Há dias assim, que começam logo mal e depois parece que tudo se desenrola dentro do mesmo signo, a dar para o torto, numa espiral em que a pessoa se sente à mercê do que possa ainda suceder-lhe.
Na 6ª feira de manhã parei uns minutos na rua ao pé de casa a cumprimentar uma pessoa e passou por nós um homem que parecia apressado, deu-me um encontrão e senti um puxão na mala que levava bem presa no braço. Agarrei-a com toda a força mas fui arrastada, poucos metros à frente um carro esperava o homem e logo arrancou com a porta aberta, por sorte larguei a mala antes de ser atropelada no asfalto. Por um triz não me magoei seriamente, mas o instinto de defesa é assim, a sorte ou o azar também, para as histórias que tenho ouvido depois disso, posso considerar que podia ter corrido pior. É tudo muito rápido, as pessoas assistem estupefactas, deve parecer-lhes um filme como me parecia a mim, num instante uma pessoa é só instinto e raiva, nem tem tempo de raciocinar. A polícia chegou pouco depois e só tenho que reconhecer o atendimento e os cuidados dispensados.
Preparei-me para recuperar a tranquilidade no fim de semana mas os meus problemas não acabaram aí.
Em regra, evito preocupar com os meus assuntos as pessoas que me rodeiam e hesitei antes de avisar as pessoas de família mais próximas do que me tinha sucedido, para não as assustar inutilmente mas, como as más notícias correm depressa, pensei que mais valia ser eu a contar e aligeirar as coisas, para evitar dramas. Foi uma sorte, porque hoje um jornal de grande circulação achou por bem publicar a notícia em grandes parangonas, com cópia de detalhes baseados nas minhas declarações à polícia, identificando-me como o meu cargo profissional que, de resto, nunca mencionei nas ditas declarações, nem vinha para o caso. Suponho que alguém viu o meu nome, associou, transmitiu e o jornal nem teve a amabilidade de me telefonar a perguntar se eu me importava que dessem conta pública de um episódio algo dramático da minha vida pessoal, ou se isso me iria causar mais danos do que os que eu já tinha sofrido. Não percebo com que direito o fizeram, nem se é hábito saberem quem declara o quê na polícia mas, já que se consideram donos da vida das pessoas que de algum modo reconheçam da vida pública, ao menos podiam pensar que, por simples humanidade, deviam poupar alarmes e grandes choques aos que as estimam, pessoas de família e amigos que ficaram aterrados com a descrição, sempre apimentada, como é hábito. Com a sua ânsia de escândalos, nem pensam no mal que fazem e, indirectamente, me fizeram fazer às pessoas de quem gosto e a quem tento poupar a aflições a todo o custo. Quem tem um jornal devia pensar nisso, que trata com pessoas e não apenas com “notícias”, mas duvido que sequer valha a pena insistir.
Bem, não havendo remédio, houve pelo menos uma vantagem. É que recebi muitos telefonemas amigos, que agradeço de todo o coração, e aproveitei para reconstituir boa parte da minha lista telefónica, que voou com o telemóvel na mala. Tudo o mais, talvez até a confiança de andar na rua com alegria, vou recuperando com o tempo e a ajuda amiga, que sempre encontro com generosidade.
Na 6ª feira de manhã parei uns minutos na rua ao pé de casa a cumprimentar uma pessoa e passou por nós um homem que parecia apressado, deu-me um encontrão e senti um puxão na mala que levava bem presa no braço. Agarrei-a com toda a força mas fui arrastada, poucos metros à frente um carro esperava o homem e logo arrancou com a porta aberta, por sorte larguei a mala antes de ser atropelada no asfalto. Por um triz não me magoei seriamente, mas o instinto de defesa é assim, a sorte ou o azar também, para as histórias que tenho ouvido depois disso, posso considerar que podia ter corrido pior. É tudo muito rápido, as pessoas assistem estupefactas, deve parecer-lhes um filme como me parecia a mim, num instante uma pessoa é só instinto e raiva, nem tem tempo de raciocinar. A polícia chegou pouco depois e só tenho que reconhecer o atendimento e os cuidados dispensados.
