1. Têm continuado nos últimos dias, a ritmo avassalador, as notícias da imprensa internacional acerca da situação da Grécia, na sua luta feroz para dominar os “monstros” do défice e da dívida públicos.
2. Neste momento a Grécia parece ter sido capaz de convencer os mercados de que está a tomar as medidas orçamentais correctas e necessárias, tendo conseguido colocar ontem qualquer coisa como € 5 mil milhões de obrigações a 10 anos, embora a uma taxa de juro fixa bastante elevada: 6,25%.
3. Relativamente a esta emissão as notícias referem que havia procura para mais, bastante mais mesmo, mas é possível que para satisfazer essa procura a taxa de juro tivesse que subir bastante o que criaria um precedente gravoso para a satisfação das pesadas necessidades de refinanciamento dos próximos 60 dias (mais de € 20 mil milhões segundo parece).
4. Na frente política da zona Euro a confusão parece ser a palavra de ordem...os dirigentes europeus não conseguem mostrar entendimento quanto ao tipo de posição a tomar no sentido de oferecer à Grécia uma modalidade de apoio financeiro, em escala apropriada, que premiasse os esforços de correcção do défice que os gregos estão aparentemente dispostos a realizar.
5. Surgiram ontem notícias que, para lá do seu aspecto quase anedótico, reflectem o estado da opinião pública alemã em relação a um eventual “bail-out” da Grécia: alguns deputados alemães terão sugerido que a Grécia venda algumas ilhas ou monumentos históricos para reduzir o seu endividamento...
6. Existe na opinião pública alemã uma hostilidade manifesta em relação a um eventual apoio financeiro à Grécia, a ideia prevalecente é a de que os gregos que resolvam o problema já que foi criado por eles e só por eles...
7. Entendem que não foi para isto que a Alemanha decidiu prescindir da sua moeda em 1999 e adoptar o Euro - era só o que faltava ter de suportar financeiramente os países incumpridores das regras de convívio que a moeda única europeia exige...se não cumprem terão de pagar o preço desse incumprimento.
8. Apesar dos enormes esforços que o governo da Grécia parece estar mesmo fazendo no sentido de tentar reduzir o défice em 4 pontos do PIB no corrente ano – se o vai conseguir é uma outra questão, bem mais complexa – há um ponto de enorme complexidade que ainda está por esclarecer.
9. Esse ponto tem a ver com o longo prazo: o caminho extremamente árduo que os gregos parecem neste momento dispostos a assumir é apenas o início de um processo longo, de vários anos, de austeridade continuada e talvez reforçada...se a opinião pública grega parece nesta altura compreender a necessidade destas medidas, como será daqui a 6, 12, 18 ou 24 meses, quando novas medidas de austeridade tiverem de ser anunciadas? E pior ainda se os objectivos de redução do défice não forem cumpridos?
10. Esta dramática perspectiva sugere que a solução deste problema poderá acabar num programa-tipo do FMI, como notícias já sugerem...e como aqui no 4R há algum tempo também sugerimos. Mas sem desvalorização, claro – com venda de algumas ilhas, porventura?
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ResponderEliminarOntem à noite, na entrevista a Judite de Sousa, Medina Carreira, explicou porque será inevitável que Portugal tome a sério a redução da despesa públicae o aumento de alguns impostos, como medidas principais para que um plano de recuperação produza os efeitos desejados.
ResponderEliminarO novo governo Grego, conseguiu aprovar no seu plano de recuperação, medidas idênticas. Com tudo, a emissão de obrigações terá sempre como garantia, aplicações futuras.
Medina Carreira considera, tal como o nosso Presidente da República, que a nossa comparação da situação económica com a da Grécia, feita por algumas agências, foi abusiva. No entanto, se não forem tomadas medidas eficazes corremos o risco de resvalar para aí.
Existem no entanto diferenças que nos distinguem muitíssimo da Grécia:
1- Não somos vizinhos da Turquia.
2- Somos estratégica e geográficamente melhor colocados.
3- Somos mais capacitados para levar a bom termo um bom plano de recuperação, sério e bem construído... assim o PSD seja governo e a Alemanha volte a comprar a nossa produção interna.
Disponíveis temos ainda as Berlengas e a do Pessegueiro. As Ilhas Barreira, essas a natureza está a executar a penhora pela dívida contraída...
ResponderEliminarAcho extraordinário como o Euro se tornou numa vaca sagrada. Para países incapazes de se auto-disciplinarem no equilíbrio das suas contas públicas e no endividamento dos particulares (é o nosso caso e o dos Gregos, entre outros), o mecanismo da desvalorização da moeda garantia a competitividade exportadora da economia real e a contenção das importações. Por sua vez, a incontinência despesista do Estado era sancionada, mais cedo do que tarde, pelo FMI. O Euro garante, para economias nas quais o voto se compra com políticas insustentáveis, que a situação dura até se tornar explosiva. Para entender isto não é preciso ser economista. Mas para não entender isto é preciso ser economista.
