Voltando ao tema.
Passei mais uma vez pela oficina do Sr. Manuel para conversar e ver como ia a confecção dos sapatos. Mostrou-mos na forma, já um deles estava com a borracha cosida. Parecem-me muito grandes, disse eu. Não, tem que ser assim, se não na Páscoa já não servem…
E a conversa derivou logo para outro assunto.
O Sr. Manuel trazia invariavelmente consigo um vistoso emblema, pequenino e lindo, vistoso, de um azul profundo, matizado com dois escudos da bandeira, e encimado por uma coroa amarela e um dragão esverdeado. Oh Sr. Manuel, por que é que anda sempre com esse emblema na camisola? Oh Toninho, porque é o emblema do F. C. do Porto, e eu sou do Porto. Mas o Porto ganha pouco, a minha mãe, que é de Lisboa, diz que são tripeiros... E o Sr. Manuel explicou-me essa coisa dos tripeiros e o acto patriótico que levou à alcunha. Mas dizem que o Sporting e o Benfica ganham mais…Podem ganhar mais, mas foi o FCPorto que ganhou o primeiro Campeonato Nacional. E é o que tem o emblema mais bonito… E o que joga melhor!...
E mostrou-me O Século, que relatava o Torneio Quadrangular de Lisboa, que opunha os 3 grandes da capital ao FCPorto e onde dizia, em letras grandes: o Porto, apesar de último, enebriou Lisboa com o perfume do seu futebol. Que é que isso quer dizer? Que é a equipa que sabe jogar melhor, respondeu o Sr. Manuel…E desenfiou o emblema da camisola e deu-mo. Oh Sr. Manuel!... Se não quiser ser do Porto devolva-mo depois…
Passados dias, a minha mãe apareceu em casa com o embrulho dos sapatos. Chamou-me, para os calçar. Apesar de feitos por medida, eram enormes!... Os pés balançavam dentro deles, mesmo com dois pares de meias de lã e palmilhas de cortiça…
Oh Manuel, enganaste-te nos sapatos, são muito grandes para o miúdo!…
Pois foi, já desconfiava, enganei-me na forma. Mas não faz mal…Fica com eles e a D. Maria paga-mos quando lhe servirem…Daqui a um ano já estão bons. O remédio é fazer-lhe outros...
Passei mais uma vez pela oficina do Sr. Manuel para conversar e ver como ia a confecção dos sapatos. Mostrou-mos na forma, já um deles estava com a borracha cosida. Parecem-me muito grandes, disse eu. Não, tem que ser assim, se não na Páscoa já não servem…
E a conversa derivou logo para outro assunto.
O Sr. Manuel trazia invariavelmente consigo um vistoso emblema, pequenino e lindo, vistoso, de um azul profundo, matizado com dois escudos da bandeira, e encimado por uma coroa amarela e um dragão esverdeado. Oh Sr. Manuel, por que é que anda sempre com esse emblema na camisola? Oh Toninho, porque é o emblema do F. C. do Porto, e eu sou do Porto. Mas o Porto ganha pouco, a minha mãe, que é de Lisboa, diz que são tripeiros... E o Sr. Manuel explicou-me essa coisa dos tripeiros e o acto patriótico que levou à alcunha. Mas dizem que o Sporting e o Benfica ganham mais…Podem ganhar mais, mas foi o FCPorto que ganhou o primeiro Campeonato Nacional. E é o que tem o emblema mais bonito… E o que joga melhor!...
E mostrou-me O Século, que relatava o Torneio Quadrangular de Lisboa, que opunha os 3 grandes da capital ao FCPorto e onde dizia, em letras grandes: o Porto, apesar de último, enebriou Lisboa com o perfume do seu futebol. Que é que isso quer dizer? Que é a equipa que sabe jogar melhor, respondeu o Sr. Manuel…E desenfiou o emblema da camisola e deu-mo. Oh Sr. Manuel!... Se não quiser ser do Porto devolva-mo depois…
Passados dias, a minha mãe apareceu em casa com o embrulho dos sapatos. Chamou-me, para os calçar. Apesar de feitos por medida, eram enormes!... Os pés balançavam dentro deles, mesmo com dois pares de meias de lã e palmilhas de cortiça…
Oh Manuel, enganaste-te nos sapatos, são muito grandes para o miúdo!…
Pois foi, já desconfiava, enganei-me na forma. Mas não faz mal…Fica com eles e a D. Maria paga-mos quando lhe servirem…Daqui a um ano já estão bons. O remédio é fazer-lhe outros...