Preparei-me para recuperar a tranquilidade no fim de semana mas os meus problemas não acabaram aí.
Em regra, evito preocupar com os meus assuntos as pessoas que me rodeiam e hesitei antes de avisar as pessoas de família mais próximas do que me tinha sucedido, para não as assustar inutilmente mas, como as más notícias correm depressa, pensei que mais valia ser eu a contar e aligeirar as coisas, para evitar dramas. Foi uma sorte, porque hoje um jornal de grande circulação achou por bem publicar a notícia em grandes parangonas, com cópia de detalhes baseados nas minhas declarações à polícia, identificando-me como o meu cargo profissional que, de resto, nunca mencionei nas ditas declarações, nem vinha para o caso. Suponho que alguém viu o meu nome, associou, transmitiu e o jornal nem teve a amabilidade de me telefonar a perguntar se eu me importava que dessem conta pública de um episódio algo dramático da minha vida pessoal, ou se isso me iria causar mais danos do que os que eu já tinha sofrido. Não percebo com que direito o fizeram, nem se é hábito saberem quem declara o quê na polícia mas, já que se consideram donos da vida das pessoas que de algum modo reconheçam da vida pública, ao menos podiam pensar que, por simples humanidade, deviam poupar alarmes e grandes choques aos que as estimam, pessoas de família e amigos que ficaram aterrados com a descrição, sempre apimentada, como é hábito. Com a sua ânsia de escândalos, nem pensam no mal que fazem e, indirectamente, me fizeram fazer às pessoas de quem gosto e a quem tento poupar a aflições a todo o custo. Quem tem um jornal devia pensar nisso, que trata com pessoas e não apenas com “notícias”, mas duvido que sequer valha a pena insistir.
Bem, não havendo remédio, houve pelo menos uma vantagem. É que recebi muitos telefonemas amigos, que agradeço de todo o coração, e aproveitei para reconstituir boa parte da minha lista telefónica, que voou com o telemóvel na mala. Tudo o mais, talvez até a confiança de andar na rua com alegria, vou recuperando com o tempo e a ajuda amiga, que sempre encontro com generosidade.
Imagino o que deve sentir. Na próxima reunião dos quartorepublicanos as "mulheres do 4R" podem pensar em fundar uma confraria de vítimas de assalto!
ResponderEliminarTambém imagino o desconforto da publicação da notícia. Fui lê-la.
Um forte abraço.
Suzana
ResponderEliminarNão bastando a violência de que foi alvo, ainda teve que se confrontar com uma "notícia" para a qual não foi ouvida nem achada.
É o interesse comercial a comandar a captação de público, ainda que para tal não seja respeitada a privacidade da vítima. É o vale tudo!
Mas o mais importante é que recupere do choque porque o que lhe fizeram foi muito mau. Um beijo grande.
Lamento o que lhe aconteceu, cara Suzana. Uma situação que parece estar a acontecer frequentemente e que espelha a crise económica, a falta de agentes da polícia a patrulhar as ruas da cidade e a falta de profissionalismo e de ética dos órgãos de comunicação social. Espero que já se sinta mais calma. Tinha lido, de facto, o comentário de Pézinhos N’Areia e fiquei a pensar o que lhe teria acontecido. Só agora li o seu post e depois procurei o artigo online e o primeiro jornal que escolhi foi o “tal”.. claro!...Um abraço.
ResponderEliminarEm matéria de ética, e de respeito pela privacidade alheia, cara Drª Suzana, sabemos que os jornais falham a "todo o vapor". Intressa-lhes acima de tudo a notícia fantástica, que se o não for, será "aditivada" para que passe a ser e lhes garanta a venda dos exemplares impressos.
ResponderEliminarIsto tudo suportado pela curiosidade alarve deste povinho marreco que se lambe todo com o que de mal suceda a quem desempenha cargos relevantes.
Sucedem com frequência assustador, casos idênticos perpetrados por indivíduos oriundos de países de leste. Não sei se foi o caso... secalhar nem deu para se aperceber da "fronha do artista", a verdade é que, e segundo é noticiado, andam por aí uma quantidade de indivíduos de outras nacionalidades que já acomulam vários julgamentos e mandatos de saída do país, e... continuam a fazer "ouvidos de mercador" às ordens judiciais.