ResponderEliminarQuiçá, quiçá.
ResponderEliminarA enorme complexidade
de tantas questões por resolver,
pois é tal a realidade
que custará muito remover.
Com tantas ilhas para vender
não lhes faltarão compradores,
os problemas farão propender
para valores tentadores.
Epílogo
A mesma mão invisível
que regula os mercados
torna a razão risível
de alguns mais ressacados.
Vende-se ilha com população domesticada, com ou sem ditador incluído, para pagar dívida pública de colonizadores cubanos do "contenente". Contacte ZEE do Funchal.
ResponderEliminarDesaparecer por desaparecer... mais vale vender... do que desaparecer à borla!
ResponderEliminar---> Bye, bye Portugal, Espanha, França, etc...
---> É uma 'situação natural' - a História sempre foi assim: em virtude de migrações... a nova população não se revê na Identidade Nativa... e então... depois surgem novas identidades...
---> O Kosovo é uma 'situação natural' (leia-se, não é uma 'Identidade a Régua-e-Esquadro')... e... DESAPARECEU À BORLA! Analogamente, afectadas por uma nova população - que não se revê na Identidade Nativa - será uma 'situação natural' o desmantelamento de muitas Identidades que, por enquanto, ainda andam por aí...
---> A população nativa portuguesa está a definhar... e (só os parvos-à-Sérvia é que não vêem isso)... o país está condenado a desaparecer.
---> MAIS VALE VENDER O PAÍS, por exemplo, à China... do que... entregar o país à borla aos novos dominadores da demografia nesta região do planeta
[nota: os Russos venderam o Alasca aos Norte-Americanos]
ANEXO:
-> Uma pequena alternativa: antes que seja tarde demais, há que mobilizar, para um separatismo, aquela minoria de europeus que possui disponibilidade emocional para abraçar um projecto de Luta pela Sobrevivência...
Não é que ingenuidade ainda faça parte do nosso cardápio.
ResponderEliminarMas o que dói é que se à primeira dificuldade a União se esboroa na falta de solidariedade, se a parte não pode contar com o todo, pergunta-se.
Que raio de União é esta que bufa enquanto abre a porta às exportações do centro para a periferia e aniquila os seus sectores produtivos, que à primeira dificuldade das partes se fecha ao egoísmo soberano?
Que comportamento é este por parte das autoridades Alemãs, que dão uma imagem de oportunismo na construção Europeia?
Era esta a resposta das autoridades Alemãs face a algum problema de uns dos seus landers?
É assim que se quer fazer esquecer as soberanias e se quer construir um projecto comum?
E que tal vender a Madeira e Porto Santo? O nosso défice e o endividamento vinham por aí abaixo...
ResponderEliminarCaros Comentadores, desde Paulo até...Maioriasilenciosa,
ResponderEliminarRegisto vosso substancial contributo para o debate deste tema, que está manifestamente na sua infância...
Iremos testemunhar ao longo dos próximos meses uma sucessão infindável de episódios relacionados com o "no bail-out" no quadro do Euro, ao mesmo tempo que teremos oportunidade de acompanhar a prova de resistência violentíssima a que os gregos vão estar sujeitos.
E atenção: enquanto houver só uma Grécia, o assunto ainda será susceptível de discussão...
Mas se novas Grécias vierem juntar-se a esta que está a esbracejar contra a insolvabilidade, aí, meus caros, o tema tornar-se-á bem mais agudo...
E as novas Grécias que se acautelem...pois não terão, por seguro, a condescendência - apesar de muito condicionada - que esta primeira Grécia tem experimentado...
O evangelho, segundo Paulo, fala agora da ala anti-salazarista, na qual inclui, além dos demais que não menciona, Manuel Alegre e Fernanda Câncio, dipostos a usar de toda a sua influência junto de Sócrates, já se falando em juntar ao lote, para venda, Sta Comba-Dão!
ResponderEliminarLá se vai o nosso querido Professor Massano Cardoso!
Mas com a coragem que o caracteriza, ele vai resistir e formar um movimento de guerrilha com vista a libertar-se do jugo dos adquirentes e aí proclamar, finalmente, a 4ª República Separatista Santacombadense (RSS).
Nem precisa de desenterrar Salazar, que está bem "vivo" em alguns dos seus companheiros republicanos do 4R, tudo a bem da "social democracia" deste blog!
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