1. Ainda não é o fim definitivo e duro (esse ainda estará para vir, infelizmente) mas o que o anúncio deste PEC significa - para lá do espectáculo mediático em que tem sido meticulosamente enrolado com o objectivo de merecer a condescendência dos media e dos “opinion-makers” e de condicionar as oposições - é certamente o início do fim de todas as ilusões em que os portugueses foram infantilmente entretidos ao longo dos últimos anos.
2. Já não há espaço para mais promessas,
- de criação de N milhares de novos empregos;
- de crescimento acima da média europeia, para uma sonhada convergência que desapareceu no horizonte quase sem nos darmos conta...
- de realização de grandes obras públicas até há pouco tempo apresentadas e sustentadas “à outrance” como paradigma de modernidade e factor de desenvolvimento económico e agora eufemísticamente "adiadas"...
- de redução da carga fiscal sobre as famílias e sobre as empresas...
- de aumento das produtividades através da disseminação das novas tecnologias e de um consistente reforço do sector dos serviços, rumo a uma economia mais competitiva...
3. E já não há espaço pela razão simples de que...não há dinheiro.
4. A realidade que agora se abre aos nossos olhos é a de uma economia e de um País profundamente endividados – e, não obstante, em processo de endividamento crescente e acelerado, sem outra contrapartida que não seja a de manter em dia o serviço da dívida para não sermos triturados pelo rolo compressor dos credores...
5. A realidade que agora se abre aos nossos olhos é a de uma economia que já não consegue poupar o necessário nem sequer para renovar o stock de capital que se vai desgastando ano após ano...ou seja que tem de se endividar para realizar todo e qualquer investimento novo, por mais pequeno que seja...
6. A realidade que agora se abre hoje aos nossos olhos é a de um País que está à mercê dos credores externos e das análises das agências de rating e, apesar disso, de um Estado que não se satisfaz com a imensidão dos recursos que retira à economia para gastar ineficientemente, encontrando sempre justificação e argumentos, com a inacreditável complacência de muitos “opinion-makers”, para extorquir mais recursos das Famílias e das Empresas (as expostas à concorrência) que atravessam dificuldades extremas...
7. A realidade que agora se abre hoje aos nossos olhos é a de um país que inexoravelmente se atrasa, que caminha resignado para a cauda da Europa, sendo sucessivamente ultrapassado em nível de rendimento por países do leste europeu que até há poucos anos considerávamos quase de Terceiro Mundo...
8. É para esta realidade que este PEC nos chama a atenção, utilizando ainda alguns eufemismos como: “adiamento” de grandes obras – é adiamento até ao abandono; “não aumento de impostos” – quando é obvio o agravamento da carga fiscal para alimentar ainda mais um Estado gordo e ineficiente; “maior justiça fiscal” quando a classe média parece ser o grande alvo do agravamento fiscal...
9. Apesar dessas habilidades de linguagem ou meias verdades, este PEC tem pelo menos uma virtude: sinaliza, claramente, o início do fim de todas as ilusões.
Eu não diria, pelo que fui ouvindo desde ontem em que o governo era uma porcaria porque não fazia mais do mesmo.
ResponderEliminarÉ impressionante a iliteracia desta gente (desde o sujeito do táxi aos ministros) que insiste que um défice se combate com mais impostos só porque a receita entra com sinal positivo na conta.
Cobrar impostos, como só cobramos aos portugueses, não contribui em nada para o país. Será isto assim tão complicado de perceber? O problema está no que fazemos deles. E como o que fazemos deles é pagar a quem produz pouco, então temos que pagar menos. Mas não, vamos tirar o dinheiro do sítio onde ele é produtivo e enterrá-lo onde não é.
Mas desde ontem a culpa é dos bancos que não pagam impostos, que não podem ser os trabalhadores a pagar (os trabalhadores dos bancos não se qualificam como trabalhadores porque são uns esbirros do grande capital opressor), que a culpa é do governo do Sidónio,....Este país MERECE ir à falência!!!
Caro Tavares Moreira
ResponderEliminarNa maioria dos países que consideramos como referência, os lugares de comando político são apenas ocupados por indíviduos com capacidades e mérito reconhecidos.
