1. No seu estilo muito peculiar, lançando farpas que normalmente seguem a trajectória do famoso “boomerang”, o sempre bem disposto Ministro da Economia acaba de editar mais uma das suas excêntricas tiradas: uma eventual vitória eleitoral de Ferreira Leite seria um acidente para as PME’s.
2. O Ministro não esclareceu se o comentário se confinava às PME’s portuguesas ou se tinha um sentido global, abarcando as PME’s da economia mundial, conferindo à eventual vitória de Ferreira Leite um impacto universal que colocaria porventura em causa a recuperação ou retoma que em vários cantos do Mundo se anuncia...
3. Apesar desta insanável dúvida que naturalmente dificulta uma análise mais rigorosa desta importante pronunciamento do Ministro, confinando a nossa análise ao universo nacional existe informação anedótica e estatística esclarecendo que a forte contracção da economia portuguesa no final do ano transacto, prolongando-se para o actual, atingiu com particular violência o segmento das PME’s.
4. Como bem sabemos, as grandes empresas – tomando como exemplo as cotadas no Euronext, para não falar nas muitas centenas de empresas públicas, regionais e municipais – lá vão singrando, conseguindo manter o seu negócio mais ou menos protegido, conservando as suas preciosas linhas de crédito, em muitos casos com o apoio do Estado, directo ou indirecto.
5. O terramoto económico atingiu em cheio as PME’s e as micro-empresas que aos milhares encerraram a actividade (continuam a encerrar), colocando no desemprego muitos mais milhares de trabalhadores que muito agravaram o desemprego apesar das habilidades estatísticas utilizadas para disfarçar até ao limite esse fenómeno...
6. Por outro lado as dificuldades de acesso ao crédito bancário atingiram sobretudo esses mesmos segmentos de empresas, muitas das quais muito simplesmente deixaram de ter crédito...ou tiveram de suportar agravamentos de “spreads” da ordem dos 5 pontos percentuais ou mesmo mais...
7. Perante esta realidade não deixa de ser curiosa e paradoxal a expressão de combate político utilizada pelo Ministro da Economia...
8. Um acidente para as PME’s e micro-empresas portuguesas a eventual vitória de Ferreira Leite nas eleições legislativas de Setembro? Mas será possível o grau de sinistralidade dessas empresas atingir ainda maior gravidade?
9. Admitindo que a sinistralidade pode ser ainda maior, o grau seguinte não será a simples erradicação dessas empresas?
10. E haverá alguém melhor apetrechado que o actual Ministro para atingir esse fatal e final desiderato, depois de ter anunciado o fim da crise...precisamente quando esta estava a começar?
11. Cá temos novamente o elemento “boomerang” nas declarações do simpático Ministro...
Pergunta: O programa do PSD prevê o fim dos pagamentos por conta, caro Dr.Tavares Moreira?
ResponderEliminarEsta pergunta do monteiro é boa, mas até generalizava. Há alguma medida do governo do Sócrates que vá ser revogada num eventual governo do PSD? Houve alguma do PSD que fosse revogada pelo PS? Afinal, porque gastamos dinheiro nisto?
ResponderEliminarO betão governativo
ResponderEliminarfeito de palavras rosadas,
não é nada apelativo
para as empresas enfezadas.
Habituados à promiscuidade
nos negócios estatais,
é formidável a acuidade
para estes devaneios mentais.
As cumplicidades silenciosas
nos negócios estatais,
incita a declarações capciosas
e a outras coisas tais!
O sistema apodrecido
por ligações perigosas,
tem sido amortecido
por políticas fungosas.
Caros C. Monteiro e Tonibler,
ResponderEliminarAs vossas questões são inteiramente pertinentes...mas serei eu a pessoa mais indicada para os esclarecer, com o meu total afastamento da actividade política?
