Li há dias numa revista (não me lembro em qual)um daqueles artigos que desenvolvem conselhos sobre como enfrentar a reforma, esse tempo antecipado com expectativa, com medo ou simplesmente com um fatalismo indefeso.
Uma das frases que me deixou abismada foi a de que “hoje envelhecemos muito cedo” ou seja, de que se é excluído da vida activa antes do que a idade física levaria a supor e que essa é uma das razões para o desnorte ou a depressão em que muitas pessoas ficam, incapazes de se reencontrar fora da identidade que a integração no trabalho significa para a sociedade.
Foi aquele “hoje” que me surpreendeu, precisamente porque “hoje” a juventude é muito mais longa, é-se jovem até aos 35 ou mais anos, além disso a vida é muito mais comprida e com mais saúde, até talvez aos 80, ou seja, “hoje” o que acontece é que se envelhece muito mais tarde. Portanto, alguma coisa está muito errada quando a fatia que fica entre deixar de ser jovem e passar a ser velho, em termos laborais, se tornou muito mais estreita do que há uns anos, damo-nos ao luxo de desperdiçar anos e anos de capacidade para produzir riqueza e participar na vida económica da sociedade. E, de facto, os grandes temas alternam entre as dificuldades de os jovens arranjarem emprego e começarem a sua vida profissional plena e o facto de se tornar insustentável o peso das reformas, em particular as reformas antecipadas que tantos procuram ou a que tantos são conduzidos.
Entre os que tardam em começar e os que se apressam, ou são empurrados, para sair, há uma imensidão de desperdício e de desespero que não pode deixar de ser um sinal muito grave da doença que se instala nesta nossa sociedade, cujo ritmo está desfasado da realidade biológica dos seres que a compõem. A menos que a modernidade se meça só em termos tecnológicos, e as pessoas já não contem para nada…
Uma das frases que me deixou abismada foi a de que “hoje envelhecemos muito cedo” ou seja, de que se é excluído da vida activa antes do que a idade física levaria a supor e que essa é uma das razões para o desnorte ou a depressão em que muitas pessoas ficam, incapazes de se reencontrar fora da identidade que a integração no trabalho significa para a sociedade.
Foi aquele “hoje” que me surpreendeu, precisamente porque “hoje” a juventude é muito mais longa, é-se jovem até aos 35 ou mais anos, além disso a vida é muito mais comprida e com mais saúde, até talvez aos 80, ou seja, “hoje” o que acontece é que se envelhece muito mais tarde. Portanto, alguma coisa está muito errada quando a fatia que fica entre deixar de ser jovem e passar a ser velho, em termos laborais, se tornou muito mais estreita do que há uns anos, damo-nos ao luxo de desperdiçar anos e anos de capacidade para produzir riqueza e participar na vida económica da sociedade. E, de facto, os grandes temas alternam entre as dificuldades de os jovens arranjarem emprego e começarem a sua vida profissional plena e o facto de se tornar insustentável o peso das reformas, em particular as reformas antecipadas que tantos procuram ou a que tantos são conduzidos.
Entre os que tardam em começar e os que se apressam, ou são empurrados, para sair, há uma imensidão de desperdício e de desespero que não pode deixar de ser um sinal muito grave da doença que se instala nesta nossa sociedade, cujo ritmo está desfasado da realidade biológica dos seres que a compõem. A menos que a modernidade se meça só em termos tecnológicos, e as pessoas já não contem para nada…
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarhttp://www.youtube.com/watch?v=_MFE6qQfdlE
ResponderEliminarWhere we goin'whith that gun in our hand... we are going down to shoot our old lady (?!)
;))))
Life is a cabaré old chum...
Essa do “hoje envelhecemos muito cedo” foi uma gafe a todo o tamanho! Ou o estudo foi feito por um grupo pouco responsável ou então houve falha na análise do mesmo... Ou então, é a opinião da pessoa que escreveu o artigo que se baseou em dados que não batem certo!
ResponderEliminarCara Suzana, tem razão. O adjectivo “jovem” já se atribui a “jovens” com mais de 35 anos!...Hoje em dia, não são os “50 os novos 30”?! : )
A reforma representa uma fase da nossa vida que também requer preparação quer a nível financeiro quer psicológico. Pode-se até ter alcançado uma posição financeira desafogada mas se não houver um plano de acção para depois, poderão surgir muitos problemas de vária ordem. Até nesta fase se deve pensar em estratégias de equilíbrio e de adaptação.
