Há dias encontrei o meu velho telescópio. Deram-mo há muitos anos para poder desfrutar as noites de verão da minha varanda, durante as férias. Na altura, aperceberam-se da minha vocação para a “astronomia”. De facto, era um encanto olhar para o céu e conseguir ver inúmeras estrelas e diversas constelações. O fascínio era tal que já sabia onde estavam certas estrelas, e até a “hora” de acordo com as suas posições. Com base em atlas que ia adquirindo, acabei por saber muitos dos seus nomes. Gostava particularmente das noites em que deveriam aparecer as “estrelas cadentes”. E apareciam! Com os anos abandonei o céu. Regressei à terra! A razão é muito simples. Deixei de ver os astros, escondidos pela poluição luminosa. Liquidaram um espetáculo que deveria ser preservado. Este fenómeno, poluição luminosa, já afeta as pequenas comunidades. É fácil de perceber que nas grandes cidades o fenómeno é particularmente grave, ao ponto de impedir as gerações mais novas de desfrutarem, no futuro, tão belo património.
Acontece que a poluição luminosa não perturba apenas os astrónomos ou os que se deliciam com a poesia e a beleza da dança dos astros, mas também, e de que maneira, os seres animais e vegetais. Insetos, aves, répteis andam desnorteados com o excesso de luz que invade a noite, perturbando as suas fisiologias, desorientando-os nas suas migrações, alterando os seus comportamentos, enfim, provocando distúrbios muito marcados no chamado ritmo circadiano. E quanto aos seres humanos? Também sofrem dos efeitos da iluminação e da violação do ciclo dia noite. Ansiedade, agressividade, hipertensão, stress, dores de cabeça, fadiga, diminuição da função sexual são alguns desses efeitos. Há, no entanto, evidências muito fortes de aumento de certas formas de cancro, nomeadamente da mama, nas mulheres que estão expostas a agressões luminosas durante a noite. Sabendo que esta forma de cancro atingirá uma mulher em cada nove, ao longo da vida, e que está em franco crescendo, devido a múltiplos fatores, alimentares, hormonais e substâncias poluentes, frutos da atividade humana, importa conhecer todos os agentes envolvidos, entre os quais se destaca a poluição luminosa. Deste modo, a poluição luminosa produzida pelas luminárias exteriores e outras fontes internas merecem alguma atenção e cuidado de forma a minimizar os seus efeitos. O mecanismo começa a ser conhecido e deve-se a uma substância que não é produzida adequadamente no cérebro das pessoas, a melatonina. A falta desta substância terá um papel muito importante ao permitir o aparecimento deste tipo de cancro que, infelizmente, atinge cada vez mais mulheres jovens. Acontece que uma fraca, mesmo fraquíssima, fonte de luz é mais do que suficiente para impedir a produção de uma substância tão importante. A poluição luminosa pode entrar pelas janelas e ser produzida dentro da habitação. A testemunhar a importância desta situação, destaca-se o facto de que as mulheres que trabalham por turnos correrem mais riscos de cancro da mama, ao ponto de, no ano passado, quarenta mulheres dinamarquesas terem recebido uma compensação do governo devido a cancro da mama relacionado com o trabalho por turnos. As mulheres com história familiar de cancro não foram contempladas. Estas atitudes reforçam cada vez mais a associação e o papel da poluição luminosa no desencadear de uma patologia em crescendo. Importa que sejam tomadas medidas destinadas a controlar e a minimizar os impactos desta forma de poluição que começa a ser conhecida. Entretanto, enquanto não são tomadas medidas destinadas a fazer regressar o escuro, a que temos direito, com consequências que não se esgotam apenas nos gastos energéticos, aumento da emissão de gases com efeito estufa, mas também em várias patologias, entre as quais o cancro, aconselha-se o seguinte: evite fontes luminosas durante o sono, durma oito a nove horas em total escuridão e evite trabalhos por turnos ou entrar sistematicamente durante a noite como se fosse dia...
Ainda tenho esperança de voltar a usar o meu telescópio nas doces e quentes noites de verão. Quando tal acontecer é sinal de que um importante fator de risco de cancro começou a ser controlado.