Os partidos são os mecanismos adequados para realizar esse crivo apertado.
Em Portugal essa função está adistricta a pessoas e, como todos se conhecem é muito difícil ser isento e, sobretudo, eficaz.
Nesse sentido, sem substância resta a forma e, essa, foi servida em doses de leão, nestes últimos, quase, cinco anos.
Corremos o sério risco de sermos os ratos que seguem o flautista...com as inevitáveis consequências.
Neste momento, pessoalmente, interessa-me analisar três áreas:
a) Qual serão os efeitos do PEC nos mercados. Não tenho ainda, acesso à versão portuguesa nem a inglês; sem isso é difícil avaliar como vão, estes, reagir;
b)Qual serão os efeitos sobre o eleitorado; de momento detecto sinais de espanto e de incredulidade, vamos ver quanto tempo demora a tornar-se indignação....
c) Por último, que pirotecnia vai o governo utilizar para iludir a questão e manter-se, politicamente, à tona. Ao contrário do podem supor alguns comentaristas, eleições antecipadas deixou de ser uma opção, porque o partido do governo o impedirá. Como qualquer adicto em fase de ressaca, o Governo, na melhor das hipóteses vai arrastar-se até ao início do campeonato do mundo de futebol,isto de viver cada dia tem, também, que se lhe diga....
Cumprimentos
joão
ADENDA
ResponderEliminarCaro Tavares Moreira
O meu comentário anterior parte do pressuposto que o PEC vai ser aprovado/aceite
Porque senão entramos na versão grega do drama que estamos a viver....
Cumprimentos
joão
Caro Tonibler,
ResponderEliminarNem mais...esta ideia de que ainda vale a pena aumentar os impostos - ou seja transferir rendimento de sectores produtivos em dificuldades para um Estado gordo, anafado e ineficiente - numa fase em que a superação do problema económico do País requeria uma drástica redução da carga fiscal sobre a produção de bens e de serviços transaccionáveis, faz com que a crise se torne um processo auto-sustentado e de duração ilimitada - sem solução, pois.
Caro João,
Há neste momento muitas indeterminações no processo de avaliação e no horizonte de execução do PEC que tornam difícil qualquer avaliação para além do simples plano da análise do texto e da realização cénica, para lá do notável simbolismo do fim das ilusões...
Resta-nos acompanhar este processo e verificar, nomeadamente à luz dos dados da execução orçamental - bem como de alguma informação extra-orçamental - no que vai dar este plano.
Estará tudo em aberto ainda, talvez lá para o Verão seja possível começar a perceber por onde anda o PEC...
Caro Tavares Moreira,
ResponderEliminarA indignação de Teixeira dos Santos por lhe acusarem de sacrificar a classe média é algo patético. E TS ainda pergunta quem é que quer que se sacrifique? Eu posso "tentar" responder. Os que são a fonte de despesa, caro ministro. Porque não ser impiedoso com os falsos desempregados, acabar com os rendimentos mínimos para os jovens dos bairros sociais, cortar nos dirigentes dos institutos e empresas públicas e se acha que o esforço é tão importante, pois dê o mote e corte o seu salário também. Porque até agora, não ouvi falar de emagrecimento real, sublinho real, das despesas dos orgãos estado. O que se percebeu é que vai sacrificar uma vez mais a economia privada, a fonte geradora de receita, com os custos do desbarato financeiro em que vivemos. Ou seja, paga o justo a asneira do pecador!
Comentário certeiro, caro André, estes dirigentes já não sabem a que argumentos recorrer na vã tentativa de encobrir situações que são brutalmente evidentes...
ResponderEliminarÉ patético, quase comovente, este discurso:
- De negar o aumento da carga fiscal...
- De nos querer fazer crer que os grandes investimentos vão sofrer apenas um pequeno compasso de espera...é só ganharmos um pouco mais de fôlego e voltam daqui a 2 anos...
- De nos querer fazer crer que o Mundo admira este PEC...
- De nos querer fazer crer que nos esperam dias melhores...
Já não há "pachorra" para tanta fantasia e conversa mole!