Dizem os estudos que em 2050 os idosos viverão mais tempo com saúde e autonomia, não sei se é verdade ou não, há 40 anos ninguém previa que hoje se vivesse até tão tarde e que houvesse um sério problema demográfico por falta de nascimentos. Ora, a ciência pode prolongar a vida e pode até já ajudar a “fabricar” novas vidas mas ainda há muitos quebra cabeças que não é fácil resolver, como é o caso do enorme desequilíbrio no globo, de um lado gente a mais, miséria, doenças e fome, de outro poucas crianças, velhos e cuidados médicos cada vez mais sofisticados. Enquanto de um lado todos os esforços parecem poucos para combater os males, do outro surgem novas questões, da qual a mais curiosa é a do direito ou não das pessoas decidirem que não querem viver mais, quer porque não suportam a lenta agonia de uma doença incurável, quer porque rejeitam viver na dependência de outros, quer ainda porque temem a demência ou a incapacidade que lhes retira o que consideram o limite da dignidade humana. É que todo este progresso pressupõe uma melhoria, uma vantagem, um benefício fantástico que todos devem receber como uma dádiva. Ora, o que já está a acontecer é que pessoas em seu juízo perfeito consideram que pode não valer a pena viver a todo o custo e procuram formas de se “defender” do risco de sobreviver para além da sua vontade.
Foi hoje, também no Público, a notícia o caso de uma mulher portuguesa que recorreu aos serviços de uma associação suiça, a Dignitas, que ajuda a morrer quem manifesta e justifica essa desejo com a sua condição de condenada a um resto de vida intolerável.
Li a notícia e lembrei-me de uma tia muito velhinha que me dizia, já no fim da doença que a matou “ai, filha, morrer custa tanto, devia ser mais fácil deixar de viver”.
O prolongamento da vida até ao ponto em que se torna cruelmente óbvio que nada mais há a esperar dela é um estranho paradoxo com que a natureza não contou, nem a nossa ordem social, onde a luta contra a morte é sempre vista como uma ansiada vitória. Há muita gente que se alarma já com essa nova “tirania”, ao ponto de prever a circunstância e se inscrever numa associação que lhe garanta ajuda para deixar de viver e duvido que se possa continuar a ignorar essa realidade por muito mais tempo. São questões muito difíceis, sem dúvida, que se calhar nunca serão bem resolvidas, mas são questões tão absurdas quanto há 40 anos parecia absurdo ser centenário, autónomo e com saúde… E eles aí estão, felizmente. Mas os novos dilemas também.
Foi hoje, também no Público, a notícia o caso de uma mulher portuguesa que recorreu aos serviços de uma associação suiça, a Dignitas, que ajuda a morrer quem manifesta e justifica essa desejo com a sua condição de condenada a um resto de vida intolerável.
Li a notícia e lembrei-me de uma tia muito velhinha que me dizia, já no fim da doença que a matou “ai, filha, morrer custa tanto, devia ser mais fácil deixar de viver”.
O prolongamento da vida até ao ponto em que se torna cruelmente óbvio que nada mais há a esperar dela é um estranho paradoxo com que a natureza não contou, nem a nossa ordem social, onde a luta contra a morte é sempre vista como uma ansiada vitória. Há muita gente que se alarma já com essa nova “tirania”, ao ponto de prever a circunstância e se inscrever numa associação que lhe garanta ajuda para deixar de viver e duvido que se possa continuar a ignorar essa realidade por muito mais tempo. São questões muito difíceis, sem dúvida, que se calhar nunca serão bem resolvidas, mas são questões tão absurdas quanto há 40 anos parecia absurdo ser centenário, autónomo e com saúde… E eles aí estão, felizmente. Mas os novos dilemas também.
Bom, cara Drª Suzana, vivamos ou não até uma idade avançada, o importante é que não nos falte a lucidez e os motivos para que no mínimo possamos assinalar e comemorar todos os anos o dia de hoje, "o dia da Mulher", esperando saber fazê-lo todos os dias de cada ano.
ResponderEliminarBecause "she" may be the reason i survive...
http://www.youtube.com/watch?v=d_pXZ-hDVxw
Ainda a propósito do mesmo tema, esqueci-me de citar John Lenon no início do seu "woman": For the other half of the sky.
ResponderEliminar;)
http://www.youtube.com/watch?v=PnayXShG73w
Sempre atento este nosso Caro Bartolomeu! Nem me recordava que hoje é o Dia Internacional da Mulher... e nem entendo bem a razão deste dia. Tenho que pesquisar... E
ResponderEliminara propósito: quando é o Dia Internacional do Homem? ???
