Mandaram-me pela net uma imagem do globo terrestre visto a partir da Austrália e é incrível como aquela disposição dos diferentes países nos parece estranha, como se o mundo de repente estivesse todo baralhado. O que daqui parece pequeno ali é enorme, o que visto de cá parece vizinho e ameaçador ali parece perdido nas longuras dos antípodas.Também tive a mesma sensação quando vi a colecção de mapas do tempo dos descobrimentos que estão na exposição “Encompassing the Globe” especialmente um mapa que tem a China no centro e todas as legendas escritas em chinês, numa extraordinária e minuciosa descrição do mundo até então conhecido. Sem entendermos as legendas é muito difícil de decifrar e, no entanto, a realidade física é a mesma.
Quando viajamos para longe também temos essa percepção de como o nosso espaço de todos os dias parece minúsculo e ao fim de poucos dias o que nos parecia problemas enormes e escândalos capazes de abalar o universo soam ridículos ou são pura e simplesmente esquecidos. Bem sei que não podemos relativizar tudo ao ponto de não dar importância a coisa nenhuma mas o facto é que ver as coisas de longe, noutro ambiente e noutro ângulo, ajuda muito a ter uma noção mais clara do que é importante e do que não vale mesmo a pena. Nem é preciso viajar para longe, basta conviver em ambientes diferentes e com pessoas com vivências que não cruzaram os nossos caminhos. As pessoas que se fecham em círculos muito pequenos ou que se isolam nas suas rotinas acabam por se consumir em pequenos nadas que se agigantam, irritam-se com detalhes, desistem do que lhes daria prazer ou infernizam a vida dos outros que não sabem ou não querem entender a microscópica importância do que lhes absorve a atenção e as energias.
Uma vez conheci um egípcio que se gabava da história milenária do seu País e contei-lhe um pouco dos Descobrimentos, ficou abismado porque não imaginava que deste canto desconhecido se tivesse aberto tantas portas ao mundo, para ele nenhum povo tinha tido tanta importância como o egípcio. Perguntou-me se havia judeus e não quis acreditar quando lhe disse que por cá ninguém se preocupava com isso, não dividíamos as pessoas por religiões. Surpreendi-me a pensar que estávamos ali a conversar como se o mundo de cada um não existisse para o outro e que tudo era uma descoberta e um espanto.
Mesmo que não seja possível viajar para longe, ou conhecer pessoas de outras latitudes, talvez olhar o mapa do mundo a partir de diferentes pontos do globo seja um bom exercício para ver que os recortes da realidade mudam consoante a perspectiva com que os olhamos. E isso pode ajudar a resolver muita coisa.
Quando viajamos para longe também temos essa percepção de como o nosso espaço de todos os dias parece minúsculo e ao fim de poucos dias o que nos parecia problemas enormes e escândalos capazes de abalar o universo soam ridículos ou são pura e simplesmente esquecidos. Bem sei que não podemos relativizar tudo ao ponto de não dar importância a coisa nenhuma mas o facto é que ver as coisas de longe, noutro ambiente e noutro ângulo, ajuda muito a ter uma noção mais clara do que é importante e do que não vale mesmo a pena. Nem é preciso viajar para longe, basta conviver em ambientes diferentes e com pessoas com vivências que não cruzaram os nossos caminhos. As pessoas que se fecham em círculos muito pequenos ou que se isolam nas suas rotinas acabam por se consumir em pequenos nadas que se agigantam, irritam-se com detalhes, desistem do que lhes daria prazer ou infernizam a vida dos outros que não sabem ou não querem entender a microscópica importância do que lhes absorve a atenção e as energias.
Uma vez conheci um egípcio que se gabava da história milenária do seu País e contei-lhe um pouco dos Descobrimentos, ficou abismado porque não imaginava que deste canto desconhecido se tivesse aberto tantas portas ao mundo, para ele nenhum povo tinha tido tanta importância como o egípcio. Perguntou-me se havia judeus e não quis acreditar quando lhe disse que por cá ninguém se preocupava com isso, não dividíamos as pessoas por religiões. Surpreendi-me a pensar que estávamos ali a conversar como se o mundo de cada um não existisse para o outro e que tudo era uma descoberta e um espanto.
