Quando foram descobertos os primeiros antibióticos pensou-se que em breve seria possível combater qualquer doença infetocontagiosa. Durante muitos decénios foram produzidos e descobertos muitos produtos com esse fim. Mas ao fim de algum tempo verificou-se que as coisas não seriam tão lineares como isso, porque as bactérias aprenderam a sobreviver à agressão humana com uma “inteligência” fora de comum e revelando “solidariedade” entre espécies ao passar os genes da resistência entre elas. Hoje, a resistência bacteriana é uma realidade preocupante, não obstante os inúmeros antibióticos ao nosso dispor.
Uma notícia recente sobre este assunto, resistência aos antibióticos, alerta para uma situação muito grave, porque o gene em questão confere, praticamente, resistência à quase totalidade dos antibióticos.
Face à crescente população idosa, e pessoas com problemas imunitários, é fácil de prever as consequências, a não ser que se consiga produzir novas moléculas.O que podemos retirar desta ameaça é que o homem, apesar do seu poder sobre as outras espécies, ao ponto de as exterminar, é impotente para travar, controlar ou eliminar as que não consegue ver e que são a base da vida planetária. Não sei se houve ou não intenção neste tipo de relacionamento, entre o homem e a vida microscópica. Este microcosmos moldou-nos, e de que maneira. A nossa fisiologia, evolução e existência são frutos do seu determinismo. Diz-nos o livro sagrado que as diferentes espécies foram criadas para servir o homem, criado à semelhança de Deus. Não sei, mas o que é certo são as ausências de referências às espécies microbianas, ricas, variadas e potencialmente potentes para originar e condicionar a vida dos demais. Nas suas mensagens, Deus, seja qual for a religião, omitiu este mundo. Às tantas fê-lo de propósito, ou, então, estaria cansado quando deu por terminada a criação do mundo. Uma distração que nos pode sair cara, ou talvez não, porque perante ameaças deste género, o homem tem de resolver o problema, lançando mão da sua inteligência e criatividade. Mas que é preocupante, lá isso é...
Caro Professor Massano Cardoso
ResponderEliminarLi hoje uma notícia que dava conta que os "antibióticos têm os dias contados". Antes de começar a ler, disse cá para mim "mas é uma boa notícia". Depois percebi que os antibióticos têm que acabar porque já não nos defendem das bactérias.
Mas a notícia é algo estranha, porque, por um lado, diz que os laboratórios não investem em novos antibióticos porque os estudos são caros e é difícil recuperar o investimento, mas, por outro lado, diz que nos teremos que concentrar na descoberta de antibióticos mais agressivos.
Fiquei sem perceber se vamos ou não a tempo de ter medicamentos mais eficazes para combater as bactérias que estão cada vez mais resistentes. Estes "bichos" se não encontrarem "quem" lhes faça frente irão, presumo eu, matar ainda mais. Ora, isto não parece ser possível face às conquistas da medicina!
O "livro sagrado" a que se refere foi escrito por homens e estes, na altura, não tinham qualquer conhecimento da existência de espécies microbianas, daí a ausência. No entanto, mesmo para um não crente como eu, a ausência de referência não implica a exclusão. Não acredito que as diferentes espécies tenham sido criadas por qualquer deus e muito menos "para servir o homem" (porque diabo o corrector ortográfico implica com a palavra "deus" escrita com minúscula, mas não se incomoda com o mesmo para "homem" quando nos referimos à espécie humana, o Homo sapiens?), mas parece-me que tanto entre os animais pluricelulares macroscópicos como entre os micróbios existem muitos úteis ao Homem e outros inúteis ou mesmo perigosos. Não vejo, portanto, diferença.
ResponderEliminarSegundo muitos biólogos a espécie dominante no planeta não é o homem, nem os mamíferos, mas sim a fauna microbiana.
ResponderEliminarÉ a biomassa mais abundante, sem ela não poderiam sobreviver todos os restantes seres vivos, e se todas as outras espécies desaparecessem os microbios continuariam a existir.