1. Um dos mais “prestimosos” noticiava ontem, na sua versão on-line - fazendo acompanhar a notícia de um moderno sorriso do 1º Incumbente – a confirmação do INE, depois de há 2 semanas ter sido já noticiado: a economia portuguesa sai da recessão!
2. Ficamos assim a saber que saímos duas vezes da recessão, há 15 dias e agora...
3. Ficamos todavia sem saber, tanto há 15 dias como agora, o que significa “sair da recessão”- em que zona ou espaço “entrou” a economia depois de ter “saído” da recessão? Parece que não entrou ainda em fase de recuperação, ninguém é capaz de garantir isso...será que numa fase de “limbo” económico, à espera de melhores dias?
3. Entretanto o mesmo INE vem também esclarecer que o desempenho da economia no 1º trimestre deste ano foi pior do que havia sido divulgado, com uma queda do PIB em termos homólogos de -4%, superior aos -3,7% da estimativa inicial...
4. Verificamos que A POSTERIORI as notícias são invariavelmente menos boas, vejamos o que vai ser dito sobre o PIB do 2º trimestre daqui por 2 ou 3 meses...
5. Aproveita-se para recordar que o 4R apontava em Janeiro (dia 28, “PIB cai -3% a -2% em 2009...contra a crise marchar, marchar!”) para uma queda média do PIB de -3% a -2% no corrente ano, numa altura em que as previsões oficiais ainda nos prometiam uma queda não superior a 0,8% (BdeP, Boletim do Inverno)...
6. Temos até agora dois valores trimestrais, -4% para o 1º Trimestre e -3,7% para o 2º Trimestre (este ainda não revisto). É tempo de dizer que não vemos razão para alterar a previsão feita em Janeiro - embora possa parecer algo optimista há que admitir nos dois últimos trimestres variações homólogas menos negativos...
7. Aparte estas novas das estatísticas "rosa", as notícias do terreno continuam a ser desagradáveis como se esperava no período pós-férias...diversas unidades da industria transformadora – as cerâmicas, o calçado, o têxtil – e dos serviços (para não falar dos inúmeros casos que me têm sido referidos no sector agrícola) anunciam a cessação da actividade e/ou a entrada em processo de insolvência...
8. Trata-se de comportamento típico de uma situação de pós-recessão e antes de confirmada recuperação – a economia “bateu no fundo” mas ainda vão perdurar, por um período de tempo que pode ser bastante longo, fenómenos típicos da recessão tais como encerramento de empresas, desemprego crescente, salários em atraso, insolvências...todo um cortejo de desagradáveis eventos.
9. Esta realidade deveria recomendar aos responsáveis – e também aos prestimosos – um cuidado especial no tratamento destes “primores” estatísticos, não “embandeirando em arco” como fizeram por exemplo o 1º Incumbente e (sobretudo) o ex-ministro Manuel Pinho.
10. Considero legítimo certamente que se mostre satisfação por estes sinais de fim do ciclo negativo, mas parece-me totalmente contraproducente – e ofensivo daqueles que continuam a ser duramente atingidos pelas sequelas da contracção da economia – lançar foguetes, festejar vitória - até porque não está nada garantido que a recuperação vai começar dentro de momentos...
A cessação de actividades
ResponderEliminarno tecido empresarial,
origina graves realidades
na organização social.
As análises prestimosas
com primores estatísticos,
são verborreias formosas
em dados cabalísticos.
A maquilhagem rosada,
de qualidade duvidosa,
é de composição enfezada
e pastosamente ruidosa.
Epílogo (especialmente para o Dr. Tavares Moreira)
Há quem ouse pensar
fugindo à idiotização,
é uma forma de usar
a robustez da razão.
Caro Tavares Moreira:
ResponderEliminarMais do que tudo, é deprimente que Sócrates todos os dias se vanglorie das políticas que, segundo ele, levaram à recuperação, quando foram as suas políticas públicas que levaram ao definhamento da actividade económica, mesmo antes dos efeitos em Portugal da crise internacional.
É um Governo só de virtudes: a crise deve-se unicamente a factores externos ; a recuperação deve-se unicamente à política do governo.
Caro Manuel Brás:
ResponderEliminarSempre inspirado!...
E o Dr. Tavares Moreira bem merece esses versos especialmente dedicados...
Há minutos, em desconsolada conversa com pessoa amiga, esta previa uma vitória do PS com maioria relativa e um novo governo com apoio parlamentar do BE. Se for assim, vamo-nos geminar com a Albânia daqui a uns três/quatro anos. Mas não é preciso que continuemos em recessão: parece que basta que não haja dois trimestres sucessivos em quebra de um para o outro. E, à boleia do fim da recessão nos países ainda clientes das nossas exportações, não é de excluir um retorno ao crescimento. Claro, a taxas inferiores à média da UE, que o serviço da dívida mais o estatismo que está e o que está para vir não permitem mais. O meu País é tanto meu como dos meus compatriotas e o meu voto vale tanto como qualquer outro. Mas lá que às vezes custa um bocado ser patriota e ser democrata - lá isso custa.
ResponderEliminar"Quem não chora, não mama" diz a voz popular e com razão, não é verdade, meu bom amigo Manuel Brás?
ResponderEliminarOu... afinal as coincidências são uma realidade?!
;)
Bem retornado seja amais a sua rima com sabor a "mexilhão".