Mesmo que não seja possível viajar para longe, ou conhecer pessoas de outras latitudes, talvez olhar o mapa do mundo a partir de diferentes pontos do globo seja um bom exercício para ver que os recortes da realidade mudam consoante a perspectiva com que os olhamos. E isso pode ajudar a resolver muita coisa.
O seu texto fez-me recordar o filme “O Clube dos Poetas Mortos”.
ResponderEliminarSe o viu, recorda-se que a certa altura um aluno sobe para cima de uma carteira,olha para a sala de aula e depara-se com uma panorâmica completamente diferente dessa sala? O professor, de um carisma extraordinário, incentiva os seus alunos a serem “pensadores livres”, a não se deixarem limitar por quaisquer condicionalismos mas que continuem a exercer o bom senso.
Não há uma só verdade; não há uma só forma de interpretar, não há uma só forma de olhar...
Quantas vezes não temos a tendência de julgar precipitadamente, de reagir de forma inadequada quando pensamos estar na posse da verdade...
Quantas vezes dispendemos tantas energias em “picuinhices” quando deveriamos canalizar essas energias para ajudar o próximo... por exemplo....
E quando há a tendência de criticar em vez de apresentar soluções para a eliminação de um problema, de uma situação, de uma política.....
Gostei do seu texto e do que dele transpareceu.
Rejeitando o desejo de picuinhar, mas já picuinhando, picuinho a mão da manipulação naquele naquele atlas geográfico.
ResponderEliminarDizia o miudo traquinas que, com os sapatos do pai, calçados, ele tambem parecia um homem.
Suspeito, cara Drª Suzana, que o homem nunca se irá libertar do síndrome da pequenez, cujo, o "obriga" desesperadamente a "escarafunchar" formas diferentes de atinjir a grandura.
Talvez não seja por da-ca-aquela-palha que as divindades são colocadas em altares, os reis em tronos, os professores e os oradores em estrados ou palcos...
Assim derrepente, só me lembro de um Homem que se dirigiu aos outros homens, colocando-se-lhes em igual plano, o Nazareno. Esse, pelos vistos, não precisou de se colocar num plano mais elevado para se fazer ouvir e entender. E porque terá sido?
Eu penso que o facto não terá ficado a dever-se ao potencial sonoro da Sua voz, ou à Sua estatura física.
Talvez Ecce Homo tivesse falado a verdade, a justiça, a fraternidade, a verdadeira igualdade e não desse importância ao ridículo da mesquinhez.
Talvez...
Dra. Suzana Toscano
ResponderEliminarPara quem tivesse ainda dúvidas, o seu post é a prova bem evidente de que é a Terra que anda à volta do Sol.
E a prova, também, que ainda se olha demasiado para o seu próprio umbigo.
Preocupamo-nos pouco com o que se passa na casa dos outros. E só estremecemos quando o ruído de lá chega até nós.
O egípcio com quem falou desconhcia a epopeia dos nossos Descobrimentos. Mas ia jurar que sabia quem é Cristiano Ronaldo, ou, pelo menos, Luís Figo se a conversa que teve com ele não for de agora.
A bonita frase que deixou no final do texto " ...os recortes da realidade mudam consoante a perspectiva com que os olhamos" relevam de uma grande sageza!
As dimensões são diferentes até porque ortogonalmente o mapa é diferente do usual. Gostei muito do texto, até porque toca em dois pontos que me são caros, o Egipto onde vivi algum tempo e a Austrália que visitei no início deste ano.
ResponderEliminarPortugal é apenas referido em termos históricos para os egípcios como tendo sido o responsável pelo abaixamento do fluxo comercial das rotas que passavam pelo Cairo antes dos descobrimentos, que é apenas um pormenor. Após isso, só mesmo, a passagem do treinador Manuel José pelo Al-Ahli é digno de registo.
Dou-lhe ainda um caso semelhante, numa das principais praças da Cidade do Cabo está uma estátua do navegador Bartolomeu Dias e não encontrei ninguem que soubesse de quem se tratava.
Caro Text, "somos" esquecidos, mas continuamos grandeeees!!!
