A partir do próximo dia 1 de Julho vida nova para as frutas e os legumes da União Europeia. Ficam as “normas básicas”, que de tão básicas deveriam dispensar a sua formal existência. Os produtos para consumo “não podem estar podres, têm que estar limpos, saudáveis e seguros”, assim rezam os cânones europeus.Vão-se as normas burocratas da calibragem que igualam na cor, no diâmetro, na forma, no brilho, na largura e no cumprimento e em muitas outras dimensões interessantes para especialistas eurocratas a maioria das frutas e dos legumes, com excepção, no entanto, para alguns deles que, vai-se lá saber porquê, ficam ainda limitados na criatividade da natureza.
Depois de milhões de euros gastos com investimentos e subsídios à calibragem agrícola, é tempo de dizer basta ao desperdício!
O ambiente que se viveu o ano passado em torno da crise alimentar e do aumento dos preços dos produtos agrícolas e alimentares abriu uma janela de oportunidade para pôr em causa as normas da calibragem.
A partir da próxima semana a diferença entre as couves-de-bruxelas e as melancias do espaço europeu passa a fazer-se, cumpridas as formalidades mínimas, pela qualidade e pelo preço.
Será que estamos preparados? Não serão necessários mais uns milhões de euros para fazer a inversão de marcha...
Na verdade cara Margarida, aquilo que em minha opinião é preocupante e representa perigo para o consumidor, não tem a ver com a calibragem do tamanho dos frutos, mas sim com os produtos químicos utilizados enquanto permanecem na árvore. Depois disso, o tempo de permanência em câmaras frigoríficas assim como as várias mudanças de temperatura, desde a colheita, até à mesa. Estes problemas que me parecem impossíveis de obviar, uma vez que é imperativo produzir quantidades capazes de responder à procura, irão certamente manter-se, mesmo que a fruta de menor tamanho passe a ser comercializada.
ResponderEliminarPois é, cara Dra. Margarida Aguiar, até parece que vivemos num mundo de loucos! Primeiro regulamentaram que a fruta tinha de ser redondinha. Agora, depois de muitos agricultores terem feito grandes investimentos, vêem dizer que tudo pode ir para o mercado à excepção da fruta podre! Bom, vamos ver se com estas novas medidas a fruta dos nossos pomares vai deixar de morrer nas árvores...
ResponderEliminarPS: obviamente, "vêm".
ResponderEliminarCaro Bartolomeu
ResponderEliminarTem toda a razão. A qualidade da fruta e dos legumes que consumimos é o aspecto importante. É por isso que a aposta na qualidade enquanto factor de diferenciação começa de novo a fazer o seu caminho.
Comer uma maçã muito bonita por fora mas muito feia por dentro é uma ilusão.
Caro jotaC
Mas vão continuar, julgo, os subsídios aos excedentes de produção, mantendo-se o desperdício. Num mundo em que a fome é muita e a pobreza entre nós é também uma realidade é difícil aceitar políticas que alimentem o desperdício.
É no que dão os fundamentalismos e a predominância de alguns interesses. Com isso se acabou com inúmeros pequenos produtores e se aumentaram as margens dos que puderam ficar no mercado,as pessoas habituaram-se a comer fruta insípida mas lustrosa,tentadora na aparência mas completamente decepcionante no prato. Agora anda-se para trás, mas a quantos vai isso aproveitar? E em mais quantas áreas da economia se estarão a lançar "produtos da moda" que virão a revelar-se um fiasco?
ResponderEliminarSuzana
ResponderEliminarRemar contra o "natural" não pode dar bom resultado! Está a vista no que dão os fundamentalismos. Ainda assim prosseguem os "produtos da moda", sabe-se lá com que custos e benefícos e por quanto tempo...