;)
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarCaro JMG, na leitura que faço da postura do BE e de Louçã (ou vice-versa), não me parece nada que estejam a "jogar " nessa prespectiva. Aquilo que me parece é que jogam forte para aumentar a distância ascensória que iniciaram nas europeias. Não me admiro muito que esse objectivo seja conseguido e se assim for, o bloco irá suplantar a própria CDU e tornar-se no partido representativo da esquerda portuguesa.
ResponderEliminarSe o PS obter a vitória nas eleições eleições, temo que nem à boleia de uma alcateia de reboques, consigamos manter as decrescentes exportações.
Se o PSD obtiver a vitória, então aí as prespectivas são substancialmente mais animadoras naquilo que respeita a recuperação económica, a vontade de investimento e ao aumento das exportações e como resultado de tudo isto, o aumento de postos de trabalho.
Acredito que, verificando-se a vitória do PSD, teremos o apoio dos países económicamente fortes da Europa, assim como da América.
A geminação com a Albânia é que eu não entendi...
Caro Tavares Moreira,
ResponderEliminarHá dias, num dos seus brilhantes posts ("Os heróis e as causas", 6 de Setembro), Susana Toscano citava Napoleão.
São multiplas e conhecidas as reflexões de Bonaparte, que um dia também disse que "Um líder é um vendedor de esperança".
Sairemos da recessão tantas vezes quantas as necessárias até que o "povo" acredite!
Somos desgraçadamente governados por tendeiros, Dr. Tavares Moreira...
Caro Manuel Brás,
ResponderEliminara sua poesia social de intervenção vai-nos iluminando e estimulando...registo sensibilizado a quadra (epílogo) que generosamente me dedica.
Caro Pinho Cardão,
Esse é outra vertente lamentável desta questão, a aprpriação indevida, ilegítima e serôdia dos méritos de uma recuperação económica que tampouco existe...ao mesmo tempo que se aliena para a crise internacional a responsabilidade pela contracção económica...
Simplesmente lamentável, anedótica mesmo essa postura oficial em Portugal...
Caro JMG,
Essa pessoa sua amiga não terá por certo reparado no prognóstico do 4R para as eleições legislativas, nem conhece a tradição de infalibilidade desse prognóstico (excepto quando falha...)!
Caro Bartolomeu,
Registo seu optimismo em relação a um cenário de vitória do PSD, quanto aos seus efeitos na economia, por mim opto por deixar essa parte para depois das eleições, já me chega o risco do prognóstico que avancei...
Caro Henry,
Bonaparte terá dito isso, não duvido, nós sabemos no que deram as vendas de esperança promovidas por Bonaparte...
Meu caro Bartolomeu:
ResponderEliminarA palavra "geminação" não foi muito feliz: o que queria dizer é que, de má escolha em má escolha, com a crescente influência da esquerda na orientação das políticas para a Economia, vamos a caminho de um dia estarmos ao nível da Albânia. Era isso.
Cordiais cumprimentos.
Caro Tavares Moreira
ResponderEliminarA palavra crise é enganadora, na medida em que leva as pessoas a considerarem que a situação volta ao "status" anterior. O mesmo se pode aplicar à recessão: tecnicamente deixámos de contrair, mas nem está assegurado que vamos voltar a crescer nos níveis anteriores, nem está certo de quanto tempo vai demorar a recuperar o que, entretanto se destruiu.
Serve o arrazoado para, complementar o seu post com as seguintes reflexões:
a) Como se vai "secar" a liquidez que existe no sistema, sem provoar nem inflacção, nem juros que "travem" a retoma.
b) Como vai a Europa reagir à desvalorização (que se pode acelarar) do dólar e a "fuga" ( ainda e apenas esboçada) para o ouro?
c)As previsões apontam para uma explosão da dívida pública europeia até 2020 para valores e para países insuspeitos, vg, Alemanha. Como vão reagir os responsáveis da UE?
d) Qual a percentagem dos actuais desempregados voltarão a ter um emprego?
e) Qual será o futuro da UE e do EURO?
f) Qual será o futuro de Portugal?
Garanto-lhe que, a análise das implicações acima enunciadas e tendo em conta o que temos de responsáveis políticos, deixa-me, de momento, apenas apreensivo a caminhar para o apavorado.
Dito isto, só nos podemos surpreender com as "alegrias" depositadas nuns indicadores avançados que alguns demonstram, porque se essa "alegria" é fingida, então, o cenário é negro
Cumprimentos
João
Caro João,
ResponderEliminarPertinentes, sem dúvida, mas tb muito complexas as questões que equaciona no seu comentário.
A questão da secagem do excesso de liquidez primária ("high-powered reserves")resolver-se-á sempre,o problema é saber se com mais ou menos inflação.
O impacto dessa subida de preços no crescimento económico dependerá do maior ou menor nervosismo com que as "autoridades" reagirem a esse movimento altista dos preços.
Quanto ao resto, são assuntos para grandes e extensas lucubrações, do maior interesse certamente mas que neste espaço não consigo desenvolver.
Caro amigo Bartolomeu,
ResponderEliminarEu inclino-me para a sabedoria popular "quem não chora, não mama". Muito bem visto!
Caro Pinho Cardão,
Agradeço as suas palavras simpáticas. Neste blogue, longe da asfixia de outros, existe sempre muita matéria para nos inspirar.
Pode comentar este post do simplex?
ResponderEliminarhttp://simplex.blogs.sapo.pt/252166.html
Agradecia-lhe bastante.
henrique pereira dos santos