Há dias fui ouvir a conferência de Benjamin Zander à Casa da Música. Zander é o director da Orquestra Filarmónica de Boston e é professor e um grande comunicador sobretudo porque fala com uma enorme paixão do seu trabalho e estimula os outros a conseguirem tirar o mesmo prazer do que fazem. Para além das inúmeras histórias que contou para ilustrar a sua tese de que um grande lider é como um bom maestro, porque consegue tirar de cada pessoa o seu talento para que o conjunto resulte num trabalho que supera todos, resolveu mostrá-lo na prática.
A Orquestra do Norte chegou ao palco sem que o maestro conhecesse qualquer dos seus membros ou alguma vez tivesse falado com eles. Deixou que o grupo tocasse primeiro uma música sozinho. À audiência o resultado soou harmonioso, parecia que não precisavam de maestro nenhum que pudesse acrescentar beleza e harmonia ao seu trabalho.
Mas ele começou por explicar a peça, quem era o seu autor, o que ele teria pretendido exprimir com aquela música e, quase sem se dar por isso, foi apontando onde é que se podia melhorar, ora fazendo os violinos tocar mais alto, ora mandando entrar o contrabaixo, ora improvisando onde lhe parecia que o andamento merecia ter mais força. Interrompia várias vezes para explicar qual era a sua ideia e incitava os músicos a não recearem ir além do que parecia estar escrito na pauta, e o resultado era extraordinário, a música tornou-se empolgante e já não apenas bonita e harmoniosa. Fez o mesmo com as peças seguintes e a orquestra seguia-o com cada vez mais facilidade, as resistências iniciais desapareceram e todos tocavam com emoção, muito para além da correcção técnica.
Num destes exercícios começou por fazer tocar só um dos instrumentos, depois outro, a seguir outro, de modo a que quem estava a ouvir pudesse distinguir com clareza o som de cada um no conjunto. A certa altura entraram os violinos e sobrepuseram-se, teve que os corrigir porque não deixavam que os outros contribuíssem para o conjunto e todos ficavam a perder. Não eram os outros que tinham que tocar mais alto, disse ele, cada um tinha que deixar espaço que para tons suaves, era preciso que todos pudessem ser ouvidos, e mostrava a diferença, oiçam agora, já viram como fazia falta aquele que desaparecia? Também fez notar que uma orquestra toca muito melhor se compreender o que interpreta, não basta seguir as instruções da pauta, é preciso interiorizá-la e dar-lhe vida com o talento e a confiança de cada um.
Zander usa com insistência a imagem dos olhos a brilhar, diz que é a melhor forma de um líder compreender se as pessoas estão a segui-lo ou não, se estão envolvidas, porque só assim ele poderá confiar que vão fazer o seu melhor. E fez notar que o maestro é silencioso, não toca nenhum instrumento, não se dirige aos músicos enquanto tocam, são os seus movimentos que os guiam e que cada um segue sabendo que ele está atento ao conjunto e ao interesse de todos.
A Orquestra do Norte chegou ao palco sem que o maestro conhecesse qualquer dos seus membros ou alguma vez tivesse falado com eles. Deixou que o grupo tocasse primeiro uma música sozinho. À audiência o resultado soou harmonioso, parecia que não precisavam de maestro nenhum que pudesse acrescentar beleza e harmonia ao seu trabalho.
Mas ele começou por explicar a peça, quem era o seu autor, o que ele teria pretendido exprimir com aquela música e, quase sem se dar por isso, foi apontando onde é que se podia melhorar, ora fazendo os violinos tocar mais alto, ora mandando entrar o contrabaixo, ora improvisando onde lhe parecia que o andamento merecia ter mais força. Interrompia várias vezes para explicar qual era a sua ideia e incitava os músicos a não recearem ir além do que parecia estar escrito na pauta, e o resultado era extraordinário, a música tornou-se empolgante e já não apenas bonita e harmoniosa. Fez o mesmo com as peças seguintes e a orquestra seguia-o com cada vez mais facilidade, as resistências iniciais desapareceram e todos tocavam com emoção, muito para além da correcção técnica.