A crise económica que se sentiu impediu que muitos se aposentassem e, consequentemente, deixassem vagas abertas para os mais novos. A força laboral está a ficar mais velha, é mais cara. As empresas – devido a dificuldades ou preferências - tem como objectivo uma produção em quantidade em vez de qualidade. As especialidades e os vastos conhecimentos adquiridos ao longo de 30 – 40 anos de trabalho parecem ser dispensáveis, desvalorizados. As ofertas de contratos de trabalho em regime temporário há muito que estão na moda! Continua a haver uma grande disparidade salarial nos vários sectores. Se o que se lê relativamente a “grandes fortunas acumuladas” na função pública tem fundamento.. algo tem que ser feito... “Em 2030 as reformas em Portugal serão das mais baixas na Europa”.. nada aliciante para os que iniciam a sua vida activa. Como se chegou a uma governação tão deficiente e inadequada!
A minha dúvida, Suzana, é se esse prolongamento da vida que agora nos oferecem não se medirá, também, em termos «tecnológicos», digamos assim. Ou seja, se não será ainda um pouco artificial, assegurado por contínuas consultas médicas e corridas a hospitais. Não estou certa de que ao aumento da esperança de vida corresponda uma real qualidade de vida, que nos mantenha as energias juvenis e nos liberte dos cansaços do envelhecimento. Pessoalmente, penso que já ganhámos o tempo, mas ainda nos falta ganhar o resto. Que talvez só venha quando também ganharmos, desde a infância, outros hábitos de vida (alimentação, exercício físico…) Para já, receio que tenhamos apenas uma velhice mais comprida. :-)
ResponderEliminarDiz bem, Luisa, «... apenas uma velhice mais comprida», mas... não cumprida, acrescento por minha conta.
ResponderEliminarUma velhice mais dolorosa, mais alienada, mais solitária e desvalida é aquilo que me parece, iremos ter.
O rítmo de vida das novas gerações, parece incompatível com o conceito de família. O desprendimento de valores morais de apoio à família e até aos descendentes, parece que enfraquece.
O futuro é uma constante incógnita, porém, os sinais não se apresentam animadores.
Os velhos da minha adolescência, morriam a trabalhar, mas sem mágua, ou angústia, morriam simplesmente, porque o fio de vida se quebrara e o cumprimento do seu ciclo se tinha completado.
A família chorava a suas saudades com sentimento. Hoje as famílias choram o tempo que os velhos demoram a partir, porque deixaram de estar activos ha muito, tornaram-se um empecilho para as suas vidas, mas sobretudo porque perceberam a inutilidade de que as vidas dos velhos se reveste. Hoje as famílias choram a demora e ouve-se com crescente frequência referir nos velórios: Foi uma benção divina!
Hoje, as famílias choram a demora!
Pronto, agora estou pronto para ser crucificado.
;)))
Mas que angustiosa forma de encarar a “idade de ouro”!
ResponderEliminarMuito bem dito, Catarina!
ResponderEliminarCá para mim a chuva forte que se abate sobre Lisboa faz o caro bartolomeu ficar sorumbático e carregado de carga negativa, como se estivesse numa reflexão própria de velório...
Vamos a isso, aproveitemos a vida com todas as forças e vivamo-la, dentro das possibilidades de cada um de nós, o mais intensamente, esta é a minha maneira de encarar o presente e o futuro...
E a propósito de juventude, hoje almocei com um jovem de 33 anos que me perguntou quem era senhora que cumprimentei e, depois de lhe satisfazer a curiosidade, disse-me: mas ela é ainda muita nova, não é?
Fiquei satisfeito (porque, em primeiro lugar, aprecio a senhora em causa e tenho por ela a maior estima), e em segundo lugar concluí que, cada vez mais, estamos a tornarmo-nos “mais jovens”, assim saibamos prolongar das várias formas o espírito da nossa juventude….
:)
JotaC, será essa senhora uma daquelas senhoras que tem 50 e que parece ter 30s e tais?! : )
ResponderEliminarTemos que dar uma ajudinha ao caro Bartolomeu... anda muito sorumbático, sim senhor!