Acontece que a poluição luminosa não perturba apenas os astrónomos ou os que se deliciam com a poesia e a beleza da dança dos astros, mas também, e de que maneira, os seres animais e vegetais. Insetos, aves, répteis andam desnorteados com o excesso de luz que invade a noite, perturbando as suas fisiologias, desorientando-os nas suas migrações, alterando os seus comportamentos, enfim, provocando distúrbios muito marcados no chamado ritmo circadiano. E quanto aos seres humanos? Também sofrem dos efeitos da iluminação e da violação do ciclo dia noite. Ansiedade, agressividade, hipertensão, stress, dores de cabeça, fadiga, diminuição da função sexual são alguns desses efeitos. Há, no entanto, evidências muito fortes de aumento de certas formas de cancro, nomeadamente da mama, nas mulheres que estão expostas a agressões luminosas durante a noite. Sabendo que esta forma de cancro atingirá uma mulher em cada nove, ao longo da vida, e que está em franco crescendo, devido a múltiplos fatores, alimentares, hormonais e substâncias poluentes, frutos da atividade humana, importa conhecer todos os agentes envolvidos, entre os quais se destaca a poluição luminosa. Deste modo, a poluição luminosa produzida pelas luminárias exteriores e outras fontes internas merecem alguma atenção e cuidado de forma a minimizar os seus efeitos. O mecanismo começa a ser conhecido e deve-se a uma substância que não é produzida adequadamente no cérebro das pessoas, a melatonina. A falta desta substância terá um papel muito importante ao permitir o aparecimento deste tipo de cancro que, infelizmente, atinge cada vez mais mulheres jovens. Acontece que uma fraca, mesmo fraquíssima, fonte de luz é mais do que suficiente para impedir a produção de uma substância tão importante. A poluição luminosa pode entrar pelas janelas e ser produzida dentro da habitação. A testemunhar a importância desta situação, destaca-se o facto de que as mulheres que trabalham por turnos correrem mais riscos de cancro da mama, ao ponto de, no ano passado, quarenta mulheres dinamarquesas terem recebido uma compensação do governo devido a cancro da mama relacionado com o trabalho por turnos. As mulheres com história familiar de cancro não foram contempladas. Estas atitudes reforçam cada vez mais a associação e o papel da poluição luminosa no desencadear de uma patologia em crescendo. Importa que sejam tomadas medidas destinadas a controlar e a minimizar os impactos desta forma de poluição que começa a ser conhecida. Entretanto, enquanto não são tomadas medidas destinadas a fazer regressar o escuro, a que temos direito, com consequências que não se esgotam apenas nos gastos energéticos, aumento da emissão de gases com efeito estufa, mas também em várias patologias, entre as quais o cancro, aconselha-se o seguinte: evite fontes luminosas durante o sono, durma oito a nove horas em total escuridão e evite trabalhos por turnos ou entrar sistematicamente durante a noite como se fosse dia...
Ainda tenho esperança de voltar a usar o meu telescópio nas doces e quentes noites de verão. Quando tal acontecer é sinal de que um importante fator de risco de cancro começou a ser controlado.
De fato caro Salvador uma noite sem luz, pacifica o espirito e permite uma harmonização dos astros!
ResponderEliminarSe tem saudades de ir à sua varanda e ver os astros, aconselho uma ida ao Centro Ciência Viva de Constância. Vai concerteza desfrutar e recordar quando era criança e desta forma contribuir para que uma parte da mãe natureza fique mais preenchida.
Caro Professor Massano Cardoso:
ResponderEliminarQue a ciência e (se me permite) Deus o oiçam!
A observação dos astros, causa-me um fascínio incomparável. Antes de vir morar para o campo, tinha o habito de saír da cidade ao fim de semana e fazer turísmo rural.
ResponderEliminarEm determinada altura descobri um local daqueles que habitualmente nos causa a sensação de termos recuado no tempo, é uma aldeia pertencente ao conselho de Nisa, Aldeia de Chão da Velha. Esta aldeia é pequeníssima, isolada e muito pouco iluminada. Um dos meus fascínios é passear à noite pelos caminhos, escutar o silêncio e sentir-me fazer parte integrante dos elementos naturais. Nessa aldeia vivi uma experiência extraordinária. Tinha saído por um caminho que pelo meio dos campos, ía dar ao Tejo, era Verão e a noite estáva deslumbrante, límpida e estrelada. Depois de caminhar aproximadamente uma hora, encontrei num socalco junto ao caminho, uma eira em pedra. Aproveitei a localização e a configuração, pois a eira parecia uma varanda na encosta sobre o rio e sentei-me no rebordo. Passado pouco tempo, apeteceu-me deitar de papo para o ar. Foi uma sensação transcendental. A abóbada celeste, ganhou uma dimensão especialmente mágica e envolvente e real. Ao mesmo tempo, senti como que uma monumental vertígem e uma sensação de atracção, quase que de levitação.
Nunca utilizei qualquer tipo de drogas, mas imagino que a sensação seja muito próxima.
Fiquei naquele êxtase um bom bocado, deliciando-me com aquela visão magnífica e monumental.
