Uma revista enfiada no meio de um jornal convidou-me a folheá-la com uma certa rapidez. De repente deparo-me com um artigo intitulado “A solução para os resíduos industriais perigosos” da autoria do diretor-geral da ECODEAL.(a)
Atendendo à problemática da coincineração, que ainda perdura, decidi ler com muita atenção o seu conteúdo.
O autor descreve uma unidade CIRVER (centro integrado de recuperação, valorização e eliminação de resíduos perigosos). Acompanhei de perto a definição e a discussão destes centros que constituem uma forma diferente de tratar a maioria dos resíduos industriais perigosos sem recorrer à incineração. De facto, o que fica por queimar é muito pouco. Recordo que, na altura, os defensores da coincineração não admitiam haver melhor solução do que a queima nas cimenteiras.
Os CIRVER foram, na altura, e ainda recentemente, desvalorizados e denegridos como alternativa à coincineração. No entanto, constituem uma eficientíssima solução. De acordo com o artigo, “Portugal possui atualmente das melhores instalações da Europa para o tratamento dos seus resíduos perigosos”. Nem mais! As técnicas utilizadas, a vigilância, a segurança e a qualidade de todos os procedimentos, assim como a validação do sistema de monitorização, o acesso aos eleitos locais, e a outras autoridades regionais, às instalações e à documentação são de realçar e de louvar. Transparência total!
Esta unidade tratou num ano e meio 84 mil toneladas. No entanto, a empresa, segundo Manuel Simões, defronta-se com os seguintes aspetos que passo a transcrever:
“As quantidades de resíduos industriais perigosos rececionadas pela ECODEAL estão abaixo das 254 mil toneladas referidas no estudo do mercado que serviu de base ao concurso público e ao dimensionamento e construção da ECODEAL.
A ausência total de resíduos em algumas das unidades construídas por obrigação do concurso público regulado pelo Decreto-Lei nº3/2004.
Este desvio nas quantidades rececionadas de resíduos e a ausência de resíduos em algumas unidades, levou a que a ECODEAL tenha pedido às autoridades competentes medidas no sentido de melhorar a fiscalização da correta gestão de resíduos perigosos em Portugal, adotar o princípio europeu da proximidade e da autossuficiência na eliminação de resíduos, melhorar os procedimentos de controlo da efetiva recuperação/valorização de resíduos e em definitivo trabalhar para defender a cara e moderna infraestrutura de tratamento de resíduos que tanto dinheiro e tempo custaram ao país”.
Curioso! Por onde andarão os resíduos industriais perigosos? Não existem? Têm que existir. Mas se existem não deveriam ser encaminhados para os CIRVER? O que fica para queimar é uma pequena fração. Será que os altos responsáveis governamentais irão esclarecer os portugueses relativamente a este assunto? Ou será que irão aproveitar o efeito da passagem do tempo? Com o tempo, muitos sentem que os músculos perdem a força, os ossos fragilizam-se, os cérebros tornam-se menos ativos e até os corações se “amanteigam” perante os argumentos e a força dos mandantes, esquecendo-se de uma luta em que as dúvidas científicas, a propósito dos efeitos nefastos no meio ambiente e na saúde dos cidadãos, foram “vencidas” pelos “argumentos” políticos e judiciais.
É certo que alguns do que andaram na luta contra a coincineração desapareceram a recordar o “desaparecimento” atual de muitas e muitas dezenas de milhares de toneladas de resíduos. Afinal, tudo desaparece. É uma mera questão de tempo. Até os resíduos!
(a) “A solução para os resíduos industriais perigosos”. Manuel Simões in País Positivo – Fevereiro -´10 – Nº 34, página 100.
Atendendo à problemática da coincineração, que ainda perdura, decidi ler com muita atenção o seu conteúdo.
O autor descreve uma unidade CIRVER (centro integrado de recuperação, valorização e eliminação de resíduos perigosos). Acompanhei de perto a definição e a discussão destes centros que constituem uma forma diferente de tratar a maioria dos resíduos industriais perigosos sem recorrer à incineração. De facto, o que fica por queimar é muito pouco. Recordo que, na altura, os defensores da coincineração não admitiam haver melhor solução do que a queima nas cimenteiras.
Os CIRVER foram, na altura, e ainda recentemente, desvalorizados e denegridos como alternativa à coincineração. No entanto, constituem uma eficientíssima solução. De acordo com o artigo, “Portugal possui atualmente das melhores instalações da Europa para o tratamento dos seus resíduos perigosos”. Nem mais! As técnicas utilizadas, a vigilância, a segurança e a qualidade de todos os procedimentos, assim como a validação do sistema de monitorização, o acesso aos eleitos locais, e a outras autoridades regionais, às instalações e à documentação são de realçar e de louvar. Transparência total!
Esta unidade tratou num ano e meio 84 mil toneladas. No entanto, a empresa, segundo Manuel Simões, defronta-se com os seguintes aspetos que passo a transcrever:
“As quantidades de resíduos industriais perigosos rececionadas pela ECODEAL estão abaixo das 254 mil toneladas referidas no estudo do mercado que serviu de base ao concurso público e ao dimensionamento e construção da ECODEAL.
A ausência total de resíduos em algumas das unidades construídas por obrigação do concurso público regulado pelo Decreto-Lei nº3/2004.
