Lembrei-me hoje deste título do notável romance de Margarite Duras quando ouvi que o Irão proibiu que os seus habitantes vão em peregrinação a Meca neste mês do Ramadão, por causa da gripe A. Não aconselhou, não sugeriu vivamente, proibiu. Como é que se proibe que milhões de cidadãos se desloquem a um ponto concreto do globo, se puderem sair do Pais? Como é que se impede que se desloquem precisamente a Meca e não a qualquer outro ponto da Arábia Saudita? Imagino que possam ser impostos vistos de entrada, exames médicos, uma infinidade de obstáculos que desmotivem os atrevidos, mas para proibir a ida seriam precisos vistos de saída a toda a gente, indicando o seu destino! E se mesmo assim os fiéis forem, pedindo o visto de saída para outro lado qualquer e regressem com o passaporte carimbado do pais proibido, impedem-nos de entrar no Irão? Prendem-nos no isolamento? Mesmo que se admita uma gigantesca operação de controlo total dos movimentos de cidadãos livres, sempre levaria o seu tempo a torná-la eficaz, tal e qual uma barragem contra um mar que avança. E duraria pouco, claro, o mar não se contém na totalidade. Além disso, como sabem que não entram no Irão pessoas que já estiveram em Meca?
Também ouvi que num jogo de futebol no Paraná uma decisão judicial obrigou todos os espectadores a usar máscara, como medida de prevenção e condição para se realizar o jogo onde estiveram 20 000 pessoas. E se tirarem a máscara durante o jogo, para poderem gritar a plenos pulmões quando entra o golo? No entanto, já ouvi um médico dizer que as máscaras não servem para nada, o vírus propaga-se através das mãos, só se se usarem também luvas… Ontem mostraram no telejornal uma aldeia na China, onde há uma epidemia de gripe pneumónica, o Governo montou barreiras que impedem os habitantes de sair da aldeia, via-se os guardas e as guaritas com cancela sobe-e-desce, como se estivessem todos presos e condenados a suportar a ameaça sozinhos. A quarentena da Idade Média, ou as leprosarias onde se fechavam os contaminados.
No passado fim de semana, em Amsterdão, assisti à Parada Gay, um exuberante desfile de barcos alegóricos ao longo dos canais, horas e horas de delírio que junta uma multidão compacta durante um dia inteiro, não vi ninguém de máscara nem qualquer aviso que lembrasse o perigo da epidemia, à noite os restaurantes estavam à cunha, com filas de pessoas à espera de vez, grupos enormes de gente de todas as cores, raças e origens do globo passeavam animadamente na praça central e enchiam todos os espaços livres. E há pombos por todos os lados, uma autêntica praga de pombos, perguntei-me o que teriam feito os holandeses quando eram as aves a meter medo, de resto a cidade é reserva ecológica de uma espécie de cegonha, creio que é o grou, duvido que tenham eliminado os pássaros na altura em que se matavam as galinhas de uma família pobre na Roménia.
A TAP, segundo disseram, transportou este fim de semana um número recorde de passageiros, nos aeroportos o movimento era próximo do caos e não vi ninguém de máscara em lado nenhum. É verdade que lavei as mãos vezes sem conta e que muitas pessoas passavam toalhetes desinfectantes nas mãos, talvez esta seja a única barreira que vale a pena, as outras, que dispensam a livre vontade de cada um, querem conter o Oceano, mas ele avança e as prisões ficam, mesmo depois de já ninguém se lembrar porque é que foram construídas.
Também ouvi que num jogo de futebol no Paraná uma decisão judicial obrigou todos os espectadores a usar máscara, como medida de prevenção e condição para se realizar o jogo onde estiveram 20 000 pessoas. E se tirarem a máscara durante o jogo, para poderem gritar a plenos pulmões quando entra o golo? No entanto, já ouvi um médico dizer que as máscaras não servem para nada, o vírus propaga-se através das mãos, só se se usarem também luvas… Ontem mostraram no telejornal uma aldeia na China, onde há uma epidemia de gripe pneumónica, o Governo montou barreiras que impedem os habitantes de sair da aldeia, via-se os guardas e as guaritas com cancela sobe-e-desce, como se estivessem todos presos e condenados a suportar a ameaça sozinhos. A quarentena da Idade Média, ou as leprosarias onde se fechavam os contaminados.
