O comportamento dos seres humanos tem muito que se lhe diga. Gosto de o analisar e ver do que são capazes. Quando ocorre entre nós uma catástrofe, seja ela natural ou não, a solidariedade instala-se rapidamente revelando um altruísmo louvável de entreajuda. Compreensível, porque podemos vir a ser as próximas vítimas. São múltiplos os exemplos desta natureza a que os portugueses não se têm furtado. Ainda bem, porque é sinal de que em última análise podemos contar com a cooperação dos nossos concidadãos. Então, se é assim, como explicar o reverso deste comportamento, em que a violência e o ódio são mais do que evidentes? Serão os mesmos? Ou seja, os que contribuem com o seu auxílio em caso de tragédia são os mesmos que manifestam tão preocupante agressividade? Não sei se deverá ser considerada como uma mera pergunta de retórica. Às tantas não deverão ser os mesmos. E se forem? Mas onde fui buscar esta ideia de que as pessoas podem ser solidárias em certos momentos e agressivas noutros?
Quando vejo certos eventos desportivos fico de boca aberta com os relatos e atitudes de muitos adeptos. Violência física, psicológica e verbal passa a ser uma constante. Nota-se uma necessidade de humilhar, de ofender, de provocar e de gritar falsas superioridades, uivando expressões e faiscando maneiras de uma combatividade terrível como se tivessem aberto alçapões de raiva contida.
Na altura em que os “maiores” se confrontam, então é mais do que certo que muitos, digo muitos e não alguns, revelam o que são, uns perfeitos imbecis desejosos de descarregar bílis negra. A situação é particularmente grave ao ponto de serem mobilizados importantes efetivos policiais para conter hordas de selvagens que, à sombra dos acontecimentos desportivos, sentem que podem exteriorizar o que lhes vai nos cérebros primitivos. Formas ejaculatórias de agressividade. Neste capítulo, os meios de comunicação social gostam de lançar gasolina no fogo ao relatarem de forma excessiva, e pouco compreensível, alguns eventos, dando-lhes a aparência de verdadeiras batalhas de uma guerra sem fim. Ainda me recordo de um selecionador nacional falar de jogos “mata-mata”. Simbólico, mas revelador de uma transferência das velhas batalhas para os estádios. Para muitos não interessa como ganhar, o que interessa é derrotar o “inimigo” não o opositor, humilhá-lo, levá-lo a dobrar o joelho. Neste capítulo deixam de ser cidadãos normais, comportam-se como verdadeiros soldados de religiões inimigas. Cegos, mesmo cegos, só lhes interessa “matar-matar”.
As televisões e os jornais deveriam baixar o interesse para níveis aceitáveis e deixar de transmitir as declarações infelizes, inoportunas, embaraçosas e estúpidas que, por sua vez, alimentam outros fanáticos, numa espiral de violência com consequências que podem ser terríveis. Eu sou deste clube, eu sou de outro, o meu é melhor, o meu clube é que é, eu faço tudo pelo meu, e eu até dava a própria vida. A partir daqui é fácil enveredar para a irracionalidade comportamental, chegando alguns adeptos, por exemplo, a registarem como sócios os filhos ao nascer como se fossem animais sacrificados a um qualquer deus. Uma excentricidade que pode originar lunáticos no futuro, como é fácil de ver.
Estas condutas revelam facetas zoológicas primitivas prontas a dispararem para outras áreas. Espero que não ocorram. Mas nunca se sabe.
A natureza humana não é domesticável, por mais que queiramos, pode ser acalmada durante algum tempo, mas quando as circunstâncias se agravam, apelando à irracionalidade reptiliana, então é de esperar a repetição de fenómenos que já marcaram a alma e o corpo de muitos seres humanos. Resta a esperança da solidariedade humana quando as catástrofes se instalarem. Só não sei se serão os mesmos seres humanos...
