Hoje fui a uma escola fantástica, a Escola Secundária Eça de Queirós, nos Olivais. Recentemente remodelada, tem umas instalações amplas, cheias de luz, com salas de aula bonitas, laboratórios, auditório, cantina e salas de professores modernas e confortáveis. Mas o que dá brilho a todo este edifício são as pessoas que conseguiram fazer daquela escola uma comunidade que integra pessoas de 35 nacionalidades, numa diversidade bem representativa das transformações sociais e culturais que temos vivido nas décadas mais recentes. Há cerca de 600 alunos de dia e 800 de noite, muitos destes adultos ali vão melhorar as suas qualificações ou aprender português. É evidente o carinho e o interesse que os professores demonstram pelos alunos, sabem as suas histórias, conhecem as suas dificuldades e criaram um método de trabalho conjunto que permite este resultado quase impossível de unir com um traço comum tantas culturas e tantas diferenças.
Dez alunos de diferentes raças e países prepararam uma redacção sobre a sua experiência em Portugal e cada um leu o seu texto primeiro na língua materna, depois em português, e é emocionante assistir ali, de seguida, à sucessão de toadas, de sons estranhos e depois aos diferentes sotaques que embelezavam a língua portuguesa. Todos referiram as primeiras dificuldades e depois os progressos, a ajuda que encontraram, os amigos, o sol e a beleza do país. Bulgária, Biolorrússia, Tailândia, Angola, Moçambique, Roménia, S.Tomé, Brasil, Cabo verde, Inglaterra… em todos o mesmo sinal de quem se sente já parte deste mundo estranho onde chegaram por mil e uma razões e onde muitos vieram para ficar.
Muitos referiram a dificuldade do português, a gramática complicada e os “verbos que nunca mais acabam”, mas riam-se e logo confessavam o prazer de hoje já conseguirem falar e entender, que assim já podiam conversar com os amigos em vez de estarem sozinhos a “embirrar com tudo”.
Por todos, fixei as palavras do jovem Engenheiro da Colômbia, que está a fazer um mestrado no Técnico, onde apenas dois colegas falam português e que não quis regressar à sua terra sem saber falar a nossa língua. Matriculou-se naquela escola no curso de português para adultos e aí aprendeu, diz ele, muito mais do que a entender e a comunicar, aprendeu que “Portugal é um País muito pequeno mas com um coração muito grande.”
Dez alunos de diferentes raças e países prepararam uma redacção sobre a sua experiência em Portugal e cada um leu o seu texto primeiro na língua materna, depois em português, e é emocionante assistir ali, de seguida, à sucessão de toadas, de sons estranhos e depois aos diferentes sotaques que embelezavam a língua portuguesa. Todos referiram as primeiras dificuldades e depois os progressos, a ajuda que encontraram, os amigos, o sol e a beleza do país. Bulgária, Biolorrússia, Tailândia, Angola, Moçambique, Roménia, S.Tomé, Brasil, Cabo verde, Inglaterra… em todos o mesmo sinal de quem se sente já parte deste mundo estranho onde chegaram por mil e uma razões e onde muitos vieram para ficar.
Muitos referiram a dificuldade do português, a gramática complicada e os “verbos que nunca mais acabam”, mas riam-se e logo confessavam o prazer de hoje já conseguirem falar e entender, que assim já podiam conversar com os amigos em vez de estarem sozinhos a “embirrar com tudo”.
Por todos, fixei as palavras do jovem Engenheiro da Colômbia, que está a fazer um mestrado no Técnico, onde apenas dois colegas falam português e que não quis regressar à sua terra sem saber falar a nossa língua. Matriculou-se naquela escola no curso de português para adultos e aí aprendeu, diz ele, muito mais do que a entender e a comunicar, aprendeu que “Portugal é um País muito pequeno mas com um coração muito grande.”
Sinto-me feliz por saber que um estrangeiro pensa assim de Portugal. Nem todos os nativos (portugueses) serão da mesma opinião. Sempre fomos muito hospitaleiros, sempre recebemos bem os turistas e agora os estrangeiros (que não são turistas!); porém, será demonstrada essa amabilidade de português para português?
ResponderEliminarCara Catarina, acho que sim, de português para português, o colectivo é que já é mais complicado.
ResponderEliminarhoje escrevi sobre a 'minha' Coimbra vista pelos outros
ResponderEliminarsem saudosismos
porque o meu lema 50 anos depois é
«de pé ou morto,
nunca de cócoras»
Afinal os genes missionários estão assegurados.Assim como o analfabetismo matemático.Que os que emprestam a massa não descuidam...
ResponderEliminarSerá que a tão afamada e contestada diáspora lusitana, culmina agora, com a qhegada desta imensidão de gentes ao graaande coração português?
ResponderEliminarE... quem pagará a factura inerente a tanto altruísmo?
E... depois de receberem, gratuitamente toda a instrução e formação... continuarão os legítimos filhos lusos a verem-se na necessidade de saír do país, para conseguir empregos nos países estrangeiros?
Instrução e formação gratuita? Será? Estamos a falar em bolsas de estudo? Mesmo com bolsas de estudo, há sempre algo a pagar no estrangeiro... nada é “de borla” hoje em dia. Pelo menos é esta a minha experiência.
ResponderEliminarCara Susana Toscano,
ResponderEliminarPermita-me um minuto de sinceridade.
Apesar de toda a boa vontade, não acha que tal missão é simplesmente impossível?
