Tal como o ALERTA AMARELO da meterologia que nos grita que vem aí o frio apesar de no Inverno ser suposto haver muito frio, acompanhado da ordem pretoriana "AGASALHEM-SE, JÁ!" dada pelos prestimosos e sempre atentos guardiões da nossa saudinha, assim na vida pública vão aparecendo alguns sinais de risco, justificativos de idêntico aviso.
Vejam só:
- Quem até há pouco dizia cobras e lagartos do parlamento e da classe política por atacado, apresenta-se agora a vergastar sem dó nem piedade aqueles que criticam estes políticos e este parlamento.
- Quem passou os últimos anos a censurar o PSD, numa lógica de desgaste contínuo de imagem fosse qual fosse a direcção ou o líder, desembaínha agora a espada pronto a trucidar qualquer crítico, qualquer inimigo da unidade.
- Quem se apresentava há uns tempos como o paladino da estabilidade governativa com um bem em tempo de crise, aparece agora a invectivar quem julga estar certo quando defende que uma solução de consensos essenciais que acorra à situação de dificuldade nacional, social e económica, que cada dia se agrava.
- Quem se incomodava com as persistentes violações dos mais elementares direitos da personalidade, em especial contra a banalização dos ataques gratuitos à privacidade e ao direito ao bom nome ou a imagem, é agora o arauto da divulgação de tudo ou mais alguma coisa em nome do superior interesse do Estado.
Tamanha mudança faz recear o pior. Protejamo-nos!
Caro Ferreira de Almeida:
ResponderEliminarMudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.
Ora aí está Camões cheio de razão: outra mudança faz de de mor espanto:
Que não se muda já como soía.
Pois não: também aqui a mudança é rápida, descarada e sem vergonha. E sem memória...