Quando vejo certos eventos desportivos fico de boca aberta com os relatos e atitudes de muitos adeptos. Violência física, psicológica e verbal passa a ser uma constante. Nota-se uma necessidade de humilhar, de ofender, de provocar e de gritar falsas superioridades, uivando expressões e faiscando maneiras de uma combatividade terrível como se tivessem aberto alçapões de raiva contida.
Na altura em que os “maiores” se confrontam, então é mais do que certo que muitos, digo muitos e não alguns, revelam o que são, uns perfeitos imbecis desejosos de descarregar bílis negra. A situação é particularmente grave ao ponto de serem mobilizados importantes efetivos policiais para conter hordas de selvagens que, à sombra dos acontecimentos desportivos, sentem que podem exteriorizar o que lhes vai nos cérebros primitivos. Formas ejaculatórias de agressividade. Neste capítulo, os meios de comunicação social gostam de lançar gasolina no fogo ao relatarem de forma excessiva, e pouco compreensível, alguns eventos, dando-lhes a aparência de verdadeiras batalhas de uma guerra sem fim. Ainda me recordo de um selecionador nacional falar de jogos “mata-mata”. Simbólico, mas revelador de uma transferência das velhas batalhas para os estádios. Para muitos não interessa como ganhar, o que interessa é derrotar o “inimigo” não o opositor, humilhá-lo, levá-lo a dobrar o joelho. Neste capítulo deixam de ser cidadãos normais, comportam-se como verdadeiros soldados de religiões inimigas. Cegos, mesmo cegos, só lhes interessa “matar-matar”.
As televisões e os jornais deveriam baixar o interesse para níveis aceitáveis e deixar de transmitir as declarações infelizes, inoportunas, embaraçosas e estúpidas que, por sua vez, alimentam outros fanáticos, numa espiral de violência com consequências que podem ser terríveis. Eu sou deste clube, eu sou de outro, o meu é melhor, o meu clube é que é, eu faço tudo pelo meu, e eu até dava a própria vida. A partir daqui é fácil enveredar para a irracionalidade comportamental, chegando alguns adeptos, por exemplo, a registarem como sócios os filhos ao nascer como se fossem animais sacrificados a um qualquer deus. Uma excentricidade que pode originar lunáticos no futuro, como é fácil de ver.
Estas condutas revelam facetas zoológicas primitivas prontas a dispararem para outras áreas. Espero que não ocorram. Mas nunca se sabe.
A natureza humana não é domesticável, por mais que queiramos, pode ser acalmada durante algum tempo, mas quando as circunstâncias se agravam, apelando à irracionalidade reptiliana, então é de esperar a repetição de fenómenos que já marcaram a alma e o corpo de muitos seres humanos. Resta a esperança da solidariedade humana quando as catástrofes se instalarem. Só não sei se serão os mesmos seres humanos...
Caro Prof, essa predisposição para a agressividade física e verbal não terá a ver com baixos teores de serotonina, prevalente nos adeptos de futebol por razões que ainda se desconhece? .... : )
ResponderEliminarA formação, a educação, a forma como uma pessoa foi criada pode reprimir estes impulsos até certo ponto... mas quando as condições são propícias, as frágeis estratégias de controlo indicivual desaparecem...
Indicivual leia-se individual (qual será explicação para este erro?)
ResponderEliminarhá um nada que faz os reis e os vagabundos, podendo até dar-se o caso, de o útero lhes ser comum.
ResponderEliminarBartolomeu
ResponderEliminarSublime. A sua frase é de registar!!!
Acho uma óptima sugestão, caro Prof.
ResponderEliminarEssas mangueiradas de serotonina teriam que ser rigorosamente doseadas, de contrário em vez de “fazer guerra”, esses adeptos ferrenhos do futebol [um exemplo apenas de entre os vários grupos de risco!...] às tantas até poderiam começar a fazer... outra coisa qualquer... : )
Agradeço-lhe a atenção dispensada ao meu comentário, Senhor Professor Massano Cardoso.
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