € 2.173 milhões ou seja quase 3X as tais receitas do Turismo…
7. Assim, a taxa de cobertura dos Rendimentos pagos ao exterior pela soma das 2 rubricas de receitas (Serviços+Transferências Emigrantes) é já inferior a 100%, ficando-se por 94,7%...
8. Esta situação representa um agravamento significativo em relação ao panorama de 2008 (e de anos anteriores ainda mais) em que as receitas de Serviços+Remessas de Emigrantes no mesmo período totalizaram € 2.502 milhões enquanto que os Rendimentos pagos ao exterior foram de € 2.343 milhões, uma taxa de cobertura de 106,8%…
9. A evolução dos encargos com o endividamento do País é pois uma função de sentido único: sempre a subir, não para mais. Mas ainda há "parodiantes", em altos cargos públicos, capazes de dizer que estar contra as grandes obras públicas é estar contra a modernidade...
10. Estranho conceito de modernidade em que a bancarrota parece ser o ideal perseguido...
11. Aonde é que isto nos leva? Tem a palavra M. C.
Isso é porque os emigrantes são gente pouco séria, que anda a trabalhar pouco. A estratégia nacional tem que passar por aumentar o seu contingente para aumentar as remessas.
ResponderEliminarSe investirmos nas grandes obras públicas e ficarmos sem crédito para o resto, o número de emigrantes vai aumentar, tal como as remessas, dando aos que ficam o privilégio de cobrir o juro da dívida com esses proveitos adicionais resultantes do trabalho dos seus conterrâneos. Esta estratégia de mandar os outros para a rua trabalhar, enquanto ficamos em casa a ganhar, é a assinatura do político português.
Brilhante, como sempre, caro Tonibler...
ResponderEliminarAlguém em tempo alvitrava sabiamente que o excesso de consumo se resolvia melhor reduzindo, se necessário pela força, o número de consumidores!
Lógicas muito paralelas...
Felizmente tudo isto está ultrapassado, SEXA o Min Finanças acaba de decretar o fim da crise...
ResponderEliminarNem tanto, ilustre anonimo, nem tanto...o Senhor Ministro, que mede habitualmente bem as palavras que profere em público, disse que "a crise se aproxima do fim"...
ResponderEliminarResta pois saber qual o percurso que falta até ao fim, se é uma auto-estrada SCUT ou se, pelo contrário, temso ainda de penar um bom bocado até dobrar finalmente o Cabo da Crise...
E de qq modo, a crise se aproxima do fim quer dizer que ela ainda aí está...
Bem diferente daquele outro ministro, sempre muito inspirado e humorado, que anunciou o fim da crise mal ela estava a começar!
I Parte
ResponderEliminarNo seu estilo frontal
analisando a realidade,
o descalabro é brutal
com tanta imbecilidade.
A situação precária
da economia nacional,
causa tamanha urticária
esta política irracional!
Neste país “tropical”
plantado à beira-mar,
existe uma elite fecal
que não pára de mamar!
II Parte
A marcha inexorável
da economia a atrofiar,
esta política deplorável
não é nada de fiar.
As energias desperdiçadas
em reformas falhadas,
são tremendas as maçadas
de tantas embrulhadas!
Os calhamaços irrepreensíveis
escritos em tons rosados,
tornaram-se incompreensíveis
e ruinosamente enfezados.
O tema da assertividade
e do rigor democrático,
é o caminho da seriedade
contra o regime socrático.
Epílogo
ResponderEliminarA riqueza nacional
não há meio de crescer,
com esta política irracional
fazemos por merecer!
Há quem nos venda ilusões
nas análises comparativas,
são miseráveis essas alusões
por não serem objectivas!
As minhas desculpas, tem toda a razão.
ResponderEliminarO que SEXA o Min. Finanças quis dizer foi:
A Crise Financeira Internacional aproxima-se do fim.
Quanto á Crise Económica Nacional... Seguirei o seu exemplo e passo a bola - entenda-se Batata quente! - ao Prof. Medina Carreira!
:-)
Caro Manuel Brás,
ResponderEliminarEssa poesia de intervenção político-social assinala bem, em plano lírico, o advento da 4ª República...
Exactamente caro Anónimo, aguardamos o pronunciamento do Dr. Medina Carreira para podermos vislumbrar um pouco melhor, no meio desta densíssima névoa, para onde estamos a ser conduzidos...
Receio bem que estejamos todos em situação equivalente à dos passageiros de um autocarro sem farois e sem travões, conduzido por um invisual, numa noite de nevoeiro...
Caro Tavares Moreira
ResponderEliminarO Dr Medina Carreira (MC) propõe , se interpreto correctamente o que tem escrito nestes últimos dez anos, um caminho apenas:
aumentar as exportações, seja recorrendo ao investimento interno, seja ao externo; e
aumentar o aforro.
O restante, melhorar a educação, aumentar as qualificações, diminuir a burocracia, melhorar a justiça e outras são , meros instrumentos.
Podem divergir no "mix" mas no essencial, quem tem responsabilidades e é sério, concorda com aqueles aspectos fundamentais da receita.
A questão para quem reflecte sobre estes assuntos e tenta avisar é que, quando os acontecimentos vêm dar razão, não se terá gratidão; em Portugal o mensageiro da desgraça é sempre mal visto.
A maioria do pessoal deixou passar um novidade importante, a Alemanha, aprovou uma reforma constitucional que limita o nível do défice, em 2016, a 0.35%, repito, 0.35% do PIB.
Não vou glosar as consequênicas que este facto acarreta e que os principais colunistas do FT, se encarregaram de comentar.
O que quero salientar é que, o nosso (e de outros países do euro) tem uma data marcada para terminar: entre 2011 e 2015.
Ainda vamos ouvir falar sobre esta reforma constitucional, em especial nos anos de 2010 e 2011.
O mundo mudou e nós andamos a discutir TGVs e TVIs, como se tivéssemos dinheiro para esses luxos.
Cumprimentos
João
Caro João,
ResponderEliminarRespeito seriamente a receita proposta para corrigir os problemas (graves desequilíbrios) económicos e financeiros do País.
O problema está em saber qual a Farmácia onde se poderá aviar tal receita - eu confesso desconhecer o endereço, mas admito existir quem conheça.
O que tem acontecido, nomeadamente nos últimos anos (mas não só) é que em nome da proclamação desses mesmos princípios - + produtividade, + exportações, modernização, maior avanço tecnológico - os desequilíbrios têm vindo a agravar-se continuamente.
Algo de profundamente errado se passa no centro destas políticas...mas quase toda a gente "finge" que não percebe...
ADENDA
ResponderEliminarCaro Tavares Moereira
Na parte final do meu post, o intervalo de 2011-2015 quer dizer que temos esse período para terminar a senda de endividamento em que estamos.
Já agora, se fizermos o exercício de aplicar a Portugal as futuras regras da Constituição alemã, o que acha que sucede a:
TGVs ?
RTPs ?
SCUTs ?
SSocial ?
Despesa do Estado ?
Despesa Autárquica ?
O actual Governo considera-se um portento de gestão conseguir que a dívida seja de +/- 2% do PIB.
Quando o objectivo fôr 80% menos que o mencionado, quais são as receitas que propõe?
Cumprimentos
João
Magnífica adenda, caro João...
ResponderEliminarAs perspectivas que coloca deveriam, em boa hermeneutica política, estar AGORA no topo da agenda dos decisores políticos.
Todavia, o que me parece é que vão continuar adormecidas até que...não seja possível empurrar mais o assunto para diante...