Ultimamente tenho sido alvo de telefonemas e interpelações sobre a problemática da vacinação contra a gripe A. Pais preocupados sem saberem o que fazer com os filhos e maridos a perguntarem se acho que vale a pena vacinar as esposas grávidas, para não falar nos demais.
Levantou-se uma suspeição sobre as vacinas afirmando que não foram suficientemente testadas e que há diferentes tipos. Há, de facto, vacinas diferentes no que toca aos adjuvantes utilizados e até há vacinas sem adjuvantes. Em essência nada as distingue a não ser nestes aspetos. Quanto ao facto de não ter havido “tempo” para as testar é uma tese que cai por si mesma, ou seja, hoje, com as novas tecnologias, tornou-se muito mais rápido e fácil produzir vacinas. Aliás, verificou-se uma antecipação às datas previstas, o que é de realçar e louvar. O modo de as produzir em nada difere das vacinas contra a gripe sazonal comum. De qualquer modo instalou-se a dúvida e a desconfiança agravadas pelos comportamentos de alguns profissionais de saúde que não têm qualquer pejo em mostrar os seus receios.
O medo é pior do que a própria gripe e não há máscaras nem desinfetantes para o matar. As mensagens correm o mundo em poucos minutos, através da TV, da internet e dos jornais. Depois, o “boca-a-boca” acaba por fortalecer e alimentar as desconfianças.
Já tive oportunidade de afirmar que o homem não consegue viver sem produzir “medos”. Quando uma ameaça termina é logo substituída por outra. A comunicação social tem o estranho hábito de se escudar no facto de que é apenas o “mensageiro” e, nessa qualidade, não se considera responsável pela propagação dos “medos”. Uma falácia como é fácil de demonstrar.
Surgiram, recentemente, alguns casos de morte fetal tardia em grávidas que tinham sido vacinadas. Aqui d’el-rei, a vacina é um perigo para as grávidas! Alguém tem dúvidas sobre esta conclusão? Claro que não escrevem sob este registo, mas é o que as pessoas leem nas entrelinhas. E mesmo que digam que se trata de uma mera coincidência não conseguem eliminar a dúvida entretanto criada. Nem os vírus informáticos são capazes de tamanhos efeitos negativos. Nestes casos, um bom programa antivírus e com a ajuda de informáticos consegue-se ultrapassar a situação e evitar novos ataques. Mas onde poderemos encontrar “antivírus” para limpar as ideias entretanto criadas nas mentes de tantas pessoas? É quase impossível. Claro que o tempo –sempre o famoso tempo! -, acabará por resolver mais este imbróglio.
Há dias, em conversa com um amigo jornalista que anda preocupado com um filho asmático - não sabia se devia ou não vaciná-lo -, perguntei-lhe se ainda não tinham “encontrado” algum caso de síndrome Guillain-Barré, uma doença neurológica que provoca paralisia na sequência de vários processos, alguns infecciosos, e que pode chegar a provocar a morte. Curiosamente, esta síndrome foi prevalente há pouco mais de trinta anos, nos Estados Unidos, com uma vacina contra uma nova forma de gripe, ao ponto de ser interrompida a vacinação. Atendendo a que esta situação, síndrome de Guillain-Barré, surge todas as semanas, embora em número muito reduzido, basta que a vacinação atinja mais pessoas para que possam ocorrer um ou mais casos em indivíduos já vacinados contra a gripe A. Já estou a ver as aberturas dos telejornais e as primeiras páginas dos periódicos e, como sempre, a zelosa ministra da Saúde a falarem sobre o tema. Quanto aos primeiros as sequelas sociais são fáceis de prever e quanto à ministra, apesar do seu esforço, ao querer repor as coisas na sua ordem natural, não vai conseguir apagar o fogo desencadeado pelos “mensageiros” da comunicação social.
Ai Mercúrio, Mercúrio, estás mesmo a precisar de um valente puxão de orelhas, mas Zeus deve estar velho e cansado, ou, então, entretido, como é seu hábito, a brincar com as suas deusas e belas mortais. O Olimpo já não é o mesmo de outrora...
