terça-feira, 15 de dezembro de 2009

ALERTA AMARELO


Tal como o ALERTA AMARELO da meterologia que nos grita que vem aí o frio apesar de no Inverno ser suposto haver muito frio, acompanhado da ordem pretoriana "AGASALHEM-SE, JÁ!" dada pelos prestimosos e sempre atentos guardiões da nossa saudinha, assim na vida pública vão aparecendo alguns sinais de risco, justificativos de idêntico aviso.

Vejam só:
  • Quem até há pouco dizia cobras e lagartos do parlamento e da classe política por atacado, apresenta-se agora a vergastar sem dó nem piedade aqueles que criticam estes políticos e este parlamento.
  • Quem passou os últimos anos a censurar o PSD, numa lógica de desgaste contínuo de imagem fosse qual fosse a direcção ou o líder, desembaínha agora a espada pronto a trucidar qualquer crítico, qualquer inimigo da unidade.
  • Quem se apresentava há uns tempos como o paladino da estabilidade governativa com um bem em tempo de crise, aparece agora a invectivar quem julga estar certo quando defende que uma solução de consensos essenciais que acorra à situação de dificuldade nacional, social e económica, que cada dia se agrava.
  • Quem se incomodava com as persistentes violações dos mais elementares direitos da personalidade, em especial contra a banalização dos ataques gratuitos à privacidade e ao direito ao bom nome ou a imagem, é agora o arauto da divulgação de tudo ou mais alguma coisa em nome do superior interesse do Estado.

Tamanha mudança faz recear o pior. Protejamo-nos!

1 comentário:

  1. Caro Ferreira de Almeida:
    Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
    Muda-se o ser, muda-se a confiança;
    Todo o mundo é composto de mudança,
    Tomando sempre novas qualidades.

    Continuamente vemos novidades,
    Diferentes em tudo da esperança;
    Do mal ficam as mágoas na lembrança,
    E do bem, se algum houve, as saudades.

    O tempo cobre o chão de verde manto,
    Que já coberto foi de neve fria,
    E em mim converte em choro o doce canto.

    E, afora este mudar-se cada dia,
    Outra mudança faz de mor espanto:
    Que não se muda já como soía.

    Ora aí está Camões cheio de razão: outra mudança faz de de mor espanto:
    Que não se muda já como soía.

    Pois não: também aqui a mudança é rápida, descarada e sem vergonha. E sem memória...

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