Este desvio nas quantidades rececionadas de resíduos e a ausência de resíduos em algumas unidades, levou a que a ECODEAL tenha pedido às autoridades competentes medidas no sentido de melhorar a fiscalização da correta gestão de resíduos perigosos em Portugal, adotar o princípio europeu da proximidade e da autossuficiência na eliminação de resíduos, melhorar os procedimentos de controlo da efetiva recuperação/valorização de resíduos e em definitivo trabalhar para defender a cara e moderna infraestrutura de tratamento de resíduos que tanto dinheiro e tempo custaram ao país”.
Curioso! Por onde andarão os resíduos industriais perigosos? Não existem? Têm que existir. Mas se existem não deveriam ser encaminhados para os CIRVER? O que fica para queimar é uma pequena fração. Será que os altos responsáveis governamentais irão esclarecer os portugueses relativamente a este assunto? Ou será que irão aproveitar o efeito da passagem do tempo? Com o tempo, muitos sentem que os músculos perdem a força, os ossos fragilizam-se, os cérebros tornam-se menos ativos e até os corações se “amanteigam” perante os argumentos e a força dos mandantes, esquecendo-se de uma luta em que as dúvidas científicas, a propósito dos efeitos nefastos no meio ambiente e na saúde dos cidadãos, foram “vencidas” pelos “argumentos” políticos e judiciais.
É certo que alguns do que andaram na luta contra a coincineração desapareceram a recordar o “desaparecimento” atual de muitas e muitas dezenas de milhares de toneladas de resíduos. Afinal, tudo desaparece. É uma mera questão de tempo. Até os resíduos!
(a) “A solução para os resíduos industriais perigosos”. Manuel Simões in País Positivo – Fevereiro -´10 – Nº 34, página 100.
Até a meio do seu texto pensei: Finalmente! Finalmente algo funciona em Portugal a cem por cento! Os portugueses estão livres dos resíduos nefastos à sua saúde! Já estava a ficar toda orgulhosa de tamanha façanha! Afinal... : (
ResponderEliminarNo dia em que os CIRVER receberem as quantidades de RIP que têm capacidade de tratar, como o meu caro Professor bem sabe, há um outro negócio que se afunda.
ResponderEliminar???? : )
ResponderEliminarComo a Catarina não percebe, o melhor é explicar: os resíduos são queimados nas cimenteiras como "combustível" alternativo e as ditas não pagam, e ainda recebem por cima. É como meter gasolina no depósito do carro e receber dinheiro por cima. Um excelente negócio!
ResponderEliminarCompreendo! Tipo negocio da china?!
ResponderEliminarObrigada.
Mil perdões, Catarina, pelo meu comentário que me apercebo agora justificava todas as interrogações. Mas o Professor deu a imagem perfeita.
ResponderEliminarPrecipitei-me com essas interrogações todas! Deveria ter feito o que estou a fazer neste momento que é ler mais sobre o assunto na Net! : ) Fico sensibilizada com a atenção!
ResponderEliminarCaro Salvador
ResponderEliminarOs resíduos estão na porta ao lado da Ecodeal.
Têm uma politica comercial bastante mais agressiva e com preços que podem chegar a - 25% dos praticados pela ecodeal.
Uma pergunta senhor Salvador Massino Cardoso
ResponderEliminarPor que razão deixou de escrever em português?
Fernando Correia
Não conheço "por dentro" a problemática, no entanto, permito-me conjecturar se, para além do "benefício" que representa para as cimenteiras, a incineração, versus «as técnicas utilizadas, a vigilância, a segurança e a qualidade de todos os procedimentos, assim como a validação do sistema de monitorização, o acesso aos eleitos locais, e a outras autoridades regionais, às instalações e à documentação. A transparência total!» praticadas nos CIRVER, não oferecerão aos produtores dos residuos uma "margem" superior de... anonimato.
ResponderEliminarFernando, o nome do senhor, é Massano... em português... em italiano... talvez seja Massino... talvez... isto a bem dezere, neste mundo , tudo é possível.
ResponderEliminarCaro Bartolomeu, quero confidenciar-lhe uma coisa e ao mesmo tempo pedir-lhe uma explicação – talvez esteja mais disponível para o fazer: tenho a “mania” que sou poliglota... uma daquelas pequenas veleidades que ainda alimento. Ao ler o texto to Prof. compreendi o significado de cada palavra (quando chegou ao comentário do Caro JM ... bem isso já foi outra estória...! : ) ). Agora perante o comentário do senhor Fernando... surgiu-me uma dúvida. Mas não foi em Português que o caro Prof. se expressou?! : )
ResponderEliminarCara Catarina,
ResponderEliminarcada um com suas "manias"!
Pessoalmente, sinto-me subjugado a várias: Acho-me intelectual, erudito, aristocrata, diplomata, ético, académico, humanista, altruísta e poliglota também.
Ao Senhor Salvador... lamentávelmente, não identifico qualquer uma destas "manias".
Cá para mim (e só aqui entre nós, Catarina) vai ver que o Senhor Salvador não é Professor coisíssima nenhuma e o que faz é copiar os textos que publica de um qualquer blog desses que se encontram a esmo na blogosfera.
;)))
Se calhar é isso! E depois, intencionalmente ou não, lá se vai esquecendo de certas consoantes... Mas que dá um aspecto erudito aos textos, lá isso dá! E um certo modernismo também! Denota espírito jovem que não tem receio de abraçar estas modernices que aparecem... : ) : )
ResponderEliminarSeja como fôr... consoante as consoantes que se omitem, seja ou não intencional, soam sempre as consoantes, mesmo que não se encontrem.
ResponderEliminarN'acha, Catarina?
Eu cá por mim, acho! : )
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