Levantou-se uma suspeição sobre as vacinas afirmando que não foram suficientemente testadas e que há diferentes tipos. Há, de facto, vacinas diferentes no que toca aos adjuvantes utilizados e até há vacinas sem adjuvantes. Em essência nada as distingue a não ser nestes aspetos. Quanto ao facto de não ter havido “tempo” para as testar é uma tese que cai por si mesma, ou seja, hoje, com as novas tecnologias, tornou-se muito mais rápido e fácil produzir vacinas. Aliás, verificou-se uma antecipação às datas previstas, o que é de realçar e louvar. O modo de as produzir em nada difere das vacinas contra a gripe sazonal comum. De qualquer modo instalou-se a dúvida e a desconfiança agravadas pelos comportamentos de alguns profissionais de saúde que não têm qualquer pejo em mostrar os seus receios.
O medo é pior do que a própria gripe e não há máscaras nem desinfetantes para o matar. As mensagens correm o mundo em poucos minutos, através da TV, da internet e dos jornais. Depois, o “boca-a-boca” acaba por fortalecer e alimentar as desconfianças.
Já tive oportunidade de afirmar que o homem não consegue viver sem produzir “medos”. Quando uma ameaça termina é logo substituída por outra. A comunicação social tem o estranho hábito de se escudar no facto de que é apenas o “mensageiro” e, nessa qualidade, não se considera responsável pela propagação dos “medos”. Uma falácia como é fácil de demonstrar.
Surgiram, recentemente, alguns casos de morte fetal tardia em grávidas que tinham sido vacinadas. Aqui d’el-rei, a vacina é um perigo para as grávidas! Alguém tem dúvidas sobre esta conclusão? Claro que não escrevem sob este registo, mas é o que as pessoas leem nas entrelinhas. E mesmo que digam que se trata de uma mera coincidência não conseguem eliminar a dúvida entretanto criada. Nem os vírus informáticos são capazes de tamanhos efeitos negativos. Nestes casos, um bom programa antivírus e com a ajuda de informáticos consegue-se ultrapassar a situação e evitar novos ataques. Mas onde poderemos encontrar “antivírus” para limpar as ideias entretanto criadas nas mentes de tantas pessoas? É quase impossível. Claro que o tempo –sempre o famoso tempo! -, acabará por resolver mais este imbróglio.
Há dias, em conversa com um amigo jornalista que anda preocupado com um filho asmático - não sabia se devia ou não vaciná-lo -, perguntei-lhe se ainda não tinham “encontrado” algum caso de síndrome Guillain-Barré, uma doença neurológica que provoca paralisia na sequência de vários processos, alguns infecciosos, e que pode chegar a provocar a morte. Curiosamente, esta síndrome foi prevalente há pouco mais de trinta anos, nos Estados Unidos, com uma vacina contra uma nova forma de gripe, ao ponto de ser interrompida a vacinação. Atendendo a que esta situação, síndrome de Guillain-Barré, surge todas as semanas, embora em número muito reduzido, basta que a vacinação atinja mais pessoas para que possam ocorrer um ou mais casos em indivíduos já vacinados contra a gripe A. Já estou a ver as aberturas dos telejornais e as primeiras páginas dos periódicos e, como sempre, a zelosa ministra da Saúde a falarem sobre o tema. Quanto aos primeiros as sequelas sociais são fáceis de prever e quanto à ministra, apesar do seu esforço, ao querer repor as coisas na sua ordem natural, não vai conseguir apagar o fogo desencadeado pelos “mensageiros” da comunicação social.
Ai Mercúrio, Mercúrio, estás mesmo a precisar de um valente puxão de orelhas, mas Zeus deve estar velho e cansado, ou, então, entretido, como é seu hábito, a brincar com as suas deusas e belas mortais. O Olimpo já não é o mesmo de outrora...
Ora bem reaparecido, caro Professor! E logo em grande, numa acção de serviço público relevante.
ResponderEliminarQuanto a Mercúrio,já há muito tomou as rédeas do Olimpo e submeteu Zeus e todos os deuses maiores. Como tal, em matéria de reprimendas, porte-se Zeus muito bem, caso contrário ainda sofrerá punição igual à de Tântalo...
Muito obrigada (pelo que me diz respeito) pelos esclarecimentos que de certo contribuiram para dissipar algumas dúvidas que ainda subsistem aqui e ali…
ResponderEliminarZeus! Zeus! Após anos e anos de levar uma vida caracterizada por tão intensa promiscuidade, não seria de estranhar que também ele sofresse as agruras do processo de envelhecimento que a todos nós – pobres mortais – aflige com maior ou menor intensidade!
Talvez um dos seus símbolos – a águia – o distraia nos seus momentos de letargia.. e o mantenha a par do que por aqui se passa... Estou em crer que o Olimpo não esteja incólume aos diversos problemas terrestres...que também ele deixou de ser o paraíso de outrora! Até os deuses não se escapam....