No passado fim de semana, em Amsterdão, assisti à Parada Gay, um exuberante desfile de barcos alegóricos ao longo dos canais, horas e horas de delírio que junta uma multidão compacta durante um dia inteiro, não vi ninguém de máscara nem qualquer aviso que lembrasse o perigo da epidemia, à noite os restaurantes estavam à cunha, com filas de pessoas à espera de vez, grupos enormes de gente de todas as cores, raças e origens do globo passeavam animadamente na praça central e enchiam todos os espaços livres. E há pombos por todos os lados, uma autêntica praga de pombos, perguntei-me o que teriam feito os holandeses quando eram as aves a meter medo, de resto a cidade é reserva ecológica de uma espécie de cegonha, creio que é o grou, duvido que tenham eliminado os pássaros na altura em que se matavam as galinhas de uma família pobre na Roménia.
A TAP, segundo disseram, transportou este fim de semana um número recorde de passageiros, nos aeroportos o movimento era próximo do caos e não vi ninguém de máscara em lado nenhum. É verdade que lavei as mãos vezes sem conta e que muitas pessoas passavam toalhetes desinfectantes nas mãos, talvez esta seja a única barreira que vale a pena, as outras, que dispensam a livre vontade de cada um, querem conter o Oceano, mas ele avança e as prisões ficam, mesmo depois de já ninguém se lembrar porque é que foram construídas.
Cara Dra. Suzana Toscano: Saiba que registamos a sua ausência!
ResponderEliminarMuito bem rebuscado este título, a encimar este texto incisivo e muito oportuno sobre o advento da tal pandemia gripal. É curioso observar que os lideres dos diversos países encaram os meios necessários para “conter” a propagação (tendo do vírus o mesmo conhecimento científico!),de acordo com o sentido das suas tradições culturais e políticas. Uns, em liberdade, persuadem os cidadãos a tomarem precauções singelas e básicas; outros utilizam a força para proibirem, para dominarem, enfim, para se tornarem mediáticos no mau sentido...foge-lhes o pé para a chinela...
...vim só para colocar o acento no "registámos", acho que lhe é devido, não é?
ResponderEliminar:)
Suzana
ResponderEliminarQue diferença entre o mundo evoluído e o mundo retrógrado com as suas estúpidas decisões manipuladoras e repressoras! Tudo serve, incluindo uma ameaça de pandemia, para os seus "donos" exercerem a loucura do poder na mentira da pseudo defesa das suas populações.
O contraste com a Parada Gay é espectacular!
Caro Wegie:
ResponderEliminarAprecio tudo o que aqui se escreve, posts e comentários, cada um tenta dar o seu melhor, procurando partilhar com outros informação e conhecimento . Por isso apreciei os seus comentários, um deles contendo informação interessante, e os outros infelizmente a ressuar a pessoa…despeitada (!?) Não leve a mal esta minha frontalidade, mas esse despeito está a tornar-se uma obsessão! Diga-me: acha normal e legítimo ofender gratuitamente os autores e leitores deste blog?
Neste espaço que se pauta pelo respeito para com todos não são toleráveis comentários ofensivos, pelo que serão sempre eliminados.
ResponderEliminarCaro jotaC agradecemos a sua pronta intervenção e pedimos desculpa por deixar o seu comentário agora “pendurado”, embora a mensagem principal tenha sempre plena oportunidade.
Claro que o acento é devido, caro jotac, embora o reparo também seja mais que justo. mas o que quer? As férias afastam-nos tanto das rotinas de queprecisamos de descansar como das que nos fazem falta, comoé o caso do 4r e dos seus simpáticos comentadores. Espero que tenha umas boas férias!
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