Cara Catarina,
ResponderEliminarDe facto também não entendo o porquê do Dia Internacional da Mulher.
Creio que nos dias que correm a Mulher não necessita deste dia para se auto-promover, basta olhar em redor e verificar o grau de participação na nossa Sociedade!
Será que a Mulhere ainda não tem consciência da sua importância e necessiatar de uma "espécie de lembrete"?
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarCorrecção:
ResponderEliminarMulheres->Lê-se Mulher
Necessiatar->Lê-se necessitar
Muito Obrigado
Suzana
ResponderEliminarO tema é muito complexo e estou em crer que a maioria das pessoas não está preparada para o discutir.
O importante é que tudo seja feito para minorar o sofrimento das pessoas doentes. Em relação a esta preocupação que é válida para doentes mais jovens ou mais idosos está ainda muito por fazer em Portugal porque não dispomos de cuidados integrados capazes de responderem.
É fundamental caminharmos para um apoio multidisciplinar coordenado por uma única entidade, em vez de obrigarem os doentes e as famílias a percorrerem várias unidades hospitalares e vários médicos, a recorrerem a apoios sociais dispersos por várias "capelinhas", um verdadeiro inferno.
O direito de as pessoas decidirem sobre se não querem viver mais não pode desviar a atenção para as preocupações referidas.
Caro Tremoço:
ResponderEliminarConcordo.
Segundo a pesquisa que fiz também se celebra o Dia Internacional do Homem a 19 de Nov. Teve início em 1999 em Trindade e Tobago e tem o apoio das Nações Unidas. Parece que os homens também se sentem discriminados...
: )
Caro Bartolomeu, a canção de JL vem sempre a propósito e as comemorações de um dia especial também mas confesso que neste dia tão especial só se ouvem desgraças, a violência doméstica, a discriminação salarial, as dificuldades das mais jovens, etc. Pouco se ouve que dignifique ou valorize, é por isso que já desisti das comemorações...
ResponderEliminarÓ Catarina, temos que fazer um post no dia Internacional do Homem, vai ser um sucesso :)
Caro Tremoço, diz bem, é só um lembrete, não vale mesmo a pena.
Margarida, na Suiçã, onde é a sede da tal organização, devem estar bastante mais avançados que nós nesses cuidados integrados, mas mesmo assim a questão põe-se. Sendo um tema muito delicado e difícil, por mim gostaria que fosse devidamente encarado e estou convencida de que num futuro não muito longínquo será incontornável.
Vamos a isso! :)
ResponderEliminarParece que este Dia Internacional do Homem, para além de ter o objectivo de realçar a discriminação de que são alvo(pobrezinhos!),também é o dia escolhido para celebrarem as suas realizações, a sua contribuição em prol da comunidade, da família, do casamento... etc.
E eu que tinha quase... quase a certeza de que eles celebravam estes “accomplishments” mais do que uma vez por ano!.. digamos... sempre que tivessem oportunidade...
Sei que vou ser polémico mas... não resisto.
ResponderEliminarDia Internacional da Mulher (DIM)... porquê?
Ora bem, Dizem as "escrituras" que Deus provocou o sono profundo ao homem e lhe retirou uma costela fundeira, da qual fez a mulher.
Concluí-se que Deus, gastou toda a matéria-prima disponível, para fazer o homem. Este dogma conduz-nos ainda à conclusão que não estaria nos divinos objectivos a existência da mulher. Que Deus previra únicamente a existência masculina.
Coloca-se uma outra questão, esta é uma certeza ou um mito? Se é uma certeza, concluímos de duas uma, ou Deus se enganou (e está no seu pleno direito)chegando logo depois à conclusão de que, se tudo no universo é composto por duas partes, uma feminina e outra masculina, se toda a vida tem origem em duas partes, uma feminina e outra masculina, para que se provasse vida humana, tería forçosamente de existir uma mulher para cada homem. Se se trata de um mito, ele tem certamente origem na religião e... muito própriamente na religião Católica dado que, o "crescei e multiplicai-vos é uma "ordem" divina.
Isto para dizer o seguinte: Se a mulher foi, durante séculos de obscuridade tida como um ser inferior, complementar ao homem, com menos direitos sociais, subjugada, ostracizada, é porque a maior força religiosa na terra assim o decretou e... o homem consentiu e... a mulher aceitou.
Quando a mulher assumir a igualdade plena dos seus direitos como ser humano, então muito provávelmente o "DIM" deixará de ser comemorado.