Caro SMC
ResponderEliminarPerdoar-me-á, espero, uma apreciação, desta vez, crítica.
Quando vi o título e li as primeiras linhas do post, pensei que se referia ao mercúrio existente em algumas das vacinas existentes, sob a forma de adjuvantes.
Não sei em que se baseia para afirmar que "nada as distingue", mas quer-me parecer que serão os milhões, de dólares e euros, envolvidos bem como os cuidados que terão, ou não, havido na respectiva produção que as fazem distinguir-se entre si.
A prova ? Algumas serem mesmo desaconselhadas nalguns paises ou a certos grupos populacionais.
Cordialmente
Nos E.U.A. não são utilizados adjuvantes nem para esta nem para as outras vacinas. Uma opção. Na Europa e em muitos outros países utilizou-se e continua a utilizar-se adjuvantes que ajudam a estimular o sistema imunitário como sabe. Quanto ao "mercúrio", depois de muita polémica entre o tiomersal e o autismo acabou por concluir-se que tal associação causal é inexistente.
ResponderEliminarRelativamente ao dólares e aos euros, bem isso é outra história. Não tenho conhecimentos que me permitam concluir por qualquer estratégia no sentido de explorar a situação. Se fosse por mero interesse económico, bastariam as estatinas para enriquecer a indústria farmacêutica, já que são muito mais lucrativas. Quando digo que nada as distingue diz respeito à forma como o vírus é inativado e é produzido. Além do mais, não encontro qualquer similar que entre no mercado e que seja tão escrupulosamente escrutinado e vigiado como os fármacos. Por outro lado as instituições nacionais, comunitárias e internacionais que fiscalizam estas áreas muito dificilmente deixariam entrar no mercado qualquer produto que não respeitasse as regras altamente exigentes para estes tipos de produtos.
De qualquer modo, sou de opinião que os jovens, crianças, doentes de risco e grávidas devem ser sujeitos a vacinação, quanto aos restantes já sou mais permissivo.
Sem pretender transformar este espaço num consultório, permita-me perguntar caro Professor a sua opinião sobre o seguinte: informaram-me que aos doentes em tratamento de quimioterapia não era recomendada em caso algum a vacina, pois estando este doente com as defesas "em baixo" seria perigoso pô-lo em contacto com o vírus... então o que resta a estes doentes, cruzar os dedos e pedir a Deus para não terem o azar de contraírem a gripe? Pois se o vírus "morto" da vacina é perigoso...!!Estarão estes doentes condenados à morte no caso de a contraírem?
ResponderEliminarCaro Fénix
ResponderEliminarA vacina não comporta riscos porque o vírus está inativado. Os doentes nestas circunstâncias devem, naturalmente, ser vacinados. Constituem um dos grupos prioritários. Não correm riscos relativamente à vacina, mas correm muitos riscos se contraírem a gripe seja a A ou a sazonal
Caro Professor Massano Cardoso
ResponderEliminarJá tínhamos saudades suas!
A informação que tem sido prestada pela comunicação social é que o nível de tomada da vacina é muito baixo. O que é que explica esta situação? Havendo médicos que não prescrevem a vacina não me parece que possa ser a única explicação para um tão fraco desempenho. O que é que se passa efectivamente?
Aquilo que me pareceu efectivamente preocupante na história da vacinação foi passar de ouvir a ministra a dizer para as pessoas seguirem o conselho do seu médico na questão da gripe A para, depois de se saber que haveria médicos a desaconselharem a vacinação, passar a ouvir a ministra a dizer que os médicos deveriam ser responsabilizados por isso. Fiquei sem perceber se os médicos percebiam alguma coisa disto das vacinas ou não, mas pareceu-me mais que a vacina poderia ter um certo odor a robalo.
ResponderEliminarOdor a robalos?! Quererá dizer robalos com odor a fénico, não?
ResponderEliminarDepois do meu comentário e perplexidade sobre o aconselhamento (neste caso do m/ médico assistente do IPO) pela não vacinação enquanto estiver a fazer quimioterapia, e depois de novos desenvolvimentos do assunto, aqui fica, só para que conste:
ResponderEliminarNão devo ser vacinada, porque os medicamentos que me estão a ser administrados podem causar reacção alérgica com o(s) adjuvante(s) da vacina!
Para mim isto já faz mais sentido, pois inicialmente pensei que se tratava apenas de um não consenso da classe médica perante o produto...