Num destes exercícios começou por fazer tocar só um dos instrumentos, depois outro, a seguir outro, de modo a que quem estava a ouvir pudesse distinguir com clareza o som de cada um no conjunto. A certa altura entraram os violinos e sobrepuseram-se, teve que os corrigir porque não deixavam que os outros contribuíssem para o conjunto e todos ficavam a perder. Não eram os outros que tinham que tocar mais alto, disse ele, cada um tinha que deixar espaço que para tons suaves, era preciso que todos pudessem ser ouvidos, e mostrava a diferença, oiçam agora, já viram como fazia falta aquele que desaparecia? Também fez notar que uma orquestra toca muito melhor se compreender o que interpreta, não basta seguir as instruções da pauta, é preciso interiorizá-la e dar-lhe vida com o talento e a confiança de cada um.
Zander usa com insistência a imagem dos olhos a brilhar, diz que é a melhor forma de um líder compreender se as pessoas estão a segui-lo ou não, se estão envolvidas, porque só assim ele poderá confiar que vão fazer o seu melhor. E fez notar que o maestro é silencioso, não toca nenhum instrumento, não se dirige aos músicos enquanto tocam, são os seus movimentos que os guiam e que cada um segue sabendo que ele está atento ao conjunto e ao interesse de todos.
Consegui posicionar-me algures na Casa da Música através da sua explicação. E com isto... digo tudo!!! : )
ResponderEliminarTambém assisti a esse interessante evento. O nome do conferencista é Benjamin Zander e não "Zender". Não me parece que esta suposta síntese reflicta o que aí se passou ... mas isso é outra história. Pelo menos corrijam o nome do conferencista !
ResponderEliminarOntem à noite, a propósito do seu post, pensei neste senhor que conheço, vizinho de uns familiares. Pessoa muito estimada na vila. Sempre gostou muito de música popular e do fado... mas do fado à antiga, diz ele. Tenho quase a certeza de que nunca ouviu falar de Benjamin Zander ou da Orquestra Filarmónica de Boston nem nunca visitou a Casa da Música ou participou numa conferência. Não é intelectual. Não tem estudos. Não deveria ter lido Sarte ou Zola .... Todavia, é um homem delicado, muito educado e então quando se dirige a uma senhora, é um verdadeiro “gentleman”! E sê-lo-ia em qualquer comentário que fizesse num blogue... disso eu tenho a certeza.
ResponderEliminarInstrução/intelectualidade não tem mesmo nada a ver com educação, com boas maneiras! ......
Oh Luís, já agora, e que entrou, explique-nos então o que disse o Maestro.
ResponderEliminarO ouvido da Drª Suzana, que costuma ser afinado, ouviu e interpretou o que ficou relatado.
Não foi isso, disse o meu amigo. Está no seu direito, nem todos ouvem igual. E o pior que pode acontecer é um sujeito ser mal interpretado.
Mas, sendo assim, então tire-nos lá dessa dúvida lancinante em que nos deixou...
Caro Luis, só para não desperdiçar o seu contributo corrigi o nome, mas poderá contatar com facilidade na Net que tanto se escreve Zander como Zender, pelos vistos é erro comum. Quanto ao que o caro Luis pôde apreciar da conferência é natural e desejável que não se contente com a "suposta síntese" como baptizou o meu post, uma vez que não pretendi fazer síntese nenhuma mas apenas contar o que se passou na última parte da conferência.Se lá esteve sabe perfeitamente que a parte da orquestra começou`já depois das 18h e foi completamente diferente da toda a primeira parte, que durou mais de 3 h, só com o conferencista a falar. Mas se quiser dar-se ao trabalho de contar aqui a sua síntese teremos muito gosto e acrescentará certamente ao que acima expus sem outra pretensão que não a de contar o que vi e de que gostei.
ResponderEliminarSuzana
ResponderEliminarExcelente "aula" sobre a liderança e descrita com muita mestria.
Chefiar uma orquestra fornece, com efeito, muitos ensinamentos úteis à compreensão do funcionamento de uma organização.