segunda-feira, 12 de abril de 2010

Ajuda à Grécia inspirada em Deu-la-Deu?

1. Estávamos no século XIV, reinado do D. Fernando o “Fermoso”...decorria um longo cerco de tropas castelhanas à cidadela de Monção, na praça sitiada já faltavam os mantimentos, temia-se o pior...
2. Até que a mulher do capitão-mor da praça se lembra de um estratagema genial: mandou recolher a pouca farinha que existia, com essa farinha cozer uma fornada de pão que lançou do alto das paredes da fortaleza para as tropas castelhanas gritando “Deu-lo-Deu, Deu-lo-ade-Dar” ou qualquer coisa parecida...
3. Perante tal gesto, as tropas castelhanas, que também estavam próximas da exaustão, ficando convencidas de que na cidadela havia fartura de alimentos, resolveram levantar o cerco e voltar para casa...
4. Ficou assim imortalizado o feito heróico (ou de rara inteligência) da mulher do capitão-mor de Monção, desde então conhecida por Deu-la-Deu Martins. Se foi feito real ou é uma lenda confesso que não sei - na escola primária em que aprendi a História de Portugal era dado como real, agora tenho dúvidas.
5. Curioso que ontem, quando ouvi a notícia da gloriosa participação de Portugal no apoio financeiro de emergência à Grécia – apoio que esta não pediu e não se sabe se pedirá – ocorreu-me muito rapidamente este episódio que imortalizou Deu-la-Deu...
6. É claro que os tempos são outros, o mundo exterior sabe que não estamos em posição de ajudar a Grécia – tomara que nos ajudem a nós se for possível – mas até pode acontecer que a Grécia não venha a precisar da ajuda e, pelo caminho, nós fazemos um "figurão"!
7. E ainda dizem que a história não se repete...

7 comentários:

  1. Tambem a nossa história (não a nossa estória) é pródiga em acontecimentos milagrosos. E... dos bancos da escola, ficou-nos impregnada no sangue esta permanente espera por que um novo milagre aconteça, ou que sempre apareça o rei-moço, montado num cavalo branco, saindo de um banco de nevoeiro.
    Cabe aqui, contar a istória (note que não se trata de história, nem de estória) do naufrago que pedia a Deus que o salvasse, ao passar o primeiro barco, o naufrago declinou a ajuda oferecida, declarando que Deus viria em seu auxílio, o mesmo sucedeu com o 2º barco que passou. Por fim o naufrago socumbiu. Quando se achou perante a face divina, resmungou com Deus por não ter atendido os seus rogos. Deus ripostou-lhe: Mandei dois barcos em teu socorro, tu é que não aceitaste a ajuda.
    Nesta história, estória, istória toda, os nossos governantes e o pessoal em geral, está a assumir o papel do naufrago, está tudo à espera que do alto surja uma luz, acompanhada de uma melodia celestial, que essa luz se faça incidir sobre o edifício do Banco de Portugal e, uns segundos depois, se vejam as notas a abarrotar pelas janelas do edifício, assim uma coisa ao jeito da casa-forte do "tio patinhas".

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  2. Mas o empréstimo à Grécia vem reforçar a qualidade dos nossos activos. Temos é que arranjar mais destes e assim cumprimos com o nosso desígnio de sermos um país de serviços. Com sorte até conseguimos eliminar o trabalho da nossa economia. Senão vejamos.

    Quase toda a dívida nacional se destina a financiar investimentos patetas, das mais variadas porcarias, desde ordenados chorudos de funcionários analfabetos até autoestradas para 4 carros. Este é um dos activos mais respeitados da nossa carteira, uma vez que a sua qualidade é certificada por quase toda a união. Mais, tem um retorno acima do custo do dinheiro para nós. Se conseguíssemos mais uns 20 países assim, tínhamos a vida feita.

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  3. O personagem que mencina, caro Bartolomeu, seria particularmente bem-vindo à Grécia nesta altura - refiro-me ao impagável tio Patinhas como símbolo de tudo o que "cheire a dinheiro"...

    Caro Tonibler,

    Tenho de confessar que não pude reprimir uma franca gargalhada quando li seu comentário...
    É que essa mesma ideia já me tinha passado pela cabeça, embora sem a inspiração para a descrever com o brilhantismo do seu comentário!
    Podíamos melhorar bastante a situação financeira do País, em suma, se nos armassemos em brokers de dívida para a Grécia cobrando uma margem de 0,5 ou 0,6%...
    Emprestar à Grécia será muito melhor aplicação, como bem diz, do que grande parte dos famosos "investimentos" em obras ou projectos de retorno seguramente negativo que estão para aí aos montes!

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  4. Pois, parece que...

    A história repetida
    tantos séculos passados,
    deixa gente divertida
    por ritmos descompassados.

    Com a melodia celestial
    e muitas notas a esvoaçar
    essa fantasia tão bestial
    é uma forma de esperançar.

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  5. Caro Manuel Brás,

    Sempre a propósito a sua poesia...mas não quererá dedicar uma quadra de homenagem à figura de Deu-la-Deu Martins?
    Seria "ouro sobre azul"!

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  6. Como "desafio" ao nosso estimado Amigo Manuel Brás, aqui vai um tosco poema dedicado À heroína de Monçõe.
    ;)))

    A mulher do Capitão
    Deu-la-Deu, a destemida
    Armou lá por Monção
    Aos espanhois,a partida

    Oferecendo-lhes o pão
    Que já quase não havia
    Dando-lhes a ilusão
    De uma imensa abastia
    (esta "abastia" deve ser dialecto galaico-monçanes)

    Mal sabia Deu-la-Deu
    Que alguns séculos após
    Viria um tal Bartolomeu
    Versejar sobre os avós

    "Basta-vos pedir" gritou ela
    Do alto da sua muralha
    Tirando o pão da gamela
    E lançando-o à maralha

    E o fresco Alvarinho?
    Reclamaram os de Castela
    Para nos metermos ao caminho
    Queremos refrescar a goela

    Aqui vai, seus matrafões
    Um pipo novo, cheínho
    E uma dúzia de garrafões
    Pr'a levardes pr'ó caminho

    E um saco com choiriças
    Retiradas do fumeiro
    Atadas por môças roliças
    Todas filhas do padeiro

    E assim, cantarolando
    Lá regressaram a casa
    Para os de Monção acenando
    Já com o grãozinho na asa

    Mas prometendo p'la honra
    Aos minhotos amizade
    E um dia... em boa-hora
    Assistência médica à vontade

    E cumpriu-se a profecia
    Mais cedo do que pensaram
    E os médicos da Galicia
    Os de Monção lá sararam.
    ;)))

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  7. Ah, grande Bartolomeu, mas que poema mais bem imaginado e divertido!
    Deu-la-Deu Martins bem o merece, ficamos agora com grande expectativa em relação à réplica de Manuel Brás!

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