O bonito foi quando me quis voltar a erguer e a andar. O corpo pesava-me toneladas. Cheguei quase a convencer-me que tinha sido objecto de um qualquer encantamento. Foi-me penoso chegar novamente à aldeia, ajudou à dificuldade o facto de o caminho de regresso, ser todo a subir.
Passado algum tempo, convidei um amigo a conhecer a aldeia.
À noite, depois do jantar convidei-o para um passeio pelo campo, enquanto as respectivas esposas, ficavam à tagarelice.
Ele aceitou o convite e eu, todo lampeirinho, encaminhei-o para o local mágico, com a intenção de o surpreender. Quando chegámos ao local, sentei-me no mesmo sítio e disse-lhe para se sentar ao meu lado, contudo, notei-o inquieto, olhava em redor denotando alguma ansiedade. Entretanto pedi-lhe para se deitar e olhar para cima.
Quando o meu amigo se deitou, pareceu que fora picadodo por um bicho, porque imediatamente se levantou de um salto e retomou o caminho para casa.
Fiquei intrigado com aquela reação e lá fui atrás dele, tentando que parasse e me dissesse o que tinha sentido, mas o homem ficou mudo e não lhe arranquei uma palavra.
No dia seguinte, acerca do mesmo assunto, a única coisa que consegui ouvir-lhe, foi que não conseguia explicar, que sentira uma sensação estranha e que só lhe apetecera saír dali o mais depressa possível.
Mistério astral, certamente...
De facto existem momentos inexplicáveis e parece que o seu foi um deles.. Certamente nunca mais irá acontecer levar uma pessoa amiga e de repente pedir para ele se deitar ao seu lado...
ResponderEliminarOs astros com o seu magnetismo tem destas coisas..
Meu caro Peixinho Fresco, diz-me a minha intuição que o meu amigo possui vastos conhecimentos astrais, mas pouca capacidade para avaliar a pessoa humana...
ResponderEliminarCaro Professor Massano Cardoso
ResponderEliminarAprendo sempre muito consigo.
Desconhecia os efeitos nocivos para a saúde da poluição luminosa e as suas diversas formas de se expressar.
Mas a propósito dos astros, tenho recordações fantásticas de contemplar o céu de cor azul polvilhado de milhares de estrelas e de não raras vezes ver cair estrelas cadentes percorrendo o firmamento de uma ponta à outra. De vez em quando ainda o faço, depois do jantar cá fora no jardim, naqueles dias muito quentes em que corre uma brisa quase imperceptível mas refrescante.
Na cidade nada disto é possível. Mas no campo ainda se vai tendo este enorme prazer, que é também um privilégio.
Caro massano cardoso, realmente nem tudo o que luz é ouro, o escuro também é preciso para o nosso equilíbrio e o corpo lá sabe reagir quando baralham o ritmo que devia merecer. Quando as minhas filhas se instalaram lá mais para onorte da Europa uma coisa que reparei foi que não há cortinas nas janelas, que são amplas e deixam ver tudo lá para dentro. Perguntei logo como é que conseguiam dormir sem tapar as janelas e disseram-me que ali é o hábito porque os Invernos são muito longos e escuros e a luz do dia e toda para aproveitar.É claro que os nossos horários mais dorminhocos ao fim de semana já obrigaram a que as janelas "portuguesas" tenham umas belas cortinas...
ResponderEliminarCara Suzana
ResponderEliminarEu não sei se o não uso de cortinas no norte da Europa terá a ver com o aproveitamento da luz solar. Não digo que não, mas veja, no verão é um pouco aborrecido ter de aguentar com a "luminosidade" noturna. Um amigo, e colega meu, daquelas bandas disse-me que a principal razão era, ou foi, o calvinismo que obrigava a deixar ver o que se passava dentro das casas. Um controlo total das vidas das pessoas. Até faz lembrar aquela proposta de colocar as declarações do IRS na Net, à vista de todos. Parece que andam por aí, também, uns “calvinistas políticos”...
É verdade, também me deram essa explicação, mas acrescentam que ninguém olha pela janela dos outros, o que me custa a crer, mas enfim...O calvinismo é só para alguns, caro massano, para os que não declaram rendimentos ou os põem a salvo das espreitadelas ficam fora da religião.
ResponderEliminarNa Jordânia também não usam qualquer género de cortinas nas janelas. Não faço ideia de qual seja o motivo, mas tenho a certeza que não ha nem nunca houve calvinista naquele país.
ResponderEliminarA verdade é que, nunca vi ninguém nas ruas a olhar para a casa alheia.
Bom, na verdade, vêem-se pouquíssimos populares nas ruas e aqueles que se podem ver, percebe-se imediatamente que se deslocam objectivamente para um lugar. Simplesmente, não se observam pessoas paradas nos passeios, ou noutro lugar público qualquer, excepto nas paragens dos autocarros.