Se os Senhores tiverem alguma paciência (eu tenho, de tanto a ter exercitado...) vamos aguardar pela apresentação dos programas para ver como essas questões têm ou não resposta...
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ResponderEliminarEu relembro o meu camarada Toni que parte da pergunta dele já está respondida: O PSD prometeu "rasgar" todas as medidas deste governo em relação às pequenas e médias empresas (posso dizer "piquenas"? Desculpem, não resisti...)!
ResponderEliminarSimplex, empresa na hora etc etc?... tudo fora? Era assim tão mau?!
Relativamente ao IRC nada. Nem em relação ao pagamento por conta.
Caros Comentadores,
ResponderEliminarAcabo de verificar que o Ministro Manuel Pinho lançou o "boomerang" mais violento da sua carreira política, em linguagem gestual!
Agora é que "vão ser elas" e lá se vão os programas de governo por água abaixo...como pode ser tão irreflectido?
Incrível, de facto, os impulsos são um problema...
ResponderEliminarCaro Dr. Tavares Moreira na verdade ... os "cornos" ... é uma questão muito complexa, em Portugal.
ResponderEliminarTão complexa, tão complexa ... que até consegue "derrubar" um Ministro de Economia.
Qual touro do Ribatejo ...
Mas também não deixo de pensar que se os cornos derrubaram este Ministro é porque ele era um frágil (ou fragilizado) Ser Político.
Ontem quando vi o Ministro a rasgar a folha A4, na SIC N, deixei uma pergunta no meu twitter:
- Não estará o Ministro da Economia a precisar de férias ?
Afinal não estava mesmo nada enganada. E vai mesmo de férias mais cedo do que o próprio Ministro imaginaria.
Pois é, ... a porta de saída da Assembleia da República também é serventia da "casa".
... "temos pena" ... !
Significado de "cornos", no singular:
in http://www.priberam.pt/dlpo/dlpo.aspx
corno (ó)
s. m.
Género típico das plantas cornáceas.
corno (ô)
s. m.
1. Cada um dos apêndices duros que certos ruminantes têm na cabeça.
2. Chifre, chavelho.
3. Bico ou saliência de alguns ossos.
4. Cada uma das pontas do crescente da Lua.
5. Buzina.
6. Infrm. Antena, tentáculo.
7. Pleb. Marido atraiçoado.
Corno de Amalteia ou corno da abundância: cornucópia.
Corno de Ámon: amonita.
Corno de carneiro: voluta do capitel jónico.
Pl.: (ó).
Amistosos Cumprimentos Dr. TM !
(...vou deixar um comentário no post do "processo", nós cidadãos, temos muito mais coisas em comum, do que por vezes, imaginamos ...)
Notável a sua inspiração, cara Pèzinhos...confesso não ter visto esse número do ex(?)Ministro...
ResponderEliminarA propósito, não se recorda como eu que competia ao Presidente da República a exoneração e nomeação de Ministros?
Será que houve alteração da Constituição durante a tarde de hoje sem que nos tivessemos apercebido?
Mas pelos vistos a inspiração do dito ex(?)Ministro já ardia em fogo intenso ontem à noite e hoje jorrou em abundância na AR...
Dr. Tavares Moreira
ResponderEliminarUm pormenor.
As siglas, na língua portuguesa, não têm plural.
Há as PME e não as PME's.
Melhores cumprimentos
Fernando Correia
Agradeço seu contributo, caro Fernando Correia...em tudo se deve ser cuidadoso, em especial no uso da língua portuguesa que não é fácil e muitas vezes não se escreve como se lê...ou não se lê como se escreve...
ResponderEliminarMais vale a linguagem gestual, como a usada pelo ex(?)Ministro, onde as regras gramaticais são bem mais simples...
