quarta-feira, 28 de abril de 2010

Estado de necessidade

Pensando no interesse nacional, e nos partidos isso é difícil, Pedro Passos Coelho prometeu hoje, depois da reunião com o 1º Ministro, que o PSD vai cooperar com o Governo, assegurando «um quadro de estabilidade» para o cumprimento dos compromissos de redução do défice e da dívida assumidos por Portugal.
Também Sócrates referiu que o Governo e o PSD vão trabalhar em conjunto de forma a atingir essa finalidade.
Por sua vez, o PS disse que "parece positivo que o PSD se tenha preocupado em apresentar alternativas de natureza política, porque um partido com objectivo de apresentar alternativas está também disponível para estabelecer alguns grandes consensos nacionais".
Muito bem. Acontece que o PSD tem apresentado, ao longo da governação socialista, várias alternativas, tanto no que se refere à política financeira do Estado, orçamento e finanças públicas, como no que se refere às políticas económicas. Todas liminarmente rejeitadas.
Aliás, há oito dias, no dia 21 de Abril, o PSD apresentou no Parlamento uma proposta de redução da despesa no valor de 1,7 mil milhões de euros. Se cortes orçamentais são sempre politicamente difíceis, o Governo teria melhores condições para os executar, face ao apoio do maior partido da Oposição.
Todavia, o Ministro da Economia, de forma tão arrogante como irresponsável, de imediato rejeitou o plano, classificando-o como “uma mão cheia de nada”.
O mesmo plano agora aceite por Sócrates para discussão.
Oxalá o bom senso comece a prevalecer. É tarde, mas mais vale tarde que nunca. Mesmo que tenha sido um estado de necessidade a obrigar a tal.

4 comentários:

  1. Caro dr. Pinho Cardão,

    Estou muito céptico mas acompanho-o no seu acto de fé. Oxalá!(*)

    (*) - Recordo-me do belo filme de António-Pedro de Vasconcelos, com o mesmo título, que fez com que muitos de nós fizessem as pazes com o cinema português.

    ResponderEliminar
  2. E O Lugar do Morto, caro Eduardo F.

    Oxalá, pois. Embora o passado não o recomende, temos que ser optimistas!...

    ResponderEliminar
  3. E, no entanto, há bem pouco tempo Passos Coelho jurava que, se fosse ele, não teria permitido a aprovação do PEC, criticando Manuela Ferreira Leite.A realidade encarregou-se de lhe apurar o sentido de responsabilidade...

    ResponderEliminar
  4. A reunião entre Passos Coelho e Sócrates parece desmentir a minha desconfiança de ontem sobre a possibilidade de um entendimento entre o PM e o líder da oposição. Sem dúvida que foi importante e que foi um golpe de génio de Passos Coelho promover o encontro logo após as notícias da revisão em baixa da notação pela Standard & Poor's. Apesar de não terem saído notícias sobre novas medidas que ajudem a combater a crise, nomeadamente os défices públicos elevados e o endividamento externo, há uma esperança que as reuniões e consultas prometidas venham a ter alguns resultados positivos. Pelo menos, Sócrates não classificou as sugestões de Passos Coelho como "uma mão cheia de nada". Claro que as esperanças têm de ser mitigadas, uma vez que o PM, ao falar nas medidas a tomar, só falou nas já conhecidas, tudo se resumindo a um adiantamento de 2011 para 2010, quando este ano já vai tão adiantado, e sobre as medidas propostas pelo PSD apenas referiu que as vai ter em consideração. Mas o encontro em si com discursos não antagónicos pode ter um pequeno efeito de acalmia dos mercados.
    Mais do que o encontro, acho muito positivo o anúncio feito hoje de que a concessão da auto-estrada do Pinhal Interior foi cancelada. É o primeiro sinal da viragem sobre a política suicida dos investimentos megalómanos e economicamente ruinosos.

    ResponderEliminar