E lá pus o pé outra vez no papel para as medidas…
Não sei já se demoraram muito ou pouco. Mas o que sei é que as medidas já foram tomadas com o emblema do FCPorto ao peito. Foi esse o dia glorioso em que me tornei indefectível adepto do grande FCP, o clube com emblema mais bonito, o que tinha ganho o primeiro campeonato, e o que jogava melhor futebol!...
Imaginem agora a desgraça que seria para mim se o Benfica ou o Sporting tivessem emblemas bonitos e jogassem bom futebol? Boa sorte, ter um amigo como o Sr. Manuel!...
Não sei já se demoraram muito ou pouco. Mas o que sei é que as medidas já foram tomadas com o emblema do FCPorto ao peito. Foi esse o dia glorioso em que me tornei indefectível adepto do grande FCP, o clube com emblema mais bonito, o que tinha ganho o primeiro campeonato, e o que jogava melhor futebol!...
Imaginem agora a desgraça que seria para mim se o Benfica ou o Sporting tivessem emblemas bonitos e jogassem bom futebol? Boa sorte, ter um amigo como o Sr. Manuel!...
Caro Dr. Pinho Cardão
ResponderEliminarAposto que com o emblema ao peito os pezinhos estiveram muito bem comportados e os sapatos do Senhor Manuel ficaram uma maravilha!
Olhe, caro Dr. Pinho Cardão, vou-lhe ser muito sincero; já nutri maior apreço pelo Sr. Manuel, doque agora, depois daquilo que nos conta. Não ha direito. Então o Sr. Manuel atreve-se a "abusar" da inocência de uma criança e estabelecer a coneccção perniciosa entre o acto valoroso daqueles que construiram as naus para o Sr. Infante partir à conquista de Ceuta e um punhado de bem-pagos, que nem sabe o sequer o significado da frase "fazer das tripas coração".
ResponderEliminarDe resto... vá lá, um voto de solideriedade e apreço pelo trabalho artesanal!
;)))
É de louvar essa lealdade de longa data.
ResponderEliminarA lealdade é uma das maiores qualidades que uma mulher ou um homem podem possuir. Um homem ou uma mulher que continua com o mesmo clube desde o momento em que entendeu o significado do mesmo é, sem ponta de dúvida, uma pessoa de confiança!
Cara Margarida:
ResponderEliminarDe facto, no ano seguinte,os sapatos estavam óptimos!...
Caro Bartolomeu:
Compreendo, caro Bartolomeu, compreendo...Esse coracãozinho vermelho...
Cara Catarina:
Olhe que talvez não...O que não falta por aí gente fiel ao clube, mas verdadeiros infiéis na vida de to´dos os dias...
Eu também acho que o Sr Manuel abusou da inocência de uma criança. Foi assim uma espécie de «dragodófilo»! Em vez de rebuçados e chocolates, cativou Pinho Cardão com o emblemazinho azul e com o dragãozinho. E ninguém apresentou queixa?
ResponderEliminarSe dermos a escolher a uma criança um livro de estórias sobre dragões e outro sobre águias, o que é que ela vai escolher? O dos dragões, claro! São enormes, de uma cor viva – os dragões sempre atraíram a criançada. Nesta idade ainda não se aperceberam de que a quantidade (neste caso em termos de volume) não significa necessáriamente qualidade! São demasiado impressionáveis! E foi o caso do “Toninho” (com todo o respeito e a deferência que me merece!!! :) ).
ResponderEliminarOlhe que não, olhe que não! As crianças têm medo do dragão que até deita fogo pela boca...
ResponderEliminarAlém disso, as águias voam bem mais alto...
Caros Alberto Valadão e Catarina:
ResponderEliminarO Sr. Manuel cativou-me por uma razão estética( o emblema é mesmo bonito, por uma razão de qualidade ( o jornal dizia que o perfume do futebol do FCPorto, apesar de ter perdido, enebriou Lisboa)e por uma razão histórica (vencedor do 1º Campeonato). Portanto, meus amigos, era um sábio: apelou à razão e à emoção. Ainda bem, que o FCP continua a ser o melhor!...
Touché!
ResponderEliminarCaro Pinho Cardão
ResponderEliminarVamos ver, vamos ver... É de mau augúrio para os adeptos do FCP estarem agora a relembrar-se do 1º Campeonato! Em vez de falarem no Penta, recordam agora a primeira...