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarCaro Tavares Moreira
ResponderEliminarO Sr. Ministro da Economia e Inovação fez jus à designação do seu cargo: começou com a Economia (segundo as suas declarações à SIC, sobre a situação em que encontrou a AUTOEUROPA) e terminou com um gesto inovador. Nunca tinha imaginado um tal gesto para sair do Governo. O seu colega das Obras Públicas bem tenta, mas nem com o jámé, ou as últimas declarações sobre a PT o demitem.
O ilustre bacharel em económicas, Manuel Pinho titular do cargo de MEI, (até ontem 02/07/09), conseguia promover algumas árvores para esconder a floresta. Como o debate é pobre e não se faz o trabalho de casa, passava; a crise veio tornar esse número de feira mais difícil.
Senão, vejamos:
a) As linhas de apoio para combater a crise, foram usadas por 25.000 empresas, quando existem +/- 200.000.
b) As linhas de crédito só são acessíveis às empresas com mais de três anos e com boa saúde financeira, dado que exigem três anos de saldos positivos, ergo, promovem o aumento do endividamento, o desiquílibrio financeiro e não solucionam os problemas das empresas com problemas.
c) A taxa de execução real dos apoios comunitários é de 5%, o que significa que, dos +/- 14 mil milhões de apoios que "vamos" receber, apenas estão em circulação na economia +/- 700 milhões, ( grosso modo, 0.5% do PIB) quando já cumprimos mais de 1/3 do prazo de execução previsto e contratualizado com Bruxelas.
d) Para um ano de elevado desemorego, não foi aberta qualquer candidatura POPH o programa de apoio à formação profissional. Os programas anunciados atingem apenas um universo de +/- 30.000 empregados, quando temos mais de 4 milhões.
e) O ex titular do MEI, gaba-se de "salvar" directamente cerca de 1.500 postos de trabalho, quando já se perderam, só este ano, mais de 150.000.
Acho que fica mais patente o evidente desnorte do ex ministro, evidenciado na passada 5ª na AR, mas que já mostrava sinais na entrevista de 4ª na SIC Notícias (programa "Negócios da Semana") e ainda mais evidenciado nas lamentáveis e patéticas declarações na mesma SIC, no jornal da noite de 5ª.
Cumprimentos
João
caro João,
ResponderEliminarSua exegese em torno da "performance" da política micro-económica dos últimos anos é bastante impressiva...
E reforça a ideia do "boomerang" quando M. Pinho lançou a farpa política contra M.F.L.
Caro Tavares Moreira,
ResponderEliminarQuanto às Piquenas e Médias Empresas, penso que Manuel Ferreira Leite deverá atentar ao problema com pinças. O povo português não se esquece do Pagamento Especial por Conta. Ainda assim, mais desastroso do que Pinho quanto às PME será difícil. O trabalho de Pinho foi focalizado nas grandes empresas, deixando de parte o principal,as PME. Agora, como é habitual na nossa tradição governativa, "quem vier atrás que feche a porta."
Quanto ao gesto de Pinho, enquadra-se à pessoa em causa, mas não ao tema em questão. O mesmo Bernardino Soares disse à uns tempos "Tenho dúvidas que a Coreia do Norte não seja uma democracia."
Para ver mais asneiras destas, sigam o link. http://diario.iol.pt/noticia.html?id=96433&div_id=4071
PS: Esclareço no entanto, que ainda que Pinho pudesse ter razão, o assunto em causa não justificava uma atitude daquelas, ainda para mais em plena assembleia.
Caro André,
ResponderEliminarQuanto ao episódio que marcou o dia político ontem, nada mais a dizer, não vamos bater mais no ceguinho, até aprece mal...
Quanto à política micro, a sua avaliação só poderá ser feita com algum rigor daqui por mais tempo, embora me pareça, numa avaliação muito por alto (com a preciosa ajuda do João) que essa política foi conduzida bastante em função das SIRENES dos bombeiros, acorendo aqui e acolá, sem um rumo claramente definido.
Mas, como disse, parece-me prematuro tentar agora, sobre o quente, realizar uma avaliação global.