Em matéria de educação, estes últimos dias foram verdadeiramente excitantes. Se o Ministério decretou que os alunos com mais de 15 anos reprovados no 8º ano vão poder de imediato fazer exame do ano seguinte, algo que é vedado a quem transita de ano, a Parque Escolar não lhe ficou atrás e anunciou a sua portentosa visão sobre o ensino, que está já a implantar na renovação das escolas. Deixo-lhes aqui o essencial dessa formidável visão.
Logo, e em primeiro lugar, a visão estabelece uma escola descentrada da sala de aula, em que os alunos se espalham por espaços informais, com os seus computadores portáteis, cruzando-se com os professores na biblioteca e discutindo…
As salas de aulas são pois um aborrecimento, deixam de ser o centro e ficam na periferia. É o primeiro passo: na visão seguinte serão, com certeza, eliminadas. Pois uma Escola tem mais que fazer do que manter salas de aulas.
Em segundo lugar, a visão propõe uma escola com espaços mais informais, uma “learningstreet”, locais para pequenas exposições de trabalhos e, acima de tudo, uma biblioteca, que passa a assumir um lugar central, com jornais, revistas, computadores, Internet…
Vejo que a “learningstreet” tem vários estabelecimentos, mas não vejo salas de aulas. Passa a aprender-se na rua, como no tempo de Sócrates. Não este, mas o da cicuta….
Em terceiro lugar, a visão propõe uma ideia: "a ideia é levar a escola para fora dos seus limites físicos, trazendo para dentro as pessoas de fora…". Assim, “a rua, com a sua biblioteca, pavilhões gimnodesportivos e salas polivalentes será aberta à comunidade. E os pavilhões gimnodesportivos e salas polivalentes podem ser cedidos ou alugados pela escola, para ter fontes de rendimento alternativas…”
Temos que concordar: uma escola pública e para toda a gente. Os alunos irão lá se couberem. E os equipamentos podem ser alugados à hora e à peça!... E em Junho haverá até sardinha assada.
Em quarto lugar, a visão propõe um novo conceito de ensino centrado no trabalho corporativo, em vez de centrado no aluno.
Claro, pois se o aluno passa por definição, para quê trabalhar com o aluno...
Coerência total entre o Ministério e a Parque Escolar. Ora assim é que é uma escola!...
Logo, e em primeiro lugar, a visão estabelece uma escola descentrada da sala de aula, em que os alunos se espalham por espaços informais, com os seus computadores portáteis, cruzando-se com os professores na biblioteca e discutindo…
As salas de aulas são pois um aborrecimento, deixam de ser o centro e ficam na periferia. É o primeiro passo: na visão seguinte serão, com certeza, eliminadas. Pois uma Escola tem mais que fazer do que manter salas de aulas.
Em segundo lugar, a visão propõe uma escola com espaços mais informais, uma “learningstreet”, locais para pequenas exposições de trabalhos e, acima de tudo, uma biblioteca, que passa a assumir um lugar central, com jornais, revistas, computadores, Internet…
Vejo que a “learningstreet” tem vários estabelecimentos, mas não vejo salas de aulas. Passa a aprender-se na rua, como no tempo de Sócrates. Não este, mas o da cicuta….
Em terceiro lugar, a visão propõe uma ideia: "a ideia é levar a escola para fora dos seus limites físicos, trazendo para dentro as pessoas de fora…". Assim, “a rua, com a sua biblioteca, pavilhões gimnodesportivos e salas polivalentes será aberta à comunidade. E os pavilhões gimnodesportivos e salas polivalentes podem ser cedidos ou alugados pela escola, para ter fontes de rendimento alternativas…”
Temos que concordar: uma escola pública e para toda a gente. Os alunos irão lá se couberem. E os equipamentos podem ser alugados à hora e à peça!... E em Junho haverá até sardinha assada.
Em quarto lugar, a visão propõe um novo conceito de ensino centrado no trabalho corporativo, em vez de centrado no aluno.
Claro, pois se o aluno passa por definição, para quê trabalhar com o aluno...
Coerência total entre o Ministério e a Parque Escolar. Ora assim é que é uma escola!...
Esta "learningstreet", para ser ainda mais real e orientada para as verdadeiras necessidades de um ensino exigente e formativo, deveria estar equipada com espaços para vendedores ambulantes de pipocas, hamburgers, gelados, batata frita, guarda-chuvas, etc, etc.
ResponderEliminarSerá que este aspecto essencial foi omitido? Se assim sucedeu, a criatividade deste Ministério está muito pobre...
São duas coisas diferentes, caro Pinho Cardão.
ResponderEliminarA primeira é para reduzir custos e eliminar problemas. Não está à espera que agora um professor vá perder tempo a ensinar alunos com problemas, pois não? Eles que venham de casa ensinados...
A segunda é "bulshit" de arquitecto. Significa que as obras ficaram mais caras que aquilo que se previa.
Estas inovações, realizadas com o dinheiro dos outros e para os filhos dos outros são sempre espectaculares....!