É como o SCP que, na falta de melhor, o que recordam são os cinco violinos. Ou o glorioso SLB que, quando esteve na mó de baixo, estava sempre a falar das vezes em que venceu a Taça dos Campeões Europeus! Igual. E mal sinal para o FCP...
Caro Alberto Valadão:
ResponderEliminarRememorei apenas umas das razões, a mais pequenina, que me levaram ao FCP.
Quanto ao mais, o FCP é, como sabe, o único clube português com passado glorioso, presente glorioso e futuro ainda mais glorioso!...
Caro Pinho Cardão
ResponderEliminarEsse «como sabe» é de sua lavra. Eu não sei nada! O que sei é que o glorioso SLB vai ganhar a Liga Sagres. E nem o Papa os «safa» em ano de Romana Visita!...
Caro Alberto Valadão:
ResponderEliminarMas o Benfica não ganhou já o Campeonato este ano?
Pelos festejos...e pelas capas dos jornais...
lindissima historia dr pinho cardão.e um mestre .abraço
ResponderEliminarDesvanecido, caro João Melo.
ResponderEliminarE excelentes textos os seus no também muito excelente Andarilho.
Natural das terras muito presentes no v/ Blog, tenho um bom e grande amigo... o Cardeal de Alpedrinha... que por vezes comenta aqui no 4R. Mas não posso dizer quem é...
tem de recuperar uma historia que publicou aqui no 4-Rde um caseiro da sua familia que convidou ( sob o olhar desconfiado do seu pai )para jantar numa consoada .ainda me lembro ( não com todos os detalhes..) dessa historia.tambem era excelente-
ResponderEliminarCaro João Melo:
ResponderEliminarMais desvanecido ainda e espantado por se ter lembrado da história. Talvez para o Natal a repita, se não me lembrar de outra...
De qualquer forma, aqui vai o endereço:
http://quartarepublica.blogspot.com/2005/12/recordao-de-natal.html
E muito obrigado!
É sempre um erro embandeirar em arco só porque a imprensa ou os media em geral o «proclamam». Não é por aí: é porque o glorioso(SLB) está mesmo a jogar bem e pelo que vejo. Viu o chapéu do Saviola ao Rui Nereu? Que me diz do Cardozo e das abadas ao Everton?
ResponderEliminarQue bonita estória, caro Pinho Cardão, esta que conta as suas experiências vividas com o sr. Emídio! Está confirmado: para além de bons políticos, há bons/boas contadores/as de histórias neste blogue!
ResponderEliminarDa leitura deste conto de Natal surgiu-me doces imagens de natais da minha infância: não havia ainda árvores de Natal lá em casa; o Menino Jesus não se tinha aposentado; era Ele que descia a chaminé e nos colocava no sapatinho os nossos presentes e, evidentemente, todos os anos sabia aquilo que mais desejávamos. Os presépios eram feitos com pedras e musgo verdadeiro e searas em latas de conserva! A avó materna fazia umas deliciosas filhós – enormes, redondas, perfeitas – que a minha a mãe nunca conseguiu igualar – sempre que fazia uma nova tentativa, acabava por admitir a sua “falta de jeito”! Agora são as árvores de Natal – lindamente decoradas e já com montes e montes de prendas a rodeá-las. A chaminé continua a ser a entrada preferida mas talvez devido às suas características pachorrentas, o Pai Natal necessita de um trenó, de muitas renas e de alguns ajudantes – não admira que tenha que descansar,beber um copo de leite e algumas bolachinhas que o esperam em todos os lares; os presentes já não tão leves e tão poucos assim.... Os natais fazemo-los nós... mas há algo que falta..
ResponderEliminarSó mesmo o Pinho Cardão, para começar a falar de uma bela história de um artesão de sapatos para acabar a falar do..FCP!Mas contou-a bem, sim senhor, descontamos a má influência que o artífice teve no rapaz de então e ficamos pelos sapatos, grandes de mais, é certo, mas que vieram a cumprir a sua função. Pois há tempos encontrei em Amsterdão uma loja muito selecta que tinha na montra solas, cabedais e muitos apetrechos que aqui se descobrem nos sapateiros, mas todos amontoados e num confusão de sapatos velhos. Pois a tal loja é o atelier de um artesão de sapatos por medida, um verdadeiro luxo que se traduz no preço de MIL EUROS por cda par de sapatos. Tempo de entrega, três meses, por excesso de encomendas e não haver aprendizes que queiram dedicar-se ao ofício. Ai, se o sr. Manuel tivesse emigrado teríamos hoje um verdadeiro império Charles Jourdan...e menos um adepto do FCP!
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