segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

O Orçamento-Dose II

Depois da Dose I, a Dose II.
O Governo vem dizendo que o pior da crise já passou e Sócrates, na Mensagem de Natal, anteviu no horizonte sinais evidentes de melhoria.
Não se vê assim qualquer justificação para a dramatização que o Governo vem fazendo à roda da aprovação do OE para 2010.
Se o Orçamento para 2009, depois das duas rectificações, foi pensado para o pior dos cenários, o Orçamento para 2010 cabe inteiramente no de 2009. E este funcionaria por duodécimos, com o Governo a efectuar as transferências que necessitasse.
Se o Governo pretendesse em 2010 diminuir a despesa e conter o défice, política correcta, poderia fazê-lo à vontade. Mas, a avaliar pelo passado e pelo presente, não será essa a política do Governo.
A dramatização é feita, porque a política governamental se esgota no aumentar ainda mais a despesa, pelo que a contenção do défice e da dívida pública só se fará com mais impostos.
Sejam eles os do Código Contributivo ou e outro qualquer Código.
Portanto, quem tem que dramatizar é a populaça, não o Governo. O Governo, com mais impostos, deixa de fazer o trabalho de casa e fica descansado. O descanso para o Governo, a tragédia para os portugueses!...

9 comentários:

  1. Este é um governo que não "orça, nem sai de cima". Pelo que, tem toda a lógica a sua alegação final, caro Dr. Pinho Cardão, quem se... dramatiza (e aqui cabe inteiramente uma alusão ao nosso poete popular Manuel Bráz) é o mexilhão, designado por populaça.
    Ai se a populaça conhecesse a força que tem...

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  2. O que meu Amigo assinala, caro Pinho Cardão, tem o cunho irrefragável da lógica cartesiana...
    Mas não andará a lógica totalmente areedada da nossa cena política com o triunfo indesmentível do experimentalismo voluntarista, suportado um charlatanismo militante?

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  3. Anónimo15:21

    Caro Dr. Pinho Cardão,
    absolutamente... absolutamente!
    Bom Ano.

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  4. Com a devida dedicatória ao caríssimo Bartolomeu, sempre tão assertivo:

    Nestes anos desperdiçados
    entre mentiras e ilusões,
    tantos ensejos passados
    baseados em falsas razões.

    Tantas oportunidades
    foram desperdiçadas,
    mostrando insanidades
    muito mal disfarçadas.

    Com a dívida devoradora
    no seu estilo impiedoso,
    a economia devedora
    terá um futuro duvidoso.

    Epílogo

    Mais milhão, menos milhão,
    o buraco está por tapar,
    mas lá estará o mexilhão
    mais uma vez a “lerpar”.

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  5. Pois é, caro Manuel Brás, insígne poeta... o mexilhão "lerpa" sempre, mesmo quando não vai a "jogo".

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  6. Caro Pinho Cardão

    No contexto actual qualquer governo que apenas tenha em linha de conta os actores internos, quando traça uma estratégia e define uma táctica, é meio caminho para um grande dissabor.
    Faço o favor de considerar que os actores políticos possuem a suficiente sofisticaçao política para terem analisado os efeitos das suas acções no contexto externo.
    Caso isso não suceda, sempre podemos considerar que estão mal aconselhados (uma desculpa que serve de muleta há mais de cinquenta anos), ou que não possuem as necessárias qualificações e legitmidade para estar nos lugares que ocupam.
    Para quem olha para a nossa realidade, de um ponto de vista externo, não pode deixar de cogitar no seguinte: estaremos perante uma bem urdida estratégia de saída sem custos para o utilizador?
    Pessoalmente é uma explicação simples e, parafraseando RReagan, uma explicação simples é preferível a uma mais elaborada.

    Cumprimentos
    joão

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  7. Caro Dr. Pinho Cardão,

    Voilà! Ou, numa outra latitude, "elementar, meu caro Watson!".

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  8. Caro João:
    A sua explicação para as governamentais asneiras parece-me pouco simples e, ao contrário, mesmo bastante elaborada...
    É que parte do princípio que "os actores políticos possuem a suficiente sofisticaçao política para terem analisado os efeitos das suas acções no contexto externo". Ora tal não me parece. Aqui, estou mais perto do que diz TMoreira: charlatanismo militante. E irresponsabilidade.

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  9. Caro Pinho Cardão

    No fundo, estamos de acordo. Tenho sempre a atitude de considerar que os "outros" são mais inteligentes ou tanto como a minha pessoa.
    Nesse sentido, a alternativa à minha proposição é a que defende.
    A realidade será, mais do que provavelmente, mais próxima da sua, do que da minha versão.
    É preocupante....

    Cumprimentos
    joão

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