É de pasmar como é possível um fulano estrangeiro ir a tribunal, o juiz decidir que deve abandonar o país, num determinado prazo de tempo, o individuo não obedecer, reincidir, o juiz voltar a condena-lo, o fulano não ligar patavina, voltar a roubar, voltar a tribunal, voltar a ser condenado e por aí adiante...
Já nos bastam os ladrões nacionais, que cada vez são mais e mais sofisticados.
É como escreve o Professor Massano Cardoso, temos de criar no seio do 4R o instituto de apoio à vítima II.
ResponderEliminarSei bem como a Suzana se sente depois desta dupla violência, a física e a da invasão gratuita da privacidade. Mas percebo, pela parte final do post que está consciente de que o tempo é o remédio. Enquanto não passa o sentimento que nos causam estas formas de violentsção, estão por aqui os amigos.
Cara Suzana
ResponderEliminarLamento o assalto de que foi vítima, e lamento igualmente a forma como os jornais dão conta do sucedido. Fui ver a notícia e realmente com tantos pormenores acessórios à notícia "em si", só faltava ao jornalista inventariar os bens da sua habitação...É lastimável este tipo de jornalismo! A Suzana quando foi alvo do assalto não foi na qualidade de assessora, era uma anónima cidadã. Depois que importa ao público onde vive, se o assalto não ocorreu na residência?! Acho que estes jornalistas deviam ser responsabilizados por tanta informação que dão, que para o grande público não interessa, mas se calhar para os assaltantes é importante!
Eu também já fui vítima de um assalto, há 12 anos: quando cheguei a casa tinha a porta arrombada... A polícia investigou, fez a lista do que tinha sido roubado, recolheu impressões digitais e passados meses sugeriu-me que mandasse arquivar o processo, pois não encontraram os ladrões.
Cara Suzana, ao menos ficou muitissimo bem na fotografia! : )
ResponderEliminarCara Dra. Suzana Toscano:
ResponderEliminarSubscrevo, com a devida permissão, os comentários antecedentes, e reforço palavra a palavra o comentário do caro Drº Ferreira de Almeida.
Ja havia o blog "ladrões de Bicicletas".Já existe um blog da Sociedade da Informação e do Conhecimento.Vai ser lançado um relativo a "Ladrões de Malas& outras coisas na Sociedade da Informação ( com link para o 4R)".
ResponderEliminarCara Suzana, esperemos que fique por aqui...
De contrário ofereço-me para GuardaCostas!!!E aqui fica a minha solidariedade em tempo de Quaresma.E em tons de Roxo
FVRoxo
Pois é Suzana! Tentei falar te mas presumo que o telemóvel e o número foi no arrastão. Infelizmente esses acontecimentos acontecem com cada vez mais frequência e o mal é começar-mo-nos a considerá-los um mal necessário- Quanto ao "leak" noticioso é, de facto, lamentável. E estou de acordo a foto estava óptima!.. Abraço
ResponderEliminarMuito obrigada a todos, espero sinceramente que não haja mais candidatos à associação de apoio às vítimas mas o melhor é terem cuidado, reparei hoje que já há imensas senhoras que andam sem carteira e optaram por casacos com bolsos...
ResponderEliminarCaro velez Roxo, não se ofereça segunda vez, olhe que correr o risco de ter grande clientela!
Franklin, estou a reconstituir a lista, podes telefonar sem ter um motivo assim tão forte :)e um abraço amigo.
E, já agora, ainda bem que não fiquei mal na fotografia (foi antes de ter ficado sem mala)
Sou residente da Portela e a minha mãe tb já foi assaltada. A PSP de Moscavide demorou 15 minutos a aparecer e o carro de patrulha ao chegar estava com uma calma que parecia que não se tinha passado nada. A minha mãe nunca recebeu nenhuma chamada do ministro ou alguém do governo ou da PSP, mas infelizmente somos simples cidadãos como muitos outros que tem alertado e estão fartos da impunidade destes criminosos.
ResponderEliminarSerá que o ladrão que roubou a assessora do Cavaco iria ficar em liberdade como os outros?