ResponderEliminarSe esta visão não der resultado, se o rendimento escolar continuar a ser baixo, se se verificar uma dificuldade de adaptação por parte dos alunos, quem é que vai ser culpabilizado? O professor ou a professora, pois claro, porque “reagiu” mal à nova visão e, quem sabe, porque houve da parte dele/dela um desacato à autoridade... autoridade esta que o aluno representa...
ResponderEliminarPobre país que tão fraca gente tens em lugares de responsabilidade. E, sobretudo, pobres, pobres desgraçados e infelizes, sem culpa, que têm hoje 12-15-18 anos. Sairão analfabetos das escolas e terão à sua espera um país onde ninguém irá querer investir por saber que a qualidade da educação é deploravel.
ResponderEliminarÉ triste ver como se hipoteca o futuro dum país, como se desbarata totalmente uma geração inteira. E é ainda mais triste ver que aparentemente o povo não está nada preocupado com isso.
Que triste é ver tudo isso...
Com o tipo de gente que abunda neste pedaço de território, o resultado só poderá ser um: desastre.
ResponderEliminarJá agora, que tipo de escolas frequentam os filhos dos ministros/secretários de estado/deputados? Era interessante fazer uma análise para perceber qual a confiança que a classe "dirigente" tem no Ensino Público...
Mais interessante seria fazer a sondagem da percentagem de filhos de professores do ensino público que frequentam o ensino público. Se ultrapassar os 20%...
ResponderEliminarCaro Tonibler,
ResponderEliminarPela primeira vez, concordo consigo neste dossier.
Concordo quando afirma que talvez fosse bom fazer uma sondagem aos professores para conhecermos onde os mesmos matriculam os seus filhos. Tenho pena é que não perceba, ou não queira perceber, que uma boa parte dos professores fazem isso, porque sabem que a "escola" pública é uma enorme farsa e que não vale a pena lutarem contra o todo poderoso Ministério da "Educação", o poderosíssimo lobby das Ciências da Educação e o facilitismo que uma boa parte dos pais exige às "escolas" (como D. Quixote de La Mancha contra os moinhos de vento).
É, obviamente, uma guerra perdida, basta ver como tanta gente aplaudiu a antiga "Ministra" da "Educação" quando esta e o Primeiro Ministro escolheram os professores como bombos da festa, retirando-lhes o pouco de autoridade que ainda possuíam. Eu até aqui denunciei o facto de os socialistas que nos desgovernam terem criado um sistema comunista com o qual pagam o mesmo a educadores de infância, professores do 1º ciclo, do 2º e dos 3º e secundário (sem desprimor, como é óbvio). Talvez muitos opinion makers do ensino superior acordassem se os socialistas lhes atribuíssem, também, o mesmo salário... de um professor do 1º ciclo (sem desprimor, como é óbvio)!!
Se não percebe isto, apesar de tudo aquilo que por aqui se tem escrito, que podem os professores fazer? É como dizem os professores que ainda dizem qualquer coisa contra o status quo: "Não vale a pena lutar, ninguém quer saber! Talvez quando isto der um estoiro!!".
Caro Fartinho,
ResponderEliminarPor isso o primeiro passo será eliminar o quadro de professores, passar a ter uma rede de escolas e as escolas que resolvam os problemas e entreguem educação.
Caro Fartinho,
ResponderEliminarEssa situação dos salários revela bem o grau de indigência que grassa nas mentes absolutamente medíocres do ME: para essa gente é igual (i.e. tem o mesmo valor) estarmos a preparar alunos do Secundário para aceder ao Ensino (dito) Superior do que tomar conta de crianças (um educador de infância basicamente faz uns jogos e umas brincadeiras com os meninos, sem desprimor, claro!).
Como o Conhecimento (o verdadeiro, não estou a falar de manhosices do estilo das Ciências da Educação) é visto por essa gente como algo descartável e inútil (uma herança opressora e bafienta, de outras épocas menos "modernas"), é natural que um educador de crianças seja equiparado, em termos de salário, a um professor de Física do 12º...
Como concordo consigo, Caro Ruben Correia! Explicou de forma clara o cerne da questão.
ResponderEliminarÉ engraçado que eu próprio ouvi um não sei do quê do Ministério da "Educação" (julgo que inspector), a propósito de a escola ter chumbado um aluno com 8 negativas, que não conseguíamos perceber que o importante é que o aluno se sinta bem na escola e que condenar um aluno ao insucesso é algo completamente irresponsável, ultrapassado e bafiento, do tempo da outra senhora. Enfim...!
Ao menos a escola teve a coragem de não enganar o aluno e respectiva família sobre o trabalho do aluno nesse ano lectivo. Ao que sei, no ano seguinte o aluno conseguiu aproveitamento a quase todas as disciplinas, graças a ter aumentado o seu nível de responsabilidade. Quem fez mais pelo aluno? A escola, ou o Ministério?
Caro Tonibler,
ResponderEliminarIsso é assim no Ensino Superior e... bom, se calhar é melhor não falar nisso... ou quer que comece a explicar o que por lá se passa?