Para nos mantermos jovens é necessário sentirmos que o somos. E se nos rodearmos de adolescentes e adultos jovens isso é uma mais valia! Viver a vida na sua plenitude mediante – como diz – as nossas possibilidades é uma forma muito positiva de continuar a viver; se alcançarmos um bem estar interior iremos contribuir para o bem estar de quem nos rodeia.
Meus caríssimos e preocupados amigos Catarina e Jóta Cê.
ResponderEliminarManter uma aparÊncia jóvem, é uma preocupação que não me aflige.
Até nem ligo quanto deveria às questões de prevenção da saúde.
Tenho tido imensa sorte nesse aspecto, apesar dos maus tratos físicos que tenho infligido ao corpinho, ele tem-se aguentado exemplarmente.
Faltam-me uns dentes e um bocado de cabelo... tudo o resto se mantem como novo.
Se fosse um carro e estivesse à venda é que se colocava uma dificuldade. Não poderia garantir as revisões a tempo, o bom estado dos estofos e da pintura mas, relativamente ao funcionamento do motor à ausência de ruídos na suspensão, assim como o consumo e... as performance, aí estou certo que não enganaria o cliente.
«Presunpção e água-benta, cada um toma a que quer»
Ora aí está o caro Bartolomeu de volta!
ResponderEliminarJotaC, afinal preocupámo-nos desnecessáriamente!
Caro Bartolomeu,
ResponderEliminarJuventude é não ter medo de envelhecer e portanto se lhe cairem todos os dentes e ficar sem cabelo, não se preocupe, apenas olhe ao espelho e diga em voz alta eu sou uma "Ferrari" pronto para as curvas.
Caro Bartolomeu:
ResponderEliminarSubscrevo com a devida permissão o que o caro Tremoço acaba de dizer!
Catarina:
ResponderEliminarAté parece que é advinha!? Não me diga que além de excelente anfitriã nesta tertúlia, é também taróloga!?
:)
Caro Tremoço, se me permite eu acrescentaria
ResponderEliminar“..diga em voz alta eu sou uma "Ferrari" AINDA pronto para as curvas.
Caro JotaC, sempre com um elogio na ponta do dedo.. que eu gosto de ler!
:)
Ah.. esqueci-me de lhe dizer JotaC: tenho um dedo que adivinha! : )
ResponderEliminarNão ha festa sem tremoço!
ResponderEliminar;)))
Temos portanto um amigo prontinho a chegar uma acha à fogueira... abençoado!
Estou de acordo com o seu princípio caro Tremoço, apesar de o (a) Ferrari, não fazer própriamente os meus encantos.
Como alguem muito estimado me disse um dia, referindo-se a outro modelo de "viatura": "é areia demais, para a minha camionete".
Mas o conceito é esse, caro Tremoço, sem tirar, nem pôr.
No entanto permitam-me que deixe aqui uma ressalva...
Independentemente da marca, os modelos fabricados no final da década de 50, segundo a opinião de quem entende do assunto, são os mais fiáveis e resistentes.
Pegam sempre à primeira, ao contrário destes novos modelos... "hibridos" com dois motores, um à frente, outro atrás, um a combustível líquido, outro a electricidade, cheios de sistemas electrónicos e compotorizados, que só são reproduzidos em catálogos por síglas, tudo controlado e gerido por uma peça electrónica a que chamam "centralina"... Hmmm, naaaa. Não ha nada que chegue a um robusto motor de explusão que consegue fazer sem parar de Caminha a Lagos e é so o tempo de abastecer, pode voltar a Caminha...
Isto sim!
;))))
Pois tem, Catarina!...
ResponderEliminar:)
Caro Bartolomeu:
ResponderEliminarDe Caminha a Lagos, parar só para reabestecer, não lhe parece exagerado!?...
:)
Depende daquilo que o caro Jóta Cê considera exagero...
ResponderEliminarcaros todos, lembro-me vagamente de partes de um poema, "A juventude é um efeito da alma/jovem é o que se admira e se maravilha/pede como criança insaciável e acha alegria no jogo da vida". "Quando a nossa vida for mordida pelo pessimismo e o nosso coração pesar de cinismo/ Deus tenha então piedade da nossa alma de velhos".Não me lembro do autor, mas o que interessa aqui fica.
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