Tal como as empresas fizeram há longos anos, julgo que a segmentação do mercado neste sector é uma necessidade evidente. Esse caminho foi, aliás, feito por países como a Alemanha e com o sucesso que todos conhecemos.
Enquanto não percebermos que temos que recentrar a missão da escola naquilo que sabe fazer bem, segmentar o mercado (as chamadas escolas industriais, comerciais, liceus,...), fazer o outsourcing de todas as actividades que não fazem parte do seu core business, criar um sistema de exames exigente e rigoroso em, pelo menos, todos os ciclos de ensino e em todas as disciplinas, acabar com o eduquês, terminar com os cursos superiores via ensino (seja lá o que isso for), entre outras pequenas coisas, continuaremos a ter a melhor escola pública do mundo... no papel! E a nossa economia continuará a definhar.
Continuaremos, ainda, a ser o tal povo, com o tal enorme coração apesar da desorganização evidente e dos sonhos inalcançáveis fazerem parte das leis desta república e dos nossos genes.
Cara Susana Toscano,
Por considerar que numa escola como a apresentada no seu post, nenhuma missão pode ser cumprida com verdadeiro sucesso, eu nunca matricularia nenhum dos meus petizes nesse sonho inalcançável.
Prefiro uma escola com uma missão muito bem definida, com objectivos muito claros e de fácil medição e com o mercado claramente definido e identificado. Julgo que qualquer organização só assim pode funcionar.
Caro Bartolomeu, não creio que fosse possível ou desejável fechar as portas a quem quer vir para cá, sendo certo que não há generosidade nenhuma nestas coisas, há necessidades e interesses mútuos. Assim sendo, a única solução - de que resultará também um benefício mútuo - é acolher e integrar estes jovens e as suas famílias, dar-lhes as condições e os meios de progredirem e se sentirem portugueses, ao menos enquanto cá estão e se cá ficarem, integrados e felizes, podemos dar-nos todos por muito satisfeitos. Não é altruímo, é dever e direito, podemos fazer as coisas mal ou bem, se fizermos bem, como eu vi que está a ser feito, a factura será largamente retribuída, seja aqui, seja num mundo que beneficiou de jovens educados e que foram acarinhados. E tenho a certeza de que também acredita nisto e de que teria gostado de ver a escola como eu gostei. E senti muito orgulho, um sentimento que nos desabituámos de sentir, o que é uma pena.Caro Bartolomeu, não creio que fosse possível ou desejável fechar as portas a quem quer vir para cá, sendo certo que não há generosidade nenhuma nestas coisas, há necessidades e interesses mútuos. Assim sendo, a única solução - de que resultará também um benefício mútuo - é acolher e integrar estes jovens e as suas famílias, dar-lhes as condições e os meios de progredirem e se sentirem portugueses, ao menos enquanto cá estão e se cá ficarem, integrados e felizes, podemos dar-nos todos por muito satisfeitos. Não é altruímo, é dever e direito, podemos fazer as coisas mal ou bem, se fizermos bem, como eu vi que está a ser feito, a factura será largamente retribuída, seja aqui, seja num mundo que beneficiou de jovens educados e que foram acarinhados. Se fizermos mal, ou pouco, talvez se gaste menos dinheiro mas sai mais caro.E tenho a certeza de que também acredita nisto e de que teria gostado de ver a escola como eu gostei. Eu senti muito orgulho, um sentimento que nos desabituámos de sentir, o que é uma pena.
ResponderEliminarCatarina, claro que nada é de borla, o que acrescenta custa dinheiro, a questão está em sabermos gastá-lo…
Caro Fartinho da Silva, compreendo o seu desabafo, mas com a mesma sinceridade lhe digo que o facto de podermos melhorar muito não nos deve impedir de reconhecer o que consegue ter êxito. É um exemplo, um caso isolado? Não é, e isso prova que não é impossível. Não podemos estar sempre a desistir de tudo, a desprezar o que conseguimos fazer só porque não está tudo bem feito ou é preciso mudar muita coisa. É certo que podíamos estar muito melhor, que temos que melhorar muito, sem dúvida, mas temos que ir trabalhando sobre a realidade em vez de decidir que nada se aproveita e que tudo o que fazemos é uma gota de água. Para muitos daqueles alunos a sua vida mudou e se souberem aproveitar vai melhorar muito as suas perspectivas. Reconhecê-lo não nos impede de ver o que está mal, os bons exemplos até nos deviam ajudar a andar mais depressa. E provam que é possível, se quisermos.
Drª Suzana Toscano, agradeço a a tenção que lhe mereceu o meu comentário, assim como o cuidado em lhe responder.
ResponderEliminarSim, compreendo o alcance do sentido que pretende atinjir e, compreendo ainda o orgulho que sente, ao verificar que o seu país, o nosso país, acolhe com dignidade e grandeza de alma, estranjeiros que optam por aqui trabalhar, viver e, quem sabe, radicar-se.
Tudo isto é fácilmente entendível, enquadrável, na nossa história e na nossa personalidade como povo acolhedor, e missionário que fomos.
Mas, nestas matérias sociais, sou mais cartesiano e pragmático, só consigo ver e entender algo, enquadrado na conjuntura politico-social. Porque é nesta conjuntura e, desta conjuntura que a nossa vida, a vida do nosso povo, as realidades e as dificuldades que o atormentam e o limitam, se definem.
Daí, cara Drª Suzana, a minha réplica e a minha constatação.