1. Já é oficial, no mês de Fevereiro o saldo dos CA diminuiu € 61 milhões: de € 16.824 em Janeiro para € 16.763 em Fevereiro.
2. Adicionando à redução de € 47 milhões registada em Janeiro, temos que em 2010 a redução líquida soma já € 108 milhões, o equivalente a 3,3 (+230%) vezes a redução verificada em igual período de 2009.
3. Os CA que em Janeiro de 2008 chegaram a representar 15,7% da dívida directa total do Estado representam actualmente 12,4%.
3. Note-se ainda que a prosseguir este ritmo mensal o stock de CA poderá baixar este ano mais de € 600 milhões, duplicando a perda registada em 2009...e caso se mantenham as condições de remuneração em vigor para os CA da série C isso não deverá constituir qualquer surpresa.
4. Relativamente à divida directa do Estado cabe mencionar de passagem que em final de Fevereiro ascendia a € 135.131 milhões, ou seja 82,7% do PIB (de 2009), tendo aumentado € 2.395 milhões nos dois primeiros meses de 2010, o dobro do valor registado em igual período de 2009...
5. A manter-se este ritmo mensal de crescimento, a dívida pública directa aumentaria mais de € 14 mil milhões em 2010, ou seja montante igual ao registado em 2009...compreende-se a esta luz a urgência das privatizações anunciadas.
6. Permito-me recordar os comentários aqui produzidos sobre este mesmo tema em texto editado em 26 de Fevereiro último (“Certificados de Aforro: alteração de política impõe-se”), no qual se procurou salientar a incongruência da política de remuneração dos CA.
7. Com efeito, a diminuição do saldo dos CA tem de ser compensada por emissão de outra dívida, em princípio de obrigações do Tesouro, consideravelmente mais onerosa para o Estado e colocada sobretudo em não residentes.
8. Parece assim que a revisão da política de remuneração dos CA se vai tornando cada vez mais urgente...já devia ter sido ontem...
...Se houvesse racionalidade nas decisões...
ResponderEliminarInfelizmente, razão é coisa que não abunda lá pelas Finanças.
Certificados de Aforro, são mais um dos motivos (e dos grandes) de preocupação da nossa sociedade.
ResponderEliminarOs aforristas são na sua grande maioria cidadãos de classe média e média-baixa que passaram uma vida de trabalho a efectuar os seus descontos para a aposentação e se encontram hoje dependentes das magras ecónomias que amealharam.
Se essas lhes faltam, falta-lhes tudo.
E esses cidadãos, caro Dr. Tavares Moreira, não foram ou são jogadores de bolsa.
Confiaram na honradez do estado e na solidez do tesouro.
Não merecem, depois dos sacrifícios feitos, serem abandonados à miséria, vítimas de uma dívida pública que não ajudaram a criar, nem a aumentar.
Os aforristas do estado, são alheios a engenharias financeiras e à contração de dívida pública, a falências de BPN's e BPP's, contribuíram honeste afincadamente para o aumento do Pib e o engrandecimento da nação, merecem respeito e consideração.´
É da mais elementar justiça!
Tem razão, caro Pinho Cardão, racionalidade é matéria prima em manifesta escassez, neste caso...e não só...
ResponderEliminarCaro Bartolomeu,
Este caso dos CA constitui uma clara ilustração da falta de uma política financeira com objectivos que respondam aos problemas económicos do País...
Quando era preciso estimular o aforro e contrariar a tendência de aumento do endividamento ao exterior...tomam-se medidas que ao mesmo tempo desincentivam o aforro e aumentam o endividamento face a não-residentes.
Como entender?
E quanto ao crescimento da dívida pública, parece que muito vamos ter que falar nos próximos meses...
A meu ver, caro Dr. Tavares Moreira, o crescimento da dívida pública, é o apocalipse da miséria que nos aguarda.
ResponderEliminarReversível, acredito que ainda possa ser o seu sentido.
Basta para tanto que haja uma tomada de consciência dos nossos governantes e que emendem a mão, abandonando projectos megalómanos que não criam qualquer tipo de mais valia para a nossa ecónomia, tão pouco abrem novas portas para que ela se revitalize.
Bom senso, clareza de ideias e de debates e sobretudo respeito, pelo presente, pelo futuro e por aquilo que representa o passado e o esforço de todos os que se empenharam por este país.
Não ha ninguem que dúvide de uma verdade: a recuperação da nossa economia depende da capacidade e vontade de investimento dos empresários. Impõe-se que se criem as condições, os apoios, acompanhamentos e regulações, para que essa vontade se efective.
O objectivo nacional neste momento, define-se na estabilização e consolidação.
Caro Bartolomeu,
ResponderEliminarO crescimento da dívida pública e privada portuguesa ao exterior - muito mais pública que privada, infelizmente - é um fenómeno inexorável que não será corrigível tão cedo...
A dívida total ao exterior tem crescido ao ritmo de € 16 mil milhões/ano nos últimos anos...a dívida pública cresce actualmente € 14 mil milhões/ano...
O ritmo poderá abrandar um pouco, mas o endividamento continuará a crescer por prazo indefinido...é certo que dentro de 2, no máximo 3 anos a dívida pública chegará a 100% do PIB...e a subir, sempre a subir...
Deste fado já ninguém nos livra, nem PS nem PSD nem...
Parece que é mais importante a "teima" política do que a correcção deste facto. Vejo por muitas pessoas que conheço - e em especial os mais idosos - que não hesitariam em pôr as suas poupanças em certificados de aforro e que agora não só não o fazem como querem levantar o que ainda lá têm, mesmo que não encontrem alternativa melhor. A sensação de terem sido defraudados é dominante e agora não há como os convencer.
ResponderEliminarTem toda a razão, cara Suzana...
ResponderEliminarNão sei que evolução vai ter este "dossier" mas se, como tem sido às vezes referido por responsáveis do Min-Fin, o Tesouro vier a vender obrigações a particulares, por exemplo através dos balcões dos CTT (que já aceitam subscrições de CA, como saberá), isso seria o fim dos CA...
Mas confesso-lhe que não levo muito a sério esse anúncio de venda de outra dívida ao público, em jeito de retalho, é uma questão tecnicamente complexa.
O mais natural, a prosseguir este autismo político em relação aos CA é que o stock destes continue a baixar gradualmente, tendendo para a extinção - o que naturalmente exigirá alguns anos.
Os custos para o Estado é que serão cada vez maiores em resultado da substituição desta dívida por outra bem mais onerosa...
Mas que haveremos de fazer?