domingo, 7 de fevereiro de 2010

Louçã contra Louçã


Não foi sem algum constrangimento que comprei o livro Economia(s) de Francisco Louçã e José Castro Caldas, editado em Dezembro passado, persuadido que fui, nos almoços periódicos que fazemos, por alguns bons amigos e colegas economistas de diversas e opostas tendências, que já o haviam lido.
Claro que sabia que a valia técnica de Louçã no domínio da teoria económica era reconhecida nos meios universitários e até por economistas muito distantes da sua área ideológica. Para mim, no entanto, era-me difícil esse reconhecimento, tal a “versatilidade”, para não usar outra expressão, com que, na pele do político, trata as questões económicas.
De qualquer forma, mandei embrulhar muito bem os dois exemplares que comprei (um era para um colega), não fosse algum amigo encontrar-me com 2 livros tão suspeitos...
Acontece que o livro é um dos melhores manuais de economia de autores portugueses que já vi, tratando de forma muito conseguida e harmónica princípios básicos, o pensamento das diversas escolas e dos principais economistas, e ilustrando o todo com estatísticas e números da economia europeia, americana e portuguesa.
Claro que algumas das conclusões têm forte base ideológica; mas os autores têm o mérito de não iludir as diversas doutrinas em confronto. E, quando assim é, cada qual pode concluir por si.
Em síntese, interrogo-me como é que eu, alguma vez, puderia recomendar um livro de Francisco Louçã?
No entanto, faço-o, porque o livro tem mérito. E também porque a sua leitura será o melhor remédio para fugir, rapidamente e em força, das soluções e políticas que Louçã defende.

2 comentários:

  1. Caro Dr. Pinho Cardão
    Neste caso, economista e político não coincidem. Quem o diz são alunos do ISEG que frequentaram as aulas do Professor Francisco Louçã e que ficaram surpreendidos com as diferenças...

    ResponderEliminar