ResponderEliminar;)))
Cara Catarina, claro que vi o filme, até mais que uma vez e veria de novo. Ensinar as pessoas a pensar, obrigando-as a ir além do preconceito ou do que foi apresentado como certeza absoluta é fascinante mas também é perigoso, como mostra o filme, porque cria insatisfeitos, rebeldes e exigentes cidadãos.O mais cómodo é a carneirada, todos muito conformados com a regra e com medo das polémicas e das críticas ou das expulsões.Acho que aquele professor teve esse problema de consciência, o de ter desencadeado forças que não conseguiu controlar ou seja, também ele não estava preparado para os efeitos de fazer crescer os alunos. Um filme apaixonante.
ResponderEliminarCaro Bartolomeu, não sei se algum dia nos libertaremos da "pequenez", como diz, mas podemos sempre tentar mesmo sabendo que não conseguiremos salvar o mundo. Quanto ao exemplo de que fala, certamente conhece a canção de Judas, Heaven on their Mins, da ópera rock de Andrew Lloyd Weber, no Jesus Christ Superstar:
I remember when this whole thing began
No talk of God then, we called you a man
And believe me
My admiration for you hasn't died
But every word you say today
Gets twisted 'round some other way
And they'll hurt you if they think you've lied
Nazareth's most famous son
Should have stayed a great unknown
Like his father carving wood
He'd have made good
Tables, chairs and oaken chests
Would have suited Jesus best
He'd have caused nobody harm
No one alarm
Enfim, talvez ele só tivesse sido ouvido porque despertou a ira dos reis ao invocar a Sua autoridade de Filho de Deus...
Caro antónio Transtagano, não fiz o teste do Figo para não ter desilusões mas contei a história de Pedro e Inês, pelo menos essa sei que o impressionou bastante e rivalizou com alguns episódios da história dos faraós.:)
Caro Textículos, que sorte conhecer esses sítios longínquos,mas olhe que cá também não sei se o bartolomeu Dias seria reconhecido!
Heaven on their Minds, corrijo a gralha.
ResponderEliminarTenho o duplo abum original, muito bem conservadinho, cara Drª Suzana e... sou incapaz de contabilizar o nº de vezes que já foi tocado.
ResponderEliminar:)
Cara Suzana, levantou uma questão deveras pertinente e é capaz de ter razão.
ResponderEliminarCara Suzana:
ResponderEliminarPor vezes basta contemplar Lisboa do alto de um prédio de dez ou doze andares para ver que tudo é diferente: vê-se o que não se adivinhava e deixa de se ver o pormenor do buraco da rua.
Uma questão de horizonte...
Na perspectiva da geopolitica moderna o mundo visto de cada um dos centros de decisão(de Este a Oste, de Norte a Sul) é sempre muito surpreendente e diferente do que o imaginado e até do validado pelas nossas rotinas visuais e mentais.
ResponderEliminarVisto do espaço o nosso planeta azul não revela nada da geopolitica moderna nem o que se imagina como ele é visto cá de baixo e sob vários angulos.
Descontando a Geopolitica e as Viagens Planetárias, este texto da Suzana, pela sua simplicidade (e que li do Alto do Castelo), fez-me antes vir à memória um excerto do Livro do Desassossego.Escreveu Pessoa "Só o que sonhamos é o que verdadeiramente somos, porque o mais, por estar realizado, pertence ao mundo e a toda a gente.".
Será mesmo assim?
Parece que só depois de olharmos uns mapas surpreendentes é que nos convencemos que não estamos sós a não ser quando sonhamos.
Gostei.
E fui ver mais alguns mapasmundo nos Atlas do Monde Diplomatique, com o mundo visto de vários centros "nevralgicos".
E fiquei a perceber melhor porque é que a Russia considera a Europa, cada vez mais, um simples Cliente de gaz.
E Porque é que o Mundo para os Chineses está cada vez com mais cor amarela.
Enfim volto a Pessoa para elogiar o post da Suzana-"Penso às vezes que nunca sairei da Rua dos Douradores. E isto escrito, então, parece-me a eternidade."
Bem visto, caro Alto do Castelo,daí está bem posicionado para observar o Mundo :)Mas se calhar Fernando Pessoa tem razão, depois de muito viajar o nosso cantinho sabe mesmo muito bem, se andassemos mais por fora não diríamos tanto mal do que nos coube... (esta é uma interpretação livre de FP, não aprecio especialmente a visão que ele tem do mundo).
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