Devo dizer que cada vez tenho mais dúvidas sobre o interesse de programas do tipo “Prós e Contras” com o figurino a que nos habitou ao longo dos últimos anos, apostado não no confronto saudável e tranquilo de ideias, mas num conflito de convicções pouco esclarecedor para a opinião pública, deixando muitas vezes, se não a maior parte das vezes, a ideia de um País a caminho do abismo. Confesso que deixei de ter paciência para programas deste tipo.
Numa época em que precisamos de procurar pontes para ultrapassar as dificuldades do nosso atraso e de encontrar e centrar a atenção naquilo que nos deve unir, penso que não devemos insistir em modelos de conflito que procuram de forma sistemática encontrar e explorar fracturas que nos desunem e confundem.
Em lugar de "prós e contras", que evidentemente são saudáveis que existam porque é sinal de vitalidade democrática, porque não apostamos em programas de “Prós e Prós”? Porque não reunimos frente a frente, no bom sentido, pessoas de diversos quadrantes da sociedade civil que conhecendo bem a realidade do País aplicam nas suas mais diversas actividades boas práticas (best pratices) que nos podem ajudar a perceber como podemos fazer as mudanças que precisamos?
Poderíamos ter aqui um motor de mudança de mentalidade e cultura, com uma função não apenas pedagógica e indutora de confiança e de auto-estima mas servindo, também, de contraponto ao conflito aberto que domina a vida política.
A edição de hoje do “Prós e Contras” - sobre o tema "Vencer os Desafios" - desviou-se do tal ambiente de conflito para se aproximar de um confronto mais positivo susceptível de gerar coesão e união.
Numa época em que precisamos de procurar pontes para ultrapassar as dificuldades do nosso atraso e de encontrar e centrar a atenção naquilo que nos deve unir, penso que não devemos insistir em modelos de conflito que procuram de forma sistemática encontrar e explorar fracturas que nos desunem e confundem.
Em lugar de "prós e contras", que evidentemente são saudáveis que existam porque é sinal de vitalidade democrática, porque não apostamos em programas de “Prós e Prós”? Porque não reunimos frente a frente, no bom sentido, pessoas de diversos quadrantes da sociedade civil que conhecendo bem a realidade do País aplicam nas suas mais diversas actividades boas práticas (best pratices) que nos podem ajudar a perceber como podemos fazer as mudanças que precisamos?
Poderíamos ter aqui um motor de mudança de mentalidade e cultura, com uma função não apenas pedagógica e indutora de confiança e de auto-estima mas servindo, também, de contraponto ao conflito aberto que domina a vida política.
A edição de hoje do “Prós e Contras” - sobre o tema "Vencer os Desafios" - desviou-se do tal ambiente de conflito para se aproximar de um confronto mais positivo susceptível de gerar coesão e união.
Cara Margarida Corrêa de Aguiar,
ResponderEliminarConfesso que o Prós e Contras tem perdido algum fulgor nos últimos tempos. Não sei se por culpa dos persistentes convidados governamentais que impediam que determinadas discussões fossem mais dissecadas, se por falta de inovação por parte dos realizadores. Talvez não fosse pior introduzir aquela "americanice" interessante, de selecionar questões do público que são feitas em directo via mail ou antes do programa via youtube.
Quanto à atitude positiva subscrevo a sua posição, mas pergunto se Portugal neste momento não precisa mais de força de vontade do que de optimismo?!
Cara Margarida,
ResponderEliminarEsta sua frase merece reflexão: "deixando muitas vezes, se não a maior parte das vezes, a ideia de um País a caminho do abismo."
É que parece o desporto nacional número um nos dias de hoje!
http://www.youtube.com/watch?v=IpIhzFh0yw8&feature=fvst
ResponderEliminarRay Charles contava com muita graça, uma piada, acerca de si próprio. Dizia (ou contava) que tinha nascido no seio de uma família pobríssima (ou paupérrima), que tinha cegado ainda muito jovem, e que para cúmulo só lhe faltava ser preto...
Bom... pobres e cegos já somos e, como teimamos em pregoar ao mundo que não somos racistas, que tal aprendermos as letras do abecedário? Sempre aprendemos a ler... já não perdemos tudo...
Ó grande problema do Prós e Contras, como da generalidade dos programas ditos de debate, é que são programas em que as caras dos convidados, professores, economistas, juristas, políticos, são quase sempre as mesmas.
ResponderEliminarJá não se preparam e debitam as mesmas frases de sempre, as mesmas que dizem desde há vinte ou trinta anos em programas na rádio e nas televisões.
Reproduzem as discussões de sempre, as diferenças de sempre, sem qualquer elemento novo e construtivo. Repetem diagnósticos há muito feitos e falam sempre no condicional.
Porque estão ali para fazer de conta que há debate útil e assim permanecerem sempre, contra ventos e marés. Com todo o êxito, como se verifica.
Por outro lado, e pese a valia profissional de muitos dos jornalistas que conduzem os debates e as entrevistas, o facto de também eles serem os mesmos de há tempos imemoriais pesa nos programas e dificulta alterações de formato ou de convidados. Julgo que até os próprios jornalistas se sentiriam estimulados se fossem desafiados para programas diferentes.
É uma verdade caro Pinho Cardão. Outra é este desporto nacional de dizer que "Portugal por este caminho vai pelo cano abaixo" (por muito que não vá), e nisso, a falta de renovação dos intérpretes não serve de desculpa, porque desde blogs até novos comentadores, novos jornais, etc, todos se entretém com o desporto "deixa lá ver se eu consigo prever uma calamidade económica para este país pior que a do vizinho".
ResponderEliminarO mal disto é que agora toda a gente é economista, é o que é...
Caro André
ResponderEliminarPor culpa talvez de uma politização de tudo e mais alguma coisa.
Concordo que falta uma força de vontade colectiva, mas percebo que sem confiança é muito difícil que exista. Não creio que o nosso problema seja a falta de optimismo. Às vezes o optimismo mais parece um pessimismo mal informado.
Caro Bartolomeu
Bela escolha! Estamos a precisar de reaprender muita coisa básica, tais são certos hábitos e sentimentos que incutimos e desenvolvemos em nós próprios, cada vez mais difíceis de alterar. Confiança, medo, pessimismo,...
Caro Dr. Pinho Cardão
A sua análise é muito certeira. É verdade que insistimos sempre muito em fazer as mesmas coisas. A repetição é um fenómeno que acontece nos mais variados domínios. O problema é que nos dá para repetir erros, em vez de com eles aprendermos, e portanto lá voltamos novamente à repetição. É assim em imensos domínios, incluindo na economia, na educação, só para dar uns exemplos.
Há realmente uma normalização excessiva do modo de fazer as coisas. E quando assim é o espelho de nós próprios que deveriam ser os outros também não funciona...
Caro cmonteiro
O problema é que os novos intérpretes acabam contagiados pela "repetição" quando no fundo sabemos que temos potencial para não continuarmos a persistir nos mesmos erros. A ideia catastrofista que se instalou, ao nível do discurso político, é extremamente prejudicial. Não é geradora de esperança e de confiança. Às vezes tem-se a sensação que se vai por um caminho sem retorno, porque quem pregou o abismo tem depois dificuldades em reconhecer que não é assim. É o descrédito total. Nestas circunstâncias, a fuga para a frente é muitas vezes a estratégia, à espera de um milagre que explique o contrário...
Acrescentaria ao grupo, os juristas...
Yhap!!! Dear Maggye, we could say http://www.youtube.com/watch?v=Q8Tiz6INF7I
ResponderEliminarto the "prós & Contras".
;)))
A minha percepção é diferente. Creio que um programa destes, no formato originariamente pensado - de ter de um lado e de outro visões se não opostas, capazes de estabelecer uma dialética muito marcada - afirma-se mais numa situação em que no plano político exista uma clara prevalência de um projecto ou de uma força, como aconteceu até às eleições com a maioria absoluta do PS.
ResponderEliminarEstes espaços ganham a atenção nesses periodos porque, não havendo outros foros de debate e de contraponto, abre-se por aí um espaço para o contraditório que a asfixia da maioria faz rarear.
O actual panorama favorece que o debate se volte a centrar designadamente nas instâncias políticas, dando os media natural expressão ao debate e ao contraditório que acontece aí, sem necessidade de o criar. Ou, se se quiser, de facultar às oposições ou a grupos mais ou menos organizados da sociedade civil, espaços de informação onde tenham voz, que visem compensar a tendência para as maiorias absolutas (todas!) se apropriarem de grande parte do espaço mediático.
O registo do programa de ontem é indiciário disso mesmo. Tranquilo, claramente a denunciar que o clima não favorece a discussão se ela não se fizer entre intervenientes muito activos do PS e das oposições, apostando na reflexão sobre o diagnóstico (que, convenhamos, é um exercício desinteressante por estafado que está...) e sobre soluções, através de protagonistas fora do circulo politico-partidário (pelo menos, activo).
Dir-se-á que os programas são para as ocasiões. E o formato original de arena em que degladiam contrários ou divergentes, não é, de facto, para esta ocasião. Isto a meus olhos, pouco entendidos, de resto nesta coisa dos media e das opções de programação.
Cara Margarida
ResponderEliminarTem toda a razão na crítica que faz a este programa, que mais parece próprio de um circo de gladiadores - é o que convém à “coordenadora” que procura sacar alguns dividendos do que se discute infrutiferamente. Deste programa, da forma como está arquitectado, fica-se com a impressão que nada pode resultar, em termos da formação de uma síntese construtiva, para o telespectador comum. Sabendo-se como se sabe, da propensão política da “coordenadora” e da sua evidente incapacidade em dirigir as forças em presença para um ambiente, tal como a Margarida lhe chama com graça, de prós e prós, não é viável apreciar o programa em causa, onde por vezes, admito-o, vence a ideia política e não a tecnicamente correcta
Caro Bartolomeu
ResponderEliminarInvejo a sua colecção de músicas "antigas". Quando se tem bom gosto é assim!
Também gosto de as ouvir, muito mais do que os bum, bum, bum que, embora descartáveis, quase nos furam os ouvidos!
José Mário
Não tenho nada quanto ao formato do programa, antes e depois de maiorias absolutas. O meu ponto não é o formato, mas sim o nível e a utilidade das discussões que se fazem. Transformar programas que deveriam esclarecer e elucidar as diferenças, apontar caminhos e propor soluções em palcos de agressão não é positivo. Não são abonatórios, confundem as pessoas e deixam-nas mal impressionadas.
O debate, independentemente da existência ou não de maiorias absolutas, ganharia muitíssimo com uma maior intervenção cívica. É prejudicial que o espaço mediático esteja concentrado apenas nas instâncias políticas.
Caro antoniodosanzóis
Tem muito que se lhe diga a sua última observação "...vence a ideia política e não a tecnicamente correcta"!
Cara Margarida;
ResponderEliminarO Bom gosto, advém do convívio e do estímulo com que o "Quarta" "me" acarinha!
;)
Caro Bartolomeu
ResponderEliminarObrigada pelas suas amáveis palavras